quinta-feira, 29 de abril de 2010

M210 - RANGER RADICAL DE FAFE 2010 - 14, 15 e 16 de Maio em Fafe

RANGER RADICAL DE FAFE 2010

Aventura, Desafio, Convívio, Camaradagem... PROGRAMA OFICIAL

DIA 14 DE MAIO DE 2010

20h00: Concentração no Café Bar S.V. em Fafe;- Condução ao “Hotel às Estrelas”;- Beberete na recepção do “Hotel Estrelas”.

(NOTA: EXISTEM CASAS RECUPERADAS NA ALDEIA DO PONTIDO, PARA ALUGUER, EM ALTERNATIVA PARA QUEM NÃO QUISER FICAR ACAMPADO EM TENDAS)

DIA 15 DE MAIO DE 20100

9h00: Toque a Alvorada, Pequeno-almoço e Inscrições;

10h00: Início de variadas actividades;

13h00: Almoço.

14h30: Continuação das actividades;

19h30: Fim das actividades;

20h30: Formatura para jantar (respeitando o toque);

02h00: Prova Surpresa.

??h??: Reforço á Chegada!

DIA 16 DE MAIO DE 20100

9h00: Toque de Alvorada;- Ginástica Matinal;- Cerimonial;

13h00: Almoço e entrega de lembranças/prémios;

No fim do almoço... Destroçar e... até para o ano!

PARA PARTICIPAR NESTE EXCELENTE CONVÍVIO, INSCREVAM-SE ATRAVÉS DE E-MAIL, OU TELEFONE, ATÉ AO DIA 12 DE MAIO DE 2010.

O VALOR DA PARTICIPAÇÃO SERÁ DE 30 € - PARA O FIM-DE-SEMANA COMPLETO.

Com os melhores cumprimentos,

O Comissário Coordenador:

Ranger Júlio Palma E-mail: juliorfp@hotmail.com

Telefone: 253 566 469 Telemóvel: 918 159 006

“…O RANGER ESTÁ SEMPRE PRONTO…”

Vejam também em 19 de Abril de 2010, sobre este assunto a mensagem: M206 - RANGER RADICAL DE FAFE 2010 - Aventura, Desafio, Convívio, Camaradagem...

terça-feira, 27 de abril de 2010

M209 - O RANGER Jaime Froufe Andrade & a Literatura


O ex-Alferes Miliciano OpEsp/RANGER Jaime Froufe Andrade, vai proferir em Lisboa, no próximo dia 7 de Maio, pelas 19h00, uma Conferência sobre o seu livro "Não sabes como vais morrer", cuja primeira edição rapidamente se esgotou nos escaparates das livrarias.

Aqui fica o convite, extensível a todas as pessoas que estejam interessadas em estar presentes neste evento.

O livro engloba um conjunto de oito histórias da Guerra do Ultramar, que o autor viveu na primeira pessoa, durante a sua comissão militar de serviço em Moçambique, entre 1968 e 1970.

Oito pedaços da sua memória, que espelham bem o passado de centenas de milhar de jovens portugueses, que viveram a guerra, lá longe onde o sol queima mais, através de infindáveis e tortuosas picadas, entre emboscadas, bombardeamentos, golpes-de-mão, armadilhas, minas, doenças e muito sofrimento.
Eram muitos os perigos oferecidos aos Combatentes portugueses camuflados no meio das matas, tarrafo e bolanhas de Moçambique, Angola e Guiné.

P. F., transmitam este convite a todos os vossos Amigos e Camaradas.

Compareçam...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

M208 - GEs & GEPs - Confraternização Anual em Fátima, dia 8 de Maio de 2010

CONVÍVIO 2010
Associação de GEs & GEPs
(Grupos Especiais & Grupos Especiais Pára-Quedistas) 


