terça-feira, 30 de setembro de 2008

M10 - Um Herói da Guiné: Capitão João Bacar Jaló

João Bacar Djaló em Catió, 1967, ainda Tenente 

Um dos Herói da Guerra da Guiné
Capitão João Bacar Jaló (1929 a 1971) 



Já muito se disse no blogue sobre um dos maiores Heróis da Guerra na Guiné, o Capitão Graduado João Bacar Jaló (JBJ), Comandante da 1ª Companhia de Comandos Africanos. 

No entanto, creio que o documento que hoje aqui anexo (cuja única indicação é que é uma publicação do SPEME), onde se apresenta uma sua pequena biografia ajudará, com certeza, a complementar o nosso conhecimento daquele homem, que serviu exemplarmente mais de 22 anos o nome de Portugal e o Exército Português, tendo falecido em combate, em 16 de Abril de 1971. 

Gostava de fazer um apelo a quem melhor conheça o modo como ele morreu, para que nos ajude a esclarecer se o que me contaram é verdade, e que é a seguinte: O JBJ quando saía para uma missão levava, habitualmente, várias granadas presas no suspensório ao nível do peito. Nesse dia 16 de Abril, tal como diz na brochura, ele acorria em socorro de um dos seus homens feridos, progredindo em sua direcção e, ao passar sob uma arvorezita, um dos seus galhos engatou-se numa das argolas das granadas, acabando por a despoletar. 

Ao aperceber-se do clique da espoleta da granada, e da eminente explosão da mesma, o JBJ gritou para os homens que o rodeavam: - CUIDADO! – tendo-se lançado de imediato para o solo tentando abafar sob o seu corpo a consequente explosão.

Mais me contaram, que todas as outras granadas que ele transportava, explodiram também por “simpatia”, tendo-lhe mutilado horrivelmente o corpo. 











Foto e legenda: © Benito Neves. Direitos reservados.

M9 - Em memória de um "COMANDO AFRICANO"


Em memória de um "COMANDO AFRICANO"

10SET1974 – Brá (Guiné)

Esta é uma daquelas histórias que só o mero acaso desta vida origina, apesar de se contar em poucas palavras, e não deixar de impressionar, quer pelas três décadas que entretanto decorreram, quer pelas estranhas coincidências do destino.

Na Guiné, decorria o ano de 1974 e havia já sido entregue, pela minha companhia - a CCS do batalhão 4612 -, em 9 de Setembro, o aquartelamento de Mansoa, que foi um dos mais importantes e significativos, do dispositivo das nossas forças armadas naquela ex-província ultramarina, através duma cerimónia de que damos conta noutra página deste jornal.

Estávamo-nos, então, no batalhão de Engenharia, em Brá, a cerca de 3 quilómetros da cidade de Bissau, cujas instalações faziam paredes meias com o batalhão de COMANDOS.

E foi ali, num belo dia em que eu me encontrava de serviço, mais precisamente de "Sargento da Guarda", que veio ter comigo um daqueles que eu considerava, em todo o seu ser, um "Herói da Guerra do Ultramar": o "COMANDO" de nome Joaquim Gomes que, se a memória não me falha, era da 2ª Companhia de Comandos Africanos.

Trazia nas mãos uma imaculadamente alva, velhíssima e esburacada camisola, e um crachá dos COMANDOS, e para o meu espanto e petrificação disse-me emocionado:

- Meu amigo furriel Magalhães Ribeiro, peço-lhe encarecidamente um favor simples, do fundo do meu coração; que guarde consigo estas duas peças que eu usei como soldado e combatente do exército português com muito orgulho e honra. Foram-me entregues por soldados portugueses, e não quero que, de modo nenhum, caiam em mãos de gente menos digna.

Imaginem a minha estupefacção. Quem era eu para ser fiel depositário daquele espólio que, desde logo me apercebi, era considerado por um dos meus heróis um dos seus maiores tesouros pessoais? Que usara e defendera arriscando a morte em renhidos e mortíferos combates! Quantas vezes? Recordei-me que a última companhia de COMANDOS, a 38ª, havia já retirado da Guiné. Olhei para aquele envelhecido e amargurado Homem e, atrapalhado e sem jeito, retorqui:

- Amigo Joaquim, quem sou eu para ficar com estes teus símbolos COMANDO, que tão bem mereceste, prestigiaste e dignificaste em inúmeros combates, e que, como bem vejo nessa tua lágrima, são para ti um naco da tua vida, senão mesmo do teu corpo?

