terça-feira, 27 de novembro de 2012

M561 - Porque não morri?! O último grande combate. 2º Capítulo. Um conto de Victor Cerqueira.




NOTA: Os autores deste excelente e histórico conto "Porque não morri?! O último grande combate", Victor Cerqueira, oferecem a quem o quiser ler, gratuitamente com uma úncia e facultativa condição, que a seguir reproduzimos. 

A narração divide-se em 6 capítulos, que vamos publicar durante esta e a próxima semana, e nesta mensagem apresentamos o 2º Capítulo. 

Diz o autor - Vitor Cerqueira:

"... tenho uma proposta a fazer-lhe: se considera que valeu a pena ler e que pode interessar a outros divulgue o conto pela mesma via que o recebeu, ou outra, se não gostou, deite fora. 

Participe na experiência da possibilidade dos autores se”livrarem” das editoras. 

Pague pela leitura deste conto entre ZERO e cinco páginas caso tenha, ou não, gostado. E possa! 

Transfira para a conta da Caixa Geral de Depósitos 0120 009848600 Ou NIB – 003501200000984860084.

Aos autores apresentamos aqui o nosso abraço. 


PORQUE NÃO MORRI?! 

O ÚLTIMO GRANDE COMBATE 

TCHAZICA | MOÇAMBIQUE 

1974 

VICTOR CERQUEIRA 

2º CAPÍTULO

Os grupos especiais paraquedistas

GEP

Os grupos Especiais Pára-quedistas, GEP, foram fundados pelo General Kaúlza de Arriaga como uma tropa Moçambicana, formada preferencialmente por Moçambicanos e que tinha por trás a ideia de uma força militar para apoio de uma futura independência daquela Província. 

Esta preferência por Moçambicanos era, ou pretendia-se que fosse, algo de estruturante, e por isso foi sempre mal acolhida pela Metrópole daí as verbas destinadas a estas forças virem das “sobras” do Comando-chefe… 

Esteve sempre muito ligado a esta força especial o Engenheiro Jorge Jardim e era aliás, cognominada quanto a Lopes da Gama mal, pelos detractores locais e nacionais da ideia, “pela tropa do Jardim” e, por outro lado, pela Frelimo de mercenários. 

De facto esta tropa era mais bem remunerada do que a tropa normal e até das diferentes tropas especiais. Mas esta ligação que de facto existia, sobretudo em termos de concepção, fundamentação ideológica e filosofia, dava-lhe a matriz de tropa Moçambicana para um futuro relativamente próximo, de total independência de Moçambique. 

Se ligarmos os GEP aos GE (Grupos Especiais) mais esta matriz se acentuava. 

A concepção destas forças especiais tinha como base princípios simples, ou seja: autonomia, enorme capacidade de sobrevivência com poucos meios e, por isso grande mobilidade e operacionalidade. 

E barata. 

Expliquemos: cada grupo era composto por oitenta homens, um Alferes e quatro Furriéis (na concepção original seriam cinco, um para apoio directo ao Alferes mas nunca se concretizou) divididos em quatro subgrupos de vinte homens. Os subgrupos eram comandados pelos furriéis e cada um destes subgrupos tinha uma equipa a que se chamava equipa de comando que era composto por um homem do morteiro sessenta, o homem da metralhadora mais pesada normalmente a HK21, o homem do rádio (racal) e o enfermeiro, todos cabos e comandados por um cabo. Depois mais três equipas de cinco homens também comandadas por cabos. 

Esta pequena força, como se pode ver tinha uma larga capacidade de poder de fogo, mobilidade e por isso intervenção. 

E, dada a natureza e origem dos seus homens, os GEPs podiam estar em operação, vários dias sem grandes preocupações de reabastecimento alimentar. 

O primeiro comandante dos Grupos Especiais Pára-quedistas foi o Coronel Pára-quedista Costa Campos, um dos oficiais mais condecorados das forças Armadas por acções em combate e, aquando da atribuição deste comando, o mais jovem Coronel das Forças Armadas Portuguesas. 

A má-língua que nos é tradicional, dizia aliás, que ele só tinha aceitado preparar esta força exactamente para ser promovido… 

A preparação militar era administrada por Sargentos e Oficiais Pára-quedistas profissionais, todos eles com larga experiência operacional em diferentes teatros de guerra e com folhas de serviço impressionantes. A escolha foi tão criteriosa que se costumava dizer que tinham o dedo do comandante. O dedo e a confiança. 

Alguns destes instrutores, depois de ministrar a preparação integravam os próprios grupos e foi assim sobretudo nos primeiros dois grupos, o 001 e o 002, embora esta filosofia fosse dentro do possível mantida ao longo da história desta tropa de elite, isto é os Furriéis e Alferes ministravam a preparação inicial dos seus próprios homens. Os Oficias e Sargentos “Paras” profissionais normalmente ficavam-se pela instrução. 

Os primeiros soldados, que dariam origem ao 001, 002, 003 e suponho 004, tinham uma origem muito diversificada, sendo no entanto a maioria do norte com preponderância das etnias Macua e Maconde, que se foi alargando a quase todas a etnias de Moçambique. 

Um aspecto muito importante a salientar é que muitos deles, alguns graduados em Furriéis, eram quadros e ex guerrilheiros da FRELIMO. 

Penso aliás, que existiam em quase todos os grupos, no 006 eram seis entre soldados e cabos. 

O Centro de Instruções de Grupos Especiais (CIGE) foi sediado no Dondo, pequena Vila a cerca de trinta quilómetros da Beira. Aproveitaram um antigo quartel que tinha sido desactivado e que estava em muito mal estado, mas que foi sendo recuperado pouco a pouco. 