CONVITE
Almoço de Confraternização

Combatentes GE e GEP:
Este ano o Almoço de Convívio da Associação, realiza-se no mesmo local do ano anterior:
Hotel Santo Amaro
Rua Francisco Marto
Fàtima
Sábado, dia 08 de Maio de 2010
O início da apresentação neste local poderá ser a partir das 11horas.
Haverá uma sala de refeição privada, que inclui o serviço de bar no mesmo espaço, onde poderão instalar-se e tomar café à chegada, tal como no almoço de 2009.
Por opinião unânime, marcamos o encontro no mesmo local do ano anterior, com a mesma ementa.
O preço do almoço não deverá sofrer oscilação significativa, em relação ao ano de 2009, cujo custo não ultrapassou os 25 euros.
Ao tratarmos este almoço, pedimos a ementa e o serviço de acompanhamento, tal como no ano passado também, por ter sido recomendado dessa vez, por todos os associados.
A Associação vai precisar do pagamento de uma quota de 5 euros, por associado, para outras eventuais despesas (coroas de flores, deslocações e serviço de correio).
Comuniquem este evento a outros Combatentes GE/GEP, se possível ofereçam/dividam os transportes e colaborar com outras formas de ajuda, para que neste convívio esteja presente o maior número dos nossos ex-Combatentes.
As confirmação devem ser efectuadas até ao dia 02 de Maio, para:
Luís Fânzeres Martins - GEP
E-mail: ge.gep@hotmail.com
Telefone: 252 866410, ou Telemóvel: 966418250
Não esquecer que um GE/GEP nunca diz... não!... está sempre acordado e pronto para... um Bom Almoço.
Obs: Ao transmitires a outros esta mensagem/convite, estás a contribuir para a economia da Associação, pois todos os contactos, futuramente, passarão a ser feitos por este mesmo meio.

M207 - História de uma coluna a Guidage - na Guiné - RANGER Fernando Araújo


Esta acçaõ desenvolveu-se na Guiné, em Maio de 1973.
A participação do 2º pelotão, da 2ª Companhia, do Batalhão de Caçadores nª 4512 (BCAÇ 4512), numa coluna de viaturas carregadas de militares a Guidage, nos dias imediatamente antes da execução no terreno, da operação “Ametista Real”.
Esta última operação foi considerada pelos altos Comandos Militares, como muito bem concebida e melhor executada pelas tropas portuguesas, envolvendo várias Unidades das mais bem treinadas e experientes em termos de operacionalidade e combatividade militar, no ano em que a mesma foi executada.
Nome: Fernando da Costa Gomes de Araújo
Nº. Mec.º: 19740272
Especialidade: Operações Especiais/RANGER (4º Curso de 1972)Posto: Furriel Miliciano
Local na Guiné: Jumbembem
Período: 1973/1974
Unidade: 2º pelotão da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512
Passo então a narrar, a participação do meu pelotão, na coluna a Guidage, dias imediatamente antes da execução no terreno, da operação “Ametista Real”, segundo a minha visão pessoal dos factos.

As datas e horas foram rebuscadas na minha agenda/diário, onde fui tomando pequenas anotações e que agora, como é evidente, me foram preciosas para a ultimação da presente descrição.
Coluna a Guidage
Intervenção do 2º Pel da 2ª CCAÇ / BCAÇ 4512