Mas, não havia nada a fazer, o Joaquim estava firme, decidido e inabalável naquela decisão e eu, para não o melindrar e desiludir, sequer mais um segundo, aceitei com uma estranho sentimento de fiel e firme guardião.

Guardei durante cerca de 30 anos, como duas preciosidades, a camisola e o emblema, até que há poucos meses atrás a primeira, que tão velhinha que já estava, quer pela passagem dos anos, quer pelas necessárias lavagens acabou, infelizmente, por se desfazer.

20OUT2003 – 29 Anos depois

Até aqui tudo não passaria de uma história "normal" mas, aconteceu que, no passado dia 20 de Outubro, desloquei-me a Lisboa para assistir à belíssima e sentida celebração do "Dia do Combatente”, que decorreu junto ao forte do Bom Sucesso, em Belém, num autocarro organizado pela A.P.V.G, que partiu da cidade do Porto.

Esta celebração decorreu como estava previsto, com a presença do Sr. Secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes, o Sr. General Avelar de Sousa, convidados, entidades religiosas, civis e militares, e milhares de ex-combatentes, e foi já no fim da cerimónia, cerca das 13h00, que eu me perdi do resto do pessoal, que ali se deslocou no autocarro do Porto.

Como era tempo de almoço, procurei caras conhecidas junto do autocarro que nos tinha levado a Lisboa e nada. Fui então até junto dos outros autocarros, que se deslocaram à mesma cerimónia, tentando arranjar companhia para o almoço.

Foi assim que na viatura de Braga encontrei 2 companheiros. Não os conhecia, mas não hesitei, minimamente, em convidá-los a virem almoçar comigo, já que só inevitavelmente é que almoço sozinho.

Depois de me apresentar, soube que os seus nomes eram Carlos Costa e Silva e João Gomes, tendo o primeiro serviu a Pátria em Moçambique e o segundo em Angola.

Estes dois amigos tinham levado farnel e começavam a preparar a mesa existente no autocarro, pelo que pensei: "Nada feito estes já estão desenrascados".

Mesmo assim disse-lhes:

- Desculpem amigos procuro companhia para ir almoçar, já que detesto comer sozinho.

Logo me responderam unanimemente:

- Não senhor, nós temos aqui comida que chega para os três. Sente-se aqui e faça-nos você companhia que é bem-vindo!

Verifiquei que realmente eles iam bem "equipados" e anui em juntar-me a eles, pelo menos digeria qualquer coisa acompanhado, o que eu considerei óptimo:

- Ok, muito obrigado, sendo assim junto-me a vocês com todo o prazer.

Enquanto debicávamos o faustoso farnel começamos a conversar das nossas vidas no Ultramar. Pensava eu com estive na Guiné e assim cada um de nós tinha estado numa ex-província diferente da do outro, pouco teríamos em comum além de sermos os 3 ex-combatentes.

A certa altura diz o João Gomes:

- Eu combati em Angola mas sou natural da Guiné, mais precisamente de Santa Luzia (localidade à saída de Bissau que se estende quase até Brá). Pertenço à etnia "Papel". Olha Magalhães Ribeiro, o meu irmão era COMANDO, chamava-se Joaquim Gomes. Foi assassinado tempos depois, na Guiné, pelo simples facto de ter combatido pela sua nacionalidade: Portugal.

Senti-me a cair das nuvens. Seria que eu estava frente ao irmão do Homem que me confiara uma "parte" da sua vida, desconhecendo, naturalmente, que o seu fim já estava traçado, e que eu guardara religiosamente durante os últimos 30 anos.

Contei-lhe então a minha "história com o Joaquim. Descrevi-o fisicamente e fisionomicamente. Tudo coincidia com as características do seu falecido irmão. É claro que o João, espantado foi ligando os factos e comovido perguntou-me:

- Magalhães sabes quantos "Joaquim Gomes", africanos, haveria nos "COMANDOS".

- Não faço ideia João. Mas se calhar só havia um! Sossega amigo João, que eu vou fazer o seguinte. Dadas as grandes probabilidades de que o Joaquim de que eu falo seja mesmo o teu irmão, vou entregar ao teu cuidado o emblema que tenho na minha posse, pois creio que fica muito bem entregue nas tuas mãos.