Como o Quartel estava no centro da Vila e era pequeno, aproveitava-se para a Parada o enorme largo central da mesma. O que acabava por se transformar num autêntico espectáculo com uma certa beleza, porque não só se fazia as praxes normais, apresentação dos Grupos, recepção dos mesmos quando vinham do mato, etc. etc., como se fazia a preparação física e de ordem unida. Era um espectáculo. 

Esta era a filosofia que estava na génese da formação destas tropas de elite e que era coerente com a nova estratégia do Comandante-Chefe das Forças Armadas de Moçambique numa cada vez maior africanização da guerra. 

A quando do envio para as zonas operacionais os GEPs ficavam dependentes do COFI (Comando Operacional das Forças de Intervenção) e adstritas em termos de logística a uma qualquer companhia que estivesse no local para onde eram mandados ou se não houvesse outras tropas seriam em termos logísticos autónomos. 

Já os GE iam para junto das suas populações, de onde eram originários (normalmente) e viviam com as suas famílias, participando nas operações julgadas convenientes pelos seus comandantes e pelas tropas locais, com grande sucesso, diga-se de passagem. Mas o Poder central em Lisboa, nunca foi muito favorável a esta tropa pois percebia qual o seu grande objectivo futuro e, como é claro, não lhe agradava. 

Desde sempre o Lopes da Gama e os outros quadros dos GEPs Moçambicanos percebiam e detectavam as tentativas de boicote, por vezes patéticas, de Lisboa. 

Começaram por mandar Alferes e Furriéis da Metrópole para o CIGE numa tentativa de que entrassem naquelas tropas especiais GE e GEPs. 

Ora, sendo aquela força totalmente voluntária, a grande maioria não queria entrar até porque percebiam que a instrução era bastante dura e que os riscos eram enormes. 

Aqueles que se ofereciam, rapidamente entravam no espírito da força e a sua integração era igual às dos Moçambicanos de origem. 

Por outro lado é preciso esclarecer que o RDM (regulamento de disciplina militar) era ignorado por estas tropas, eles, na sua maioria eram analfabetos, vinham do mato e estavam-se marimbando para regulamentos que não entendiam nem queriam entender. 

Cinco dias de cadeia para eles eram cinco dias de “rabo para o ar”. A disciplina e as regras eram ensinadas pelo exemplo, ou seja, por modelação. Os Oficiais e Sargentos – estes sim sujeitos ao RDM – não tinham hipótese nenhuma de receber respeito dos seus homens se não actuassem exemplarmente. Só assim os conquistavam e uma vez conquistados eram TOTALMENTE fiéis. 

Nos GEPs não havia falatórios, não havia comentários, não havia inconfidências, as coisas operacionais e disciplinares nasciam, desenvolviam-se e morriam no seio dos grupos. Nada mais! 

Ora esta situação aliada ao voluntariado afastava a grande maioria dos “enviados” da Metrópole. 

Por estas razões e mais outras aquela tropa não era para todos… 

De qualquer forma é preciso dizer que os poderes de Lisboa tinham sobretudo uma permanente preocupação contra os GEPs, mas também em relação aos GEs daí a permanente e progressiva alteração da filosofia base da formação daquelas tropas africanas. 

Estas alterações são relativamente fáceis de enquadrar no tempo. Vejamos; o General Kaúlza de Arriaga deixa o Comando-Chefe das Forças Armadas de Moçambique em Agosto de 1973, (é substituídos pelo General Bastos Machado) logo de seguida o Coronel Costa Campos deixa o Comando do CIGE e pede para passar à reserva. 

Não era fácil resistir aos boicotes permanentes vindos de dentro das estruturas militares e políticas sem o apoio do Comando-Chefe e o Coronel Costa Campos não estava para isso. 

E vem o Coronel Pinto Ferreira… 

Como foi dito anteriormente, este militar não sendo propriamente um operacional, também não era um oficial do “ar condicionado” ou seja, dos “Estados Maiores” ou dos “Quartéis-generais”. 

Vinha do Fingué onde comandava um batalhão. 

Com a vinda deste Oficial Superior deixava de haver resistências há alteração orgânica dos GEPs e GEs. Avançando assim para uma organização tradicional de infantaria que era aquela que aquele oficial conhecia e que dizia que era o que faziam as chamadas tropas pára-quedistas uma vez que nunca ou quase eram lançadas de avião e, por outro lado um pouco surpreendentemente também o Coronel Pinto Ferreira, tal como a FRELIMO, considerava os GEPs e GEs… mercenários. 
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NOTA IMPORTANTE: o Coronel Pinto Ferreira fez declarações que chocaram os militares que um dia serviram no CIGE e que aqui são transcritas sem comentários e que ajudará os leitores a perceber as alterações que estavam em curso naquela força especial.

Depois vim para baixo e, para mal dos meus pecados, fui escolhido para comandar o CIGE (Centro de Instrução de Grupos Especiais), que tinha os GEs, os chamados Grupos Especiais, e os GEPs, Grupos Especiais de Pára-quedistas, os únicos pára-quedistas negros do nosso Exército. De resto, nunca fazíamos operações com pára-quedistas – de resto, as nossas tropas de pára-quedistas em África foram sempre tropas normais de Infantaria, no terreno e não através de lançamentos por avião.

Estes homens GE’s GEP’s, etc., que lutavam connosco pode-se perguntar um bocadinho porque é que lutavam. A ideia lançada é que eles eram portugueses. Claro que não, eles eram totalmente mercenários. A qualquer negro, em qualquer dos sítios onde eu estive, a melhor coisa que se pode dar é uma bonita farda, é uma arma de fogo, ou uma mulher. Eles adoram isso! Eles estavam na tropa, nos Grupos Especiais, tinham um belíssimo ordenado para o que ganhavam normalmente.