09-05-1973 - 15h00 -, Saíram de Jumbembem dois grupos de combate (com seis picadores na frente equipados com varas) e iniciaram a picagem para detectarem possíveis minas colocadas na picada até Lamel, com destino a Farim - sede do Batalhão de Caçadores 4512.
Fizeram o percurso sem incidentes.
Saímos depois nós, o 2º pelotão da 2ª Companhia do BCAÇ 4512.
O nosso destino final era Guidage, um destacamento situado no norte da Guiné, situado na fronteira com o Senegal.
Pernoitamos em Nema, junto a Farim, onde se encontrava a 1ª Companhia do nosso batalhão.
10-05-1973 - de manhã -, Partimos numa coluna até Binta, que era o local de encontro das tropas envolvidas na operação:
5 Grupos de combate do Batalhão de Caçadores 4512;
1 Bi-grupo da 38ª Companhia de Comandos;
1 Secção do Pelotão de Morteiros 4274.
Foram distribuídas rações de combate e munições, e definiram-se os pontos nevrálgicos da operação em curso.
Retomamos a marcha, agora apeada com destino a Guidage, cujo destacamento estava a ser flagelado, dia e noite, estando iminente a sua tomada de assalto pelos guerrilheiros do PAIGC e que necessitava, com urgência, de ser reabastecido com géneros frescos e munições, já que no dia anterior uma coluna de reabastecimento foi emboscada, tendo resultado 4 mortos, 18 feridos e 4 viaturas danificadas.
Pelo romper da manhã, os Fiat’s da nossa FA, foram bombardear as Berliet’s que foram danificadas no dia anterior e que estavam carregadas de granadas de Obus e de outras munições.
O sol escaldava e a sede apertava.
O reabastecimento de água era feito por uma viatura Berliet, que integrava a coluna. A meio do percurso na zona de Genicó, um elemento da 38ª de Comandos accionou uma mina anti-pessoal e fica sem um pé.
Após uma ou duas, sobre este incidente, ouviu-se nova explosão.
Desta vez foi atingido um homem do meu pelotão, que ficou despedaçado ao accionar uma mina anti-pessoal, e, esta por sua vez, ter accionado uma mina anti-carro que estava encostada à primeira.
Recolheram-se os restos mortais do infeliz soldado e continuamos a avançar no cumprimento do estabelecido para a realização da coluna.
Pela picada fora, rompendo a densa mata, ouviam-se os ruídos das viaturas (Berliet’s e Unimog’s) e apenas se via a nossa tropa apeada (flanqueando à direita e à esquerda).
Na frente da coluna, a abrir caminho, segui-a um bi-grupo da 38ª Companhia de Comandos.
Ao passar pela bolanha do Cufeu temíamos o pior, já que o PAIGC tinha uma base próxima.
A pouca distância da nossa coluna, a certa altura, ouviram-se disparos de armas, rajadas de metralhadoras e rebentamentos.

Eram dois grupos da CCaç 3 e da CCaç 19, que saíram de Guidage ao nosso encontro, efectuando a picagem e tinham sido, por sua vez, emboscados sofrendo 8 mortos e 9 feridos.

Passamos ao lado dos corpos de 5 africanos mortos, despidos e virados para baixo, deviam estar armadilhados com certeza.
As forças intervenientes encontraram-se finalmente e reagruparam-se, seguindo em conjunto até ao aquartelamento de Guidage.
Chegamos lá pelas 18h00, e instalamo-nos.
Fui até à enfermaria para ver se precisavam de auxílio, e vi que estava cheia de feridos.
As máquinas a petróleo funcionavam sem parar, para a esterilização de seringas, agulhas e outros utensílios médicos.
Ouviam-se gemidos de dor aqui e ali. O que eu vi à minha frente… é indescritível...
Caiu a noite e pouco tempo depois, fomos flagelados com granadas de morteiro 82 mm.
O quartel estava cheio de tropa.
Uma das granadas caiu dentro de uma das valas e matou um sargento dos fuzileiros.
Uma dessas valas foi a minha instalação, o meu quarto, durante estes 3 dias.
11-05-1973 - 09h00 -, procedemos à cerimónia fúnebre, com uma salva de tiros, em honra do militar do meu pelotão que morreu vítima das minas.
Abriu-se uma cova junto ao arame farpado, lançou-se cal e colocaram-se os seus restos mortais embrulhados num lençol.
Continuamos no destacamento de Guidage e o “filme” repetia-se, éramos flagelados com granadas de morteiro 82 mm a qualquer hora.
Depois flagelavam Bigene.
Extracto do livro “Guiné”, com as colunas a Guidage e onde se relata a operação “Ametista Real”, executada no terreno, dias depois, em 18 e 19 de Maio de 1973
12-05-1973 - 11h00 -, fiquei perplexo, quando um militar bateu com um joelho numa porta e, em resultado dom estrondo, todos os que estavam no refeitório se precipitaram para as valas, tal era o desgaste psicológico que os transtornava.
Qualquer barulho, parecia-lhes mais um ataque de morteiros e refugiavam-se nas valas desordenadamente.
Contaram-me que a cerimónia do hastear da bandeira nacional no quartel deixara de se fazer, porque o corneteiro tinha morrido num dos ataques que de vez em quando o IN desferia a partir de um morro do lado oposto ao da pista de aviação.
Metade dessa pista era território Português e a outra era do Senegal. Tinham um obus 10,5 cm que estava danificado pelos consecutivos ataques e, segundo informações que recolhi, tinha aí morrido um furriel.
13-05-1973 - por volta das 10h00 -, começamos a abandonar o destacamento de Guidage.
A partir de Binta consegui boleia numa viatura “Berliet”, onde ia o nosso Comandante.
À minha frente ia outra viatura do mesmo tipo, com corpos de militares mortos e alguns feridos ainda com soro.
Cenários de um pesadelo arrepiante que... JAMAIS ESQUECEREI!

