ALOUETTE III
(III)
(continuação das mensagens - M294 e M295)
Nos fins dos anos 60 e princípios dos anos 70, as Forças Armadas portuguesas deram início à deslocação dos seus militares em inúmeras missões operacionais de combate na Guerra do Ultramar, como já foi dito nas mensagens M294 e M295, utilizando helicópteros e revolucionando, deste modo, o poder de mobilidade dos soldados, tornando-o mais eficaz e rápido.
Estes aparelhos são de construção muito frágil e, a baixas altitudes, o IN até com os tiros das suas armas ligeiras conseguia perfurar as blindagens construtivas, na sua quase totalidade fabricadas com materiais de construção leves e muito leves (alumínio, vidro e plásticos), causando, invariavelmente, sérios danos físicos, quer nos aparelhos, quer nos seus ocupantes.
Mais tarde foi pensado um modo de protecção a estes aparelhos, tentando evitar ao máximo, os mencionados e traiçoeiros ataques provenientes do solo.
Assim, a melhor solução encontrada e que deu de imediato bons frutos, foi armar alguns dos helicópteros com canhões MG de 20 mm, com carregadores de 60 munições (explosivas ou incendiárias), com capacidade de 450 tiros/minuto, montados transversalmente nas estruturas, de modo a que disparassem lateralmente.
O poder de fogo do canhão e os efeitos provocados pelos impactos das suas balas, como é óbvio, desmotivavam qualquer reacção inimiga, pois, em caso de ataque, logo que descoberta a sua zona de localização, esta era logo "varrida" a chumbo de 20 mm.
O nome atribuído foi helicanhões e foram desenvolvidos durante a Guerra do Ultramar em Angola, Moçambique e Guiné, para prestar apoio táctico às tropas terrestres durante aquelas que ficaram conhecidas por operações de heliassalto.
O nome de código dado aos helicanhões era Lobo Mau, por oposição ao nome de código Canibal dado aos restantes helicópteros, de transporte de pessoal, desarmados.
A perfeita execução de um heliassalto era antecedida de um profundo estudo, programação e preparação da missão que se pretendia alcançar.
A localização do alvo, os objectivos pretendidos, os meios a envolver pelas nossas Forças Armadas (número de homens, equipamento, armamento e munições necessárias), os apoios que tinham que ser prestados (se necessário por outras forças), o bom conhecimento do tipo de terreno onde ira decorrer a acção, o melhor conhecimento do inimigo (do seu número, suas capacidades de armamento e suas defesas), o tempo estritamente necessário à execução da missão, o planeamento de trajectos e a sincronização de todas as forças envolvidas (hora/minuto da largada e hora/minuto da recolha).
Certas operações foram executadas em meia dúzia de minutos.
Fotos: José Félix (2010). Direitos reservados.
1 comentário:
Um grande abraço ao meu furriel José Felix. A ver se marcamos um encontro com os companheiros desses nosso "verdes anos" . fernando.jose.vaqueiro@gmail.com
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