In: Estudos Gerais da Arrábida – “A descolonização Portuguesa” | Painel dedicado a Moçambique (29 de Agosto 1995) 
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Depoimentos do general Duarte Silva, coronel José Pinto Ferreira, Nuno Bederode dos Santos. 

Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa | Arquivo de História Social 

Com a vinda dos Capitães, aquilo que se iria passar pela leitura do Lopes da Gama seria a progressiva substituição dos Alferes como comandantes dos grupos por Capitães, como se de companhias se tratasse e os Furriéis, por aqueles como se de vulgares pelotões se tratasse. 

Entretanto cada Capitão pretensamente, iria “coordenar” dois grupos o que poderia vir a fazer sentir aos grupos que estavam no terreno um maior afastamento da cadeia de comando. 

Na sua acção até ali o Lopes da Gama ainda não tinha tido intervenção de nenhum Capitão. 

Estava tudo ainda, parecia, a “apalpar o caminho”. 

No entanto o Lopes da Gama tinha uma ligação fortíssima com o Capitão Luís Fernandes que tinha sido seu Comandante no 005, e com os Capitães da fundação desta força militar que se pretendia diferente e especial. 

Não tinha problemas de… coordenação. 

Para os mais antigos não fazia nenhum sentido esta “evolução” que no entanto ficou pelo caminho porque entretanto se deu o 25 de Abril de 1974 em Portugal o que veio a alterar todos os pressupostos e as estratégias que eventualmente se tivessem programado. 

(Fim do 2º Capítulo. Continua brevemente)

domingo, 25 de novembro de 2012

M560 - Para que servem os militares?!




Para que servem os militares?!

Para aqueles que às vezes aparecem pondo em dúvida para que servem os militares (alguns mais burros e com obscuras intenções do que outros), o Presidente Obama deu a resposta.

Isto no país mais democrático do mundo!!!

"... É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, 
que podemos ter a religião que desejamos.

É graças aos soldados, e não aos jornalistas,
que temos liberdade de imprensa.

É graças aos soldados, e não aos poetas,
que podemos falar em público.

É graças aos soldados, e não aos professores,
que existe liberdade de ensino. 

É graças aos soldados, e não aos advogados,
que existe o direito a um julgamento justo. 

É graças aos soldados, e não aos políticos,
que podemos votar..."

BARACK OBAMA no MEMORIAL DAY

Dedicado Àqueles Que Perguntam:
“Para Que Servem Os Militares?”

E é justamente pelo fato de
os soldados portugueses haverem sido desacreditados
que este PAÍS vive mergulhado na anarquia,
governado por incontáveis seitas sem escrúpulos,
instalados nos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário.

M559 - Porque não morri?! O último grande combate. Capítulo 1. Um conto de Victor Cerqueira


NOTA: Os autores deste excelente e histórico conto "Porque não morri?! O último grande combate", Victor Cerqueira, oferecem a quem o quiser ler, gratuitamente com uma úncia e facultativa condição, que a seguir reproduzimos. 

A narração divide-se em 6 capítulos, que vamos publicar durante a próxima semana, e nesta mensagem apresentamos o 1º. 

Diz o autor - Vitor Cerqueira:

"... tenho uma proposta a fazer-lhe: se considera que valeu a pena ler e que pode interessar a outros divulgue o conto pela mesma via que o recebeu, ou outra, se não gostou, deite fora. 

Participe na experiência da possibilidade dos autores se”livrarem” das editoras. 

Pague pela leitura deste conto entre ZERO e cinco páginas caso tenha, ou não, gostado. E possa! 

Transfira para a conta da Caixa Geral de Depósitos 0120 009848600 Ou NIB – 003501200000984860084.

Aos autores apresentamos aqui o nosso abraço. 



PORQUE NÃO MORRI?! 
O ÚLTIMO GRANDE COMBATE 
TCHAZICA | MOÇAMBIQUE 
1974 
VICTOR CERQUEIRA 

Aviso ao leitor: 

Embora este conto tenha como base uma história verídica é uma obra de ficção. 

Este conto não foi escrito segundo o novo acordo ortográfico. 

O autor:
Ao Marco Chagas 
Quando te vi morto senti que também eu 
Tinha morrido. 
A rajada que te matou pelas costas 
Seria para mim? 
Sabes Marco que tendo dado a tua vida 
Em nome da dignidade de um País chamado 
Portugal 
O teu nome não está no memorial dos mortos da chamada guerra colonial? 
Sabes Marco 
Que te esqueceram e esqueceram todos os GEPs e GEs negros que morreram? 
Sabes Marco 
Eles não sabem que o mundo ficou muito mais pobre com a tua morte 
E eles, as elites, sejam intelectuais, professores, políticos, ficaram mais vazios na sua ignorância 
Mais pobres nos seus sentimentos em relação ao… outro 
Não sabem nada de nada 
Mas eu sei que espero e desejo estar contigo 
Muito mais do que com qualquer um deles 
Porque tu representas a CORAGEM a FRONTALIDADE a HONRA assente na LEALDADE 
Sabem lá eles o que isso é 
Sabem lá eles o que é a HONRA 
Sabem lá eles 
O que é perguntar 
PORQUE NÃO MORRI? 

Lopes da Gama 
Nov. 2012 

1º CAPÍTULO - O primeiro contacto 
2º CAPÍTULO - Os grupos especiais paraquedistas GEP 
3º CAPÍTULO - O segundo encontro 
4º CAPÍTULO - O encontro com o Comandante; Camarada Machesse 
5º CAPÍTULO - Lopes da Gama 
6º CAPÍTULO - A traição 

1º CAPÍTULO 
O primeiro contacto 

Como sempre o Alferes tinha acordado cedo. 