Um abraço,
Fernando Araújo
Fur Mil OpEsp/RANGER da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512

segunda-feira, 19 de abril de 2010

M206 - RANGER RADICAL DE FAFE 2010 - Aventura, Desafio, Convívio, Camaradagem...

PROGRAMA OFICIAL
DIA 14 DE MAIO DE 2010: 20h00: Concentração no Café Bar S.V. em Fafe; - Condução ao “Hotel às Estrelas”; - Beberete na recepção do “Hotel Estrelas”.
(NOTA: EXISTEM CASAS RECUPERADAS NA ALDEIA DO PONTIDO, PARA ALUGUER, EM ALTERNATIVA PARA QUEM NÃO QUISER FICAR ACAMPADO EM TENDAS)
DIA 15 DE MAIO DE 2010 09h00: Toque a Alvorada, Pequeno-almoço e Inscrições; 10h00: Início de variadas actividades; 13h00: Almoço. 14h30: Continuação das actividades; 19h30: Fim das actividades; 20h30: Formatura para jantar (respeitando o toque); 02h00: Prova Surpresa. ??h??: Reforço á Chegada! DIA 16 DE MAIO DE 2010 09h00: Toque de Alvorada; - Ginástica Matinal; - Cerimonial; 13h00: Almoço e entrega de lembranças/prémios;
No fim do almoço... Destroçar e... até para o ano! PARA PARTICIPAR NESTE EXCELENTE CONVÍVIO, INSCREVAM-SE ATRAVÉS DE E-MAIL, OU TELEFONE, ATÉ AO DIA 12 DE MAIO DE 2010. O VALOR DA PARTICIPAÇÃO SERÁ DE 30 € - PARA O FIM-DE-SEMANA COMPLETO. Com os melhores cumprimentos, O Comissário Coordenador: Ranger Júlio Palma
E-mail: juliorfp@hotmail.com Telefone: 253 566 469
Telemóvel: 918 159 006
“…O RANGER ESTÁ SEMPRE PRONTO…

sábado, 17 de abril de 2010

M205 - 33ª Confraternização Anual da A.O.E. (Associação de Operações Especiais)

ANO DO RANGER
C O N V I T E
BODAS DE OURO Operações Especiais
50 anos
RANGERS DE PORTUGAL
C.I.O.E. / C.T.O.E.
LAMEGO
Uma Unidade de Elite do Exército Português e do Mundo

Integrada nas comemorações dos 50 anos, vai decorrer a nossa:

33ª Confraternização Anual da A.O.E. (Associação de Operações Especiais)
Dias 1, 2 e 3 de Julho
Mobilização geral para os RANGERS, seus Familiares e Amigos

M204 - Operações Especiais = 50 anos = RANGERS DE PORTUGAL - CIOE/CTOE - LAMEGO - Uma Unidade de Elite do Exército Português e do Mundo 3


BODAS DE OURO
Operações Especiais50 anosRANGERS DE PORTUGAL
C.I.O.E. / C.T.O.E.
LAMEGOUma Unidade de Elite do Exército Português e do Mundo
Com as tribunas completamente a abarrotar de pessoas convidadas, civis e militares, foram muitos os RANGERS que disseram sim à sua presença no dia 16 de Abril de 2010, na nossa querida Unidade.
Muitos Familiares e Amigos, participaram também com entusiasmo e ajudaram sobremodo a enriquecer as comemorações do Dia da Unidade. 