Por isso acabava por assistir ao recolher do último turno de guarda. Não por controlo, ele tinha total confiança nos seus homens, mas coincidia o seu acordar com o fim do turno. 

Naquele dia, o fim do turno tinha coincidido com a entrada da equipa que tinha estado em patrulha e a saída da outra equipa de patrulha. Este Alferes tinha sempre homens fora do destacamento, para ele a melhor defesa era o ataque. 

A disciplina daqueles homens era o seu orgulho, quem os viu e quem os via percebia que a evolução daquele GEP 006 tinha sido fantástica. 

Esta rendição tão madrugadora era contraditória com a sua própria prática operacional. 

Ele fazia o assalto às bases da Frelimo, quando era caso disso, exactamente ao amanhecer. 

Mas que soubesse, pela já sua larga experiencia, a Frelimo não fazia assaltos, fazia quanto muito ataques de longe, e, muito menos ao amanhecer. Além disso com tanta gente acordada não seria ali em Tchazica, que a Frelimo modificaria as suas tácticas… 

O Alferes Lopes da Gama gostava de assistir ao nascer do sol, e naquele sítio era de uma beleza particularmente gloriosa. Tchazica, situada junto ao grande rio Zambeze, a norte da Província de Manica e Sofala, e a poucos quilómetros da cidade de Tete, era um local particularmente belo! 

E ele estava ali por acaso, o Grupo estava dividido em duas partes, tendo ficado dois subgrupos em Massangano e os outros dois tinham vindo para Tchazica. O Comando do grupo ficaria naturalmente naquela localidade, relativamente perto, mas um dos seus Furriéis ia ser Pai e o Alferes tinha-o dispensado para ir a Lourenço Marques assistir ao nascimento e ele tinha ido para ali substitui-lo. 

O Zambeze fazia ali em Tchazica uma espécie de garganta, e por isso formava uma baía com uma praia extensa de areia branca, circundada de árvores. Perto, havia a encosta de um monte não muito alto, talvez uns cem metros de altura, mas bastante íngreme, coberto de capim que naquela altura estava totalmente verde, dando, por isso, a sensação de a encosta estar coberta de um tapete de relva, aqui e ali algumas árvores de pequeno porte. 

No cimo, uma floresta tipicamente africana. 

O militar já ali tinha passado em operações aquando da montagem do destacamento e do aldeamento do Massangano, que ficava a cerca de 50 quilómetros, e já nessa altura tinha ficado fascinado com a beleza do local, não podendo deixar de pensar no potencial turístico daquele sítio. 

Ali podia-se praticar desde motonáutica até alpinismo, passando por uma imensidão de outras actividades incluindo a caça grossa. 

Aquele militar nascido e criado em Moçambique, em Lourenço Marques, tinha ficado apaixonado pelo mato. Só lamentava que este conhecimento do mato profundo, tenha sido adquirido nesta situação dramática de guerra, depois de mais de trinta meses de combate, e com a escola que era a companhia dos seus homens, todos eles Moçambicanos negros, de várias etnias e que conheciam o mato como as palmas das suas mãos. 

Lembrava-se da sua primeira operação em que um dos homens lhe faz sinal para parar. Ele pára e pergunta porquê – tem gente, responde o soldado – Gente? Como sabes? - Cheira! 

Ficou estupefacto e só se perguntava; - Onde é que eu me fui meter? 

Uns tempos depois também ele já era capaz de sentir os diferentes cheiros do mato e diferenciá-los, descobrir os poços de água abertos pelos elefantes, separar as bostas sem a sujar… 

A paixão pelo mato foi tal que ele, inclusivamente, já tinha metido os “papéis” para ir trabalhar para Administração; como Oficial entraria logo como Administrador de posto. 

Era um desafio que o empolgava! 

Havia tanto para fazer e os Administradores tinham tanta autonomia, meios nem por isso, como sempre, mas ter autonomia para ele era fundamental e no regime em que se vivia, era como ter 

“ar puro”. 

Havia tantas injustiças a corrigir, havia tanto para fazer. Escolas, postos médicos, mercados… eu sei lá tanta, tanta coisa a construir. 

Mas agora com a revolução em Portugal o que é que se poderia esperar? 

Todos estes pensamentos vinham-lhe à cabeça naquela madrugada de 15 de Julho, como se de um filme se tratasse. 

Lopes da Gama estava em Lourenço Marques quando se deu a revolução em Portugal, na Metrópole, como se dizia. E, meio despido, em tronco nu, saiu para a rua à procura de informação. 

No seu coração e na sua cabeça só uma palavra era “gritada” INDEPENDÊNCIA! 

Moçambique ia ser finalmente independente, algo com que ele sonhava desde que se conhecia, e se aquela terra tinha condições para isso! Em meia dúzia de anos seria de facto independente política, económica e socialmente falando. 

Bastava ser razoavelmente bem governada. 

Mas as coisas não estavam a caminhar como ele sonhara. Naquele mesmo instante, negociadores Portugueses estavam em Lusaca a negociar os termos de um acordo com a Frelimo, ignorando a frente interna. 

Ele tinha no seu grupo seis soldados que tinham sido guerrilheiros da Frelimo, dois deles altamente qualificados com formação na União Soviética e na China. 

Havia que pensar naqueles homens, de salvaguardar a sua segurança e o seu futuro, e não lhe parecia que os negociadores tivessem sequer conhecimento da situação real de Moçambique, quanto mais destes casos. 