Estas cerimónias eram consideradas um dos pontos mais altos dos 50 anos do C.I.O.E./C.T.O.E, que se comemoram no decorrer do presente ano.
Recorte do Jornal de Notícias do dia 17 de Abril de 201o, que assim noticiava e perpetuava este acontecimento. 

Mais informações em http://www.aoe.pt/ 


Foto: © Abílio Rodrigues (2010). Direitos reservados.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

M203 - 10 de Junho - Dia de Portugal

10 de Junho 
Dia de Portugal

Em França, Inglaterra, Canadá, EUA, onde os ex-Combatentes se honram e orgulham daquilo que foram, daquilo pelo que lutaram, do seu país, da sua bandeira, etc. soube eu que os veteranos das suas várias guerras, chegam a estar horas a desfilar nas diversas comemorações alusivas a cada um dos conflitos.


Aqui em Portugal, na GENERALIDADE, os ex-Combatentes preferem esconder-se, ir à pesca nesses dias e optarem por discursos de vitimização, de que são uns coitadinhos, uns calimeritos, etc.


Penso que com as políticas seguidas pós-Abril, os discursos e as mentalidades tacanhas foram moldando os seus Combatentes (salvo honrosas excepções), até a maioria ter vergonha de dizer que combateu por Portugal.
São muitos os que escondem envergonhados e traumatizados, essa sua faceta aos seus amigos.


Porque é que julgam que o poder político português despreza os seus ex-Combatentes?


Até os militares no activo os ostracizam! Porquê?


Eu, no fim das cerimónias, já há muitos anos, que me junto no desfile final de veteranos, junto ao nosso Monumento aso Combantentes da Guerra do Ultramar, em Belém/Lisboa (vejam as fotos em anexo).

Faço-o, em honra e homenagem aos nossos Mortos em Combate e em Memória daqueles que entretanto vão "partindo".

Sem mais sentido nenhum, pois não me revejo nos actuais políticos e, muitíssimo menos, nas suas desastrosas e falhadas políticas. 

M202 - História de uma emboscada na Guiné - RANGER Fernando Araújo

GUINÉ - Emboscada em Lamel

(região entre Jumbembem e Farim)


Fernando Costa Gomes de Araújo, ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512, Jumbembem, 1973/74

Lamel > 1974 > 02FEV, Emboscada no “Alto de Lamel” (1 morto e vários feridos)

2-02-1974 - 10h00 -, O meu pelotão, que estava reduzido a 15 ou 17 unidades, e um pelotão de Madeirenses que nos tinha vindo reforçar recentemente, saímos para fazer contra-penetração no trilho de Lamel, numa acção motivada por informações recolhidas de que um dos quadros superiores, de maior nomeada do PAIGC - Luís Cabral -, ia passar ali para o interior da Guiné.


Ao fim de algumas horas de marcha, paramos para almoçar (uma ração de combate individual) e descansarmos um pouco entre as habituais conversas e algumas anedotas.


Findo este período deslocamo-nos pela picada até ao “alto de Lamel”.


Ao chegarmos lá, o primeiro homem da coluna - o Reis -, avistou um vulto suspeito aninhado na picada, que, aparentemente, estava a colocar uma mina.


Pousámos o equipamento que trazíamos, além do normal nestas saídas, e, de armas em punho, fomo-nos aproximando do local onde o Reis tinha avistado o tal suspeito. Este ao aperceber-se da nossa presença fugiu de imediato para o interior do mato.


Quando o Reis – o nosso homem da metralhadora HK-21 -, chegou ao local onde tinha estado o tal suspeito, estalou um “fogachal” medonho.


Abrigamo-nos rapidamente do fogo inimigo e respondemos de imediato do mesmo modo.


A nossa sorte nesta emboscada, foi o Reis andar sempre com a HK-21 limpa e lubrificada, coisa que eu sabia bem, pois quando passava na caserna do 2º pelotão via-o sempre a limpar esta sua atribuída arma, e eu rotineiramente perguntava-lhe: “Reis essa arma está bem limpa?”


Ele sorria e respondia invariavelmente: “Furriel está limpinha e bem lubrificada.”