As coisas estavam a andar depressa demais, ao fim e ao cabo quinhentos anos eram cinco séculos de permanência. 

Cheirava-lhe a abandono, puro e simples… 

Sentia-se particularmente angustiado naquela manhã. Não sabia porquê, deu o seu mergulho no rio, não sem antes dar uns tiros para afastar os crocodilos que eram “mais do que as mães” naquele rio, e regressou ao destacamento a pé pelo meio do aldeamento que também começava a acordar, mas que, estranhamente, estava particularmente silencioso e deserto naquela manhã. 

- Meu Alferes…, meu Alferes…, gritavam quase histéricos enquanto corriam na sua direcção dois dos homens que tinham saído antes para a patrulha, a Frelimo…a Frelimo…, nem conseguiam falar…! 

- Calma o que é que se passa? Já a prever o pior, o 006 era um grupo particularmente infeliz. 

- A Frelimo… quatro homens armados levantou as armas e falaram connosco, querem falar com o nosso Alferes. O que fazemos? 

Deu um salto do banco pegou na G3, chamou o Marco Chagas e o James Bond que era o homem da HK21 e correu que nem um louco com os outros dois. 

Por instinto, corriam em linha, dedo no gatilho, sabia que o primeiro tiro teria que ser o dele, só depois os seus homens disparariam. Eles estavam treinados para isso. 

Cerca de duzentos, duzentos e cinquenta metros à frente, vê os seus homens numa posição defensiva, continuava a correr. Dentro de uma moita, levantam-se os guerrilheiros com as armas no ar aos gritos. 

A sua concentração era total! Dedo pronto a disparar, a aproximação rápida e em linha era-lhe favorável, a força e a determinação que aqueles homens transmitiam era avassaladora, aproximavam-se rapidamente da zona de tiro. 

Os guerrilheiros entraram em pânico total e gritavam qualquer coisa que ele não percebia o que era, sentia os seus homens a correr ao seu lado um passo atrás de si, arma encostada à anca, corpo ligeiramente dobrado para a frente, dedo no gatilho. 

Abrandou a corrida, até parar. Com a G3 na anca apontada, gritou! 

- Armas ao alto já! 

Elas já estavam mas foi o que saiu…! 

- Fernando recolher as armas! 

Entretanto os outros elementos da equipa já os tinham cercado sempre de armas apontadas. 

As armas foram retiradas e os guerrilheiros amarrados de imediato. Não pode deixar de pensar em como estavam eficientes os seus homens, agiam com uma rapidez, eficácia e segurança que ele ainda há relativamente pouco tempo atrás não acreditava ser possível, quando o Coronel Pinto Ferreira lhe tinha dado o comando do 006. 

Este acontecimento tinha feito com que ele “subisse pelas paredes a cima”, não acreditava de todo que seria possível transformar aquele bando armado numa máquina de guerra! 

E aí estava! 

Durante algum tempo ficou a olhar para eles, tremiam como varas verdes, dois dos guerrilheiros estavam todos cagádos e os outros dois mijados. Tal o susto! 

Dois deles eram ainda uns miúdos, outro, da idade do Alferes, para aí 22 anos, aquele que seria o chefe era bem mais velho, já bem entrado na casa dos trinta anos. 

O momento era de tensão total, o que fazer? 

Recordava-se perfeitamente que o primeiro passo tinha sido seu. 

Na “banja”, com a população do aldeamento, num impulso, tinha dito à população em geral e em particular ao Régulo, que sabia que eles tinham contacto com os guerrilheiros e que eu também queria falar com eles. 

Tudo isto depois de lhes dizer o que se tinha passado no “Puto” e do que se estava a passar em Lusaca. 

E agora? 

Começaram a falar, com um dos meus homens a servir de intérprete pois nenhum deles falava Português, cheiravam mal que se fartavam. O Alferes não pôde deixar de dar uma grande gargalhada, daquelas que ele dava e punha todos a rir contagiados, aliviando dessa forma o ambiente extremamente tenso. 

Com todos a rir o clima melhorou e a tensão diminuiu. 

Tinham recebido a mensagem e queriam falar com a tropa, não queriam lutar. 

O Alferes mandou desamarrá-los, para espanto dos seus homens. E foram para o destacamento. 

O resto dos soldados tinha entretanto montado a segurança, todos de arma em punho, colocados nos abrigos, para o que desse e viesse. 

Convidou-os a sentarem-se na sua mesa, dentro de uma palhota aberta no centro do destacamento. 

A segurança manteve-se, mas boa parte dos homens rodeavam-nos curiosos. 

Continuavam assustados. Mandou servir um café e pão com queijo, começaram a ganhar confiança e depois conversaram. 

O Lopes da Gama ficou desde logo surpreendido pelo conhecimento que tinham do golpe de Estado em Portugal. E também das perspectivas que esta situação poderia abrir para a evolução da situação política e militar em Moçambique. 

Também ficou a saber que estavam fartos de guerra. O mais velho, Joaquim, chefe daquele pequeno grupo, estava afastado da família há mais de oito anos e desde aí nada sabia deles. 

Tinha chegado a uma situação de total saturação e já nem sequer acreditava na luta, sentia-se abandonado, sem futuro, em suma…perdido. 

Olhava para aquele “muana” que estava à sua frente a comandar aquelas tropas frontalmente, com dignidade, sem quaisquer laivos de subserviência, embora estivesse todo mijado. 

O Lopes gostou dele, e, enquanto falava, os seus homens abanavam a cabeça de forma concordante. 

O Alferes ficou calado durante algum tempo, olhando para aqueles quatro homens que entretanto repetiam com gulodice o mata-bicho, não sentiu nenhuma espécie de raiva, muito menos de ódio. Eram Moçambicanos como ele. Simples agricultores a quem tinham retirado das suas vidas e das suas famílias, dado à pressão algumas ideias, metido uma arma na mão e lançados para a guerra. O Joaquim era do Niassa, mais dois dos seus companheiros, um distrito em que praticamente não havia guerra, restavam pequenas bolsas, que pouco faziam, tinha sido transferido via Malawi para Tete e ali estava. 

Farto! 

Olharam-se nos olhos durante uns segundos, o Lopes sentiu que tinha nascido entre eles uma certa empatia que não sabia explicar. E atirou a pergunta. 

- Se a guerra continuar tu entregas-te? 

Nem hesitou. 

- Eu e muitos outros, estamos fartos de morrer, de sofrer, de não ter comida, de não ter família, de não pagarem nada e dizerem que vão pagar, mas nunca dizem quando. É muita mentira junta para muito sofrimento. Para quê? 

Falou-lhe da sua família, das suas preocupações e de que gostaria de os encontrar de novo. 

Convida-o a almoçar com ele dois dias depois. Devolve-lhe as armas, para espanto do seu pessoal e despedem-se. 

Agora tinha de enfrentar o seu Comandante, que não era “pêra doce”. Se calhar, pensava ele, tinha dado um passo maior que a perna e estava metido num bom sarilho. Mas precisava de um tempo para ele, estava com uma angústia terrível, tinha o estômago no coração e este na boca. 

Tremia de excitação, mas precisava urgentemente de serenar antes de falar com o Comandante. 

E tinha ainda de fazer uma banja com o grupo, que estava também deveras inquieto e perplexo sem perceber muito bem o que se passava. 

Foi para a barraca, deitou-se na cama, mais propriamente no “burro” de campanha, fechou os olhos e tentou relaxar. A velocidade do seu pensamento era incrível. A sua vida decorria como se de um filme se tratasse na sua cabeça. Suava em bica e sentia-se deveras preocupado. 

Onde se tinha metido? 

E agora? 

Passado algum tempo, uma hora, duas horas? Não tinha consciência do tempo que tinha passado. 

Sabia que estava tudo no “ar”. O seu homem do rádio já teria transmitido por alto o que se estava a passar, estas comunicações percorriam distâncias enormes e não interessavam só aos GEPs. Outras tropas da região operavam no mesmo canal. 

Sentiu o clima de tensão e perplexidade no destacamento. O Lopes tinha uma especial sensibilidade para estas coisas… 

Quando saiu da barraca estava o cabo Marco Chagas, seu braço direito, uma espécie de guarda-costas e impedido, à sua espera com um café. Não disse nada mas nos seus olhos o Alferes percebeu que ele, como sempre, estava consigo e se ele estava o resto dos seus homens também estavam. Embora preocupados! Mas a confiança no “Alferes base” como o tinham alcunhado, alcunha que já vinha do 005, mantinha-se inalterável, era total! 

Reuniu o grupo e, claramente com toda a verdade, explicou aos seus companheiros o que se passava, as suas ideias e o que pensava seria o próximo passo. Os homens ouviram com atenção e total silêncio no fim perguntou: 

- O risco é muito grande e muito perigoso. O que pensam disto, estão comigo? 

Uma resposta simples e directa: 

- O meu Alferes é que sabe, nós acreditamos no meu Alferes, aquilo que fizer, nós estamos também. 

O Lopes respondeu com um… 

- Obrigado! 

Pegou na caneca e foi para o centro de comunicações em silêncio. 

- Leão zero chama Águia, Águia Leão zero escuto! 

A resposta foi imediata. 

- Leão zero, Alfa responde, como está? Vou já chamar Águia escuto. 

- O.K. escuto. 

Como calculara, toda a rede estava à espera. Sentia-se agora estranhamente calmo, sereno mesmo. 

Águia era nem mais nem menos, que o Coronel Pinto Ferreira, Comandante do CIGE (Centro de Instrução de Grupos especiais) onde eram formados os GE (Grupos especiais) e os GEP (Grupos Especiais Pára-quedistas). 

Comandante há menos de um ano, tinha vindo substituir o Coronel Pára-quedista Costa Campos, que tinha sido o Coronel mais novo do País, com uma folha de serviços operacionais impressionante. 

Era de facto um operacional, que estava sempre perto dos seus homens nas situações mais difíceis, o que naturalmente lhe granjeava um prestígio e uma respeitabilidade enorme junto de todos os homens. Ele era um operacional e um exemplo! 

O Lopes lembrava-se muito bem, quando ainda no 005, de um assalto a uma base em que tinham sido emboscados com rajadas da daktareve, uma metralhadora ligeira do tipo da MG com uma cadência de tiro idêntica mas muito mais leve, que tinham passado muito perto das cabeças dos seus homens. 

A base situada na região do kalombo Lombo, um rio que definia a fronteira com a Rodésia, era enorme, seria sem dúvida uma base de recolha e distribuição de armas e logística da Frelimo e/ou da Zanu ou outro grupo de turras que combatia o regime Rodesiano. 

Ao ser comunicada a detecção e a ocupação da base e perante a surpresa do seu tamanho, antes de ser destruída o Coronel Costa Campos aparece num helicóptero, só um, acompanhado do comandante do Guro. Desce do hélio, com a sua postura habitual, a G3 na mão direita o Racal (o rádio) no ombro esquerdo, e aquilo que chateava sobremaneira o Lopes e os outros quadros, com os seus brilhantes galões de Coronel. 

Não era por usar ou não os galões, tal como com ele e com os outros Furriéis e Alferes ou soldados, pelo facto de serem brancos eram sempre, mas sempre, os alvos principais… Mas aqueles galões e o facto de ser o NOSSO Comandante era uma tremenda responsabilidade para quem estava no terreno e sentia a obrigação de o defender fosse de que maneira fosse. 