A compensação deste trabalho dava agora os seus frutos, na reacção a esta emboscada, pois o Reis quando via os inimigos levantarem-se, para avançar em nossa direcção, disparava curtas e certeiras rajadas, obrigando-os a deitarem-se novamente, tendo abatido assim 2 ou 3 dos guerrilheiros atacantes.


A troca de fogo estava cerrada e começou a instalar-se a confusão.


Em determinado momento reparei que o homem das transmissões - o Marante -, havia deixado cair a antena do rádio AVP-1, sem se aperceber.


Avisei-o, apanhei a antena e entreguei-lha ao mesmo tempo que lhe gritei: “É a única hipótese que temos de contactar com o quartel!”


O PAIGC lançava em nossa direcção sucessivas granadas de RPG 2 e RPG 7, e, confesso, perante aquele cenário infernal só pensei que não ia sair vivo dali.


Para agravar o nosso estado psíquico e anímico, vimos a nossa força ficar substancialmente reduzida, já que o pelotão de Madeirenses, quando a emboscada rebentou, desatou a fugir em debandada pelo meio da picada fora, deixando-nos ali sozinhos em pleno combate contra um inimigo muito superior, quer pelo poder de fogo em cena, quer pelo número de activos que se deduzia estar ali em grande número.


Comecei a chamá-los e a insultá-los aos berros ferozmente, com todo os nomes feios e depreciativos de que me lembrei e possam estar a imaginar.


Apesar de toda a confusão instalada, notei que a tropa avançada do PAIGC estava a tentar envolver-nos atravessando a picada em posição de técnica de combate.


Disse ao homem do morteiro: “Martins, bate a zona para onde eles se estão a dirigir… rápido!


O Martins assim fez e como não obtivemos resposta, fomos retirando lenta e atentamente para o lado de Farim.


A dado momento só tínhamos 2 ou 3 granadas de morteiro de 60 mm, porque no início da emboscada a rapaziada começou a disparar, tudo o que tinha à mão, indiscriminadamente, sobre a mata sem ainda sequer terem avistado qualquer IN.


Como eu não tinha avistado nenhum alvo, também não tinha disparado qualquer tiro e até deu para dispensar 3 dos meus carregadores da G3 a três dos meus homens.


Mais ou menos a meio da emboscada, o 1º Cabo Ferreira, que nesse dia foi escalado para levar a bazuca, levou um tiro num pé e, em vez de rastejar até nós como mandam as “regras”, não o fez, tendo-se posto em pé, sendo logo alvejado com uma granada de RPG no peito, o que lhe provocou a morte instantânea.


Fomos obrigados a continuar a retirar para o lado oposto (Farim), com vários feridos graves, já que o inimigo estava a utilizar a táctica de envolvimento (vulgar meia-lua), cortando-nos a retirada para o nosso quartel.


Entrei então na picada de Lamel onde se cruzava o trilho, com mais dois ou três homens armados de G3, em posição de rajada.


Comecei a sentir o coração mais acelerado, pois sabia que se estivessem ali meia dúzia de “turras”, era o suficiente para nos apanharem à mão.


Rezando para que não fosse necessário, eu ia disposto a vender cara a minha vida se preciso fosse.


A certa altura chegou junto de mim um soldado com um buraco no braço esquerdo manifestamente originado por um estilhaço.


Amarrei-lhe o meu lenço verde-preto dividido em diagonal, que usava habitualmente para me camuflar, a fim de lhe estancar o sangue e amparei-o segurando-lhe também a sua arma, porque a sua vontade era abandoná-la ali, dadas as terríveis dores de que estava a padecer.


Atravessamos o trilho de “Lamel” sem problemas, e atingimos a ponte do mesmo nome, que era o ponto de encontro das duas picagens vindas de Jumbembem e de Farim.


Fiquei preocupado quando cheguei à ponte de Lamel só com dois ou três soldados, pois não sabia da localização dos restantes.


O que seria feito do resto do pelotão? – perguntei-me.


Passados uns 10 a 15 minutos aparecem mais 4 ou 5, que me narraram uma história de arrepiar.


Contaram-me então, que não tiveram tempo de fugir para um lugar mais seguro e refugiaram-se numa grande cova natural, que existia na parte inferior ao lado da picada, e, ali anichados silenciosamente, ouviram os guerrilheiros do PAIGC, murmurando entre si, a aproximarem-se daquele local.