O caricato da situação era que estando nós numa base que teria muito mais de uma centena de pessoas, entre turras e população, estando a nossa posição ainda pouco consolidada, tínhamos sido detectados antes do ataque e dai a forte emboscada e reacção posterior, continuávamos a ser flagelados, estávamos à espera da morteirada a qualquer momento. O Tenente-Coronel que ficou no hélio, num nervosismo incrível andava para cima e para baixo sem saber muito bem o que fazer, denunciando a sua posição e a dos GEPs enquanto o Comandante Costa Campos, explorava calmamente a base e os seus arredores. 

Talvez por isso, por ter uma enorme preocupação com a guerra propriamente dita, “descurou” a instrução, os aspectos logísticos, e até, nalguns casos, os aspectos disciplinares e de operacionalidade que uma tropa como esta precisava. 

Estava-se a atingir um certo caos em muitos aspectos, com repercussão clara na capacidade operacional dos GEPs. 

A sua substituição foi de qualquer maneira muito sentida e mal aceite pela generalidade dos GEPs. Ainda por cima por um militar com um perfil claramente oposto. 

O Coronel Pinto Ferreira era um disciplinador há moda antiga, botas engraxadas fardamento impecável fosse onde fosse. Mas também era um organizador nato. Era um militar de retaguarda com uma postura militarista no velho sentido da palavra. 

Enfrentou e venceu, com coragem e muita tenacidade, as dificuldades inerentes a uma tropa que estava habituada a um tratamento mais informal e que era uma das características muito próprias desta força de elite. 

Mas… 

Os tempos de refrescamento começaram a ser mais respeitados, esta tropa era suposto ter três meses de actividade operacional e um mês de refrescamento, a instrução foi de novo acarinhada, reforçada e disciplinada e os resultados estavam a sentir-se rapidamente com o melhoramento 

da capacidade de intervenção operacional. 

O Alferes Lopes da Gama apesar das suas muitas reticências de inicio, acabou por o aceitar e respeitar as opções do Comandante, que aliás se tinha mostrado muito tolerante com a sua reacção a quando da entrega do comando do GEP 006. 

Ele tinha-se atirado ao ar! 

- O meu Coronel sabe bem que aquilo não é um grupo, é um bando armado! Estou cansado e farto de transportar às costas as insuficiências dos grupos, já foi assim no 005 e agora isto! 

Tudo dito aos berros. 

Deixou-o falar e dizer o que tinha para dizer e depois deu a “machadada”. 

Pois é, mas não tenho mais ninguém e eu sei que para ti vai ser um desafio, que por aquilo que conheço de ti, depois deste desabafo, vais adorar! E mais! Tens carta-branca para limpar o grupo de pessoal que não queiras. 

Ficou sem palavras. Olhou à volta e viu os sorrisos do Capitão Picão do Major Serra e o Major Morais e até do segundo Comandante. Estavam lá todos e todos eles vinham do anterior comando do CIGE. 

Com esse olhar percebeu como é que ele (s) o conhecia (m) tão bem, apesar de depois da instrução ele ter passado a vida no mato. 

- Leão zero, Águia. 

- Águia, leão zero! 

- Leão zero, Águia escuto! 

- Então Leão zero o que é que se passa por aí!? Parece que há bastante actividade e estranha?! 

Explica-me tudo com clareza e o máximo de pormenores. 

OK Águia o que se passa é o seguinte: e o Alferes Lopes da Gama lá explicou tudo o que se tinha passado, não se esquecendo de referir que na génese deste encontro estaria o facto de na banja que tinha tido com a população do aldeamento, ter manifestado o interesse de se encontrar com elementos da Frelimo da zona. E disse mais… 

- Águia toda esta situação poderá parecer-lhe estranha, mas para mim começa a ficar claro a evolução do processo de independência que está a ser negociado em Lusaca eu e os meus homens somos Moçambicanos, onde estão os nossos “porta-vozes”? 

Por mim pego no meu destino e estou pronto a assumir os riscos inerentes, em relação ao Comando e em relação à Frelimo. Não sei muito bem para onde vou, mas estou como o outro “sei que por aí não quero ir”! 

O Senhor apoia-me ou não? 

Sentia-se estranhamente calmo, contra o que era normal, quando estava excitado ou a defender alguma causa, a sua voz saía calma e serena, mas determinada! 

- Leão zero fique à escuta!


(Fim do 1º Capítulo - Continua brevemente)


M558 - O C.T.O.E. no Uganda, pelo CMDT do CTOE - RANGER Cor Teixeira Gomes

O C.T.O.E. no Uganda 

Temos uma missão a decorrer em apoio das Forças Armadas da Somália. Como sempre, os nossos RANGER’s estão presentes e continuam a executar um trabalho reconhecidamente excelente. O nome da missão é EUTM Somália. 

Mais informação em:
http://www.emgfa.pt/pt/operacoes/missoes/ueeutm





quinta-feira, 22 de novembro de 2012

M557 - Pedido de Condecoração a título póstumo para o Major de Cavalaria João Luis Laia Nogueira Mendes Paulo



Pedido de Condecoração a título póstumo para o Major de Cavalaria João Luis Laia Nogueira Mendes Paulo, que prestou serviço no Exercito Português de 1957 a 1971. Responsável pela ideia e seu desenvolvimento o uso de três carros de combate em Angola em plena Guerra do Ultramar tendo sido estes os únicos carros de combate que até hoje efetivamente participaram em acções de combate protegendo e salvando vidas a um número indeterminado de civis e militares.

Clique no endereço que se segue: 



Para: Gabinete da Presidente 
Nome: Gonçalo Rodolfo de Canavarro Arraya Mendes Paulo 


Mensagem: 

Exma. ª Senhora Presidente da Assembleia da República



Assunto: Pedido de Condecoração a título póstumo para o Major de Cavalaria João Luis Laia Nogueira Mendes Paulo, que prestou serviço no Exercito Português de 1957 a 1971. Responsável pela ideia e seu desenvolvimento o uso de três carros de combate em Angola em plena Guerra do Ultramar tendo sido estes os únicos carros de combate que até hoje efetivamente participaram em acções de combate protegendo e salvando vidas a um número indeterminado de civis e militares.

A presente petição tem como fundamento o facto de que no período onde esta bem-sucedida experiencia ocorreu o material usado (três carros M5A1) apesar de estar considerado obsoleto estava classificado como material da NATO, impedindo assim na época qualquer publicidade ou notícia dos seus feitos.

1. Mesmo em relatórios militares oficiais o seu uso é raramente mencionado pelas razões atrás apresentadas; 

2. Após a publicação pelo Major de Cavalaria João Luis Mendes Paulo do Livro “ Elefante Dum Dum” e pelos testemunhos aí expostos iniciou-se um verdadeiro movimento espontâneo de interesse por essa façanha militar. 

3. Todas as unidades que ao longo dos anos de guerra que serviram com os três carros de combate são unânimes a reconhecer a sua mais-valia em operações de combate reconhecimento e escolta tanto de colunas militares como civis. 

4. Todos esses ex combatentes referem sem dúvidas que a acção dos caros de combate salvou numerosas vidas civis e militares. 

5. O pedido de condecoração baseia-se no espirito empreendedor que o referido oficial demonstrou usando apenas material de sucata para proteger com sucesso civis e militares. 

6. Com o generalizar do uso da internet e das redes sociais os testemunhos de Ex combatentes sobre o épico uso dos carros de combate em angola proliferaram, sendo que um assunto que antes era praticamente um segredo é hoje um dos mais debatidos. 

7. Tendo mais tarde, o General Spínola então como Governador da Guiné-Bissau tomado conhecimento dos excelentes resultados carros de combate em Angola, solicitou ao Major João Luis Mendes Paulo que reunisse o maior número possível de carros de combate (obsoletos e dados como sucata) para seu uso imediato no teatro de operações da Guiné-Bissau. 

8. O Major João Luis Mendes Paulo com a mesma energia e o mesmo esprito de servir a Pátria anteriormente demonstrado, conseguiu em pouco tempo vários carros de combate, que só não foram usados porque o argumento NATO voltou a ser mais forte. 

9. Ainda assim foi o Major João Luis Mendes Paulo encarregado pelo General Spínola de levar as primeiras viaturas blindadas Chaimite para a Guiné-Bissau.

Vem o signatário requere à Assembleia da República que esta emita parecer favorável à atribuição de uma condecoração pelos feitos militares referidos, lembrando que a atribuição de uma condecoração ao Major João Luis Mendes Paulo, honra não só o seu valor mas o de todos os militares que participaram neste épico feito.

Albufeira, 15 de Julho de 2012
Gonçalo Rodolfo de Canavarro Arraya Mendes Paulo (filho)
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... para saber mais, ver também aqui;

http://ultramar.terraweb.biz/06livros_MajorMendesPaulo_CD_Video.htm

http://www.youtube.com/watch?v=OUW9taGdirE

http://www.youtube.com/watch?v=eWis_IbMHf4

http://www.youtube.com/watch?v=GeH5b_3GPDQ


M566 - Uma luz que ainda não se apagou!

Uma luz que ainda não se apagou!

A Academia Militar é uma das poucas instituições em Portugal, que ensina e educa jovens para os valores da Pátria e comportamentos humanos que se exigem num país que se digne e que queira ser parte integrante do mundo civilizado, é um esperança para aqueles (cada vez menos), que assistem espantados e impotentes à degradação dos valores morais e éticos, que se impunham numa sociedade moderna em pleno século XXI. 

  Neste Portugal, onde a educação prestada pelos pais aos seus filhos, quer na fase infantil, quer juvenil, tem vindo de mal a pior a olhos vistos, ainda há alguns focos de esperança para aqueles portugueses que continuam a remar contra esta triste e lamentável maré lamentável e degradante, que perspectivam um inquietante e tenebroso futuro.

Uma juventude mal-educada e pior orientada, resultado de muitos pais que permitem que os seus descendentes façam tudo o que lhes dá nas ganas IMPUNE e IRRESPONSAVELMENTE, e que quando questionados sobre essa sua BESTIAL atitude dizem que a educação de base dos seus "rebentos", desde mais a tenra idade, que é APENAS da sua inteira responsabilidade, deve ser prestada e corrigida mais tarde, nas escolas, pelos desgraçados dos professores.  

Claro que uma grande camada dos pais, nem para eles próprios têm, ou tiveram jamais, uma educação correcta e adequada e, por isso, como poderão saber transmitir aquilo que não sabem aos seus filhos?

Depois há as leis lançadas pelos nossos democratas, que todos conhecemos, que atam as mãos das instituições policiais e protegem os menores delinquentes, que perante esta permissividade e bandalheira toda, estão assim livres e autorizados, a despejarem nas ruas, transportes públicos, escolas, etc. e ante quem nela circula, os seus mais animalescos instintos primários, por vezes com resultados prejudiciais, quando não destrutivos. 

O nosso apoio e aplausos pois, para as instituições que persistem na luta para a manutenção de uma parte da juventude sã e instruída.