O que lhes valeu foi que eles iam tão obcecados para capturarem os nossos despojos (bornais, cobertores, etc), que largáramos na picada quando retiramos durante o confronto na emboscada, que nem deram por eles.


Quando eles acabaram de falar, gelou-se-me o sangue nas veias só de imaginar esta “peripécia”, porque caso tivessem sido detectados, ou teriam sido mortos, ou apanhados à mão. “Há gajos com muita sorte!” – pensei eu.


Finda a emboscada, saíram do quartel em nosso auxílio a CCAÇ 51 (que sofreu também uma forte emboscada), e o Grupo Especial de Milícias 322 (Jumbembem), que foi igualmente emboscado.


Enfim, aquela zona esteve toda a ferro e fogo… um autêntico inferno.


Mais tarde, chegaram finalmente reforços de Farim, tendo-nos escoltado (2ª Companhia do BCAÇ 4512), até ao nosso aquartelamento em Jumbembem. 

Chegado ao quartel, continuava obcecado pela morte do 1º Cabo Ferreira, que, além de tudo o mais, era casado e deixou à sua esposa dois filhos para criar.


Este sensível e terrível facto, aliado a alguns remorsos e mau estar que eu sentia, porque uns dias antes eu tinha optado por castigá-lo com dois reforços, para evitar o seguimento de uma participação por abandono de um posto de vigia, se tivesse agravado numa punição superiormente agravada pelas nossas hierarquias, fez com que eu não conseguisse conter algumas lágrimas. 

Foram as primeiras e as últimas que derramei na Guiné!

Foto 35 > Jumbembem > 1974 > FEV02, Chegada de operação em Lamel
Foto 36 > Jumbembem > 1973 > Saída de um grupo em direcção de Lamel


Foto 37 > Jumbembem > 1973 > O 1º cabo Ferreira, aqui a lançar areia com uma pá para uma Berliet e que viria a falecer combate (02FEV74), na emboscada aqui descrita


Foto 38 > Jumbembem > 1974 > Estado em que ficou uma Berliet destruída por uma mina A/C, em Lamel


Fotos: © Fernando Araújo (2009). Direitos reservados.


Esta mensagem também pode ver-se no blogue completamente dedicado à Guiné e tudo o que é relacionado directa e indirectamente com a guerra, que nós porgueses travamos naquela ex-Província: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/


terça-feira, 6 de abril de 2010

M201 - RANGER Fernando Araújo do 4º Curso de 1972 - Cumpriu a sua comissão militar na Guiné 1973/74


O RANGER Fernando Araújo
4º Curso de 1972
O RANGER Fernando Araújo do 4º Curso de 1972 - Cumpriu a sua comissão militar na Guiné 1973/74, na região de Jumbembem (Norte/Central), como Furriel Miliciano em Jumbembem, na região centro/Norte, no 2º Pelotão da 2ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4512/72, tendo participado numa coluna a Guidage muito problemática, imediatamente antes da execução no terreno da célebre e espectacular Operação Ametista Real (a tratar brevemente noutra mensagem), que é considerada pelos melhores estrategas nacionais e mundiais, uma das mais bem delineadas, famosas e melhor sucedidas acções de toda a Guerra do Ultramar, que decorreu no período entre 1962 e 1974, em Angola, Guiné e Moçambique.
Guiné * Jumbembem (localidade no centro/Norte)
Jumbembem-1973-JUL13, Picada de Sare Tenem
Jumbembem-1973, JUL01, Picada de Sare Tenem com o rádio AVP-1
Fotos: © Fernando Araújo (2009). Direitos reservados.

sábado, 3 de abril de 2010

M200 - História de Portugal - Um trabalho de Vitor Garcia com imagens e textos da Wikipédia

História de Portugal
Um trabalho de Vitor Garcia
(com imagens e textos da Wikipédia)


















História de Portugal
Um trabalho de Vitor Garcia
(com imagens e textos da Wikipédia)
Documento: © Vitor Garcia (2009). Direitos reservados.