12JAN2004 – O “regresso” à família


Assim aconteceu no princípio do mês de Janeiro, do corrente ano, e com o testemunho do Presidente da nossa Associação - o RANGER Cutinho Bastos, o João tomou posse daquele velhinho e esmurrado crachá "COMANDO", que eu mantive imaculadamente guardado na minha vitrina de relíquias da guerra.
Quanto à história do assassinato em massa, traiçoeiro e deshumano de cerca de 21 mil homens que serviram no Exército Portugês, muitos deles baptizados na religião católica como portugueses, com B.I. português, que vestiram uma farda portugesa, juraram, tal como nós, fidelidade à bandiera Nacional, cumpriram ordens de militares Lusos e foram abandonados à sua sorte, escreverei noutra mensagem.

Um testemunho deixo já aqui, é que eu sei e muitos centenas/milhares de ex-Combatentes, pois ouvimos clara e inequivocamente, já depois de concedida a independência à Guiné-Bisau, os elementos do P.A.I.G.C. garantirem àqueles que vieram a assassinar, para estarem confiantes e sossegados que nada lhes irira acontecer e que todos juntos não eram de mais para recsonstruir o seu país.

Assim foram traídos na sua boa fé os nossos incomparáveis, bravos e fiéis ex-Comandos Africanos, ex- Fuzileiros Especiais, ex-Milícias e restantes africanos que serviram nas tropas portuguesas.

M8 - Principais Etnias da Guiné-Bissau

Principais Etnias da Guiné-Bissau
(segundo o Director: Carlos Fontes da LUSOTOPIA)

Os guineenses na sua esmagadora são de raça negra e originários de cerca de 40 etnias. Um verdadeiro mosaico de povos e culturas.

Agrupamentos étnicos da Guiné-Bissau.

1. Paleossudaneses e outros povos:
Grupo litoral : Balantas (Balantas manés, Cunantes e Nagas), Djolas (Bbaiotes e Felupes), Banhuns, cassangas e Cobianas, Brames, Majancos e Papéis, Bijagós, Biafadas, Nalus, Bagas e Landumãs. Grupo Interior: Pajadincas (Bajarancas) e Fandas

2. Neo-Sudaneses.

Grupo Mandinga: Mandingas, Seraculés, Bambarãs, Jacancas, Sossos, Jaloncos. Grupo fula: Fulas forros (fulacundas) fulas pretos, futajoloncas (Boencas, futa-fulas e futa-fulas pretos), Torancas (Futancas ou Tocurores).

Os grupos mais importantes são os balantas (30% da população), os Fulas (20%), Maníacas (14%), Mandingas (13%), e os Papéis (7%) (dados de 1996). No litoral predominam os Balantas que cultivam arroz e gado bovino. Os Bijagós, que habitam no arquipélago com o mesmo nome, formam uma sociedade matriarcal. O Interior é ocupado pelos Fulas que são nómadas, dedicam-se à criação de gado e à agricultura itinerante.

Os cultos tradicionais são predominantes (45,2%), seguindo-se os islâmicos (39,9% e os cristãos (13,2%, sendo os católicos 11,6%, outros 3,8%, dupla filiação 2,2%).O número dos que se afirmam sem religião ou ateus é mínimo (1,6%) (dados de 2000).

Carlos Fontes (LUSOTOPIA)

M7 - GUINÉ - VICTÓRIA ou DERROTA?


GUINÉ - VICTÓRIA ou DERROTA?

Uma questão polémica que se levanta nas conversas, de vez em quando, entre aqueles que de algum modo se interessam pelo tema; "Guerra do Ultramar - Frente da Guiné", é se a tínhamos perdido militarmente no terreno, ou não.


Felizmente, são vários os intervenientes neste conflito que têm vindo a participar com as suas experiências e os seus testemunhos escritos e fotográficos, com o estudo e análise literária de relatos, estórias, fotos, etc., na catarse desta face da guerra que atravessámos em África.
Na minha modesta opinião pessoal, atrevo-me a dizer que qualquer esboço de uma resposta a esta dúvida, permanecerá eternamente inconclusiva, felizmente para mim por motivos óbvios (caso a guerra continuasse eu estava condenado a estar na Guiné pelo menos nos anos de 1974 e 1975), já que, como todos sabemos, todas as hostilidades naquela pequena parcela de terra, terminaram com o "25 de Abril de 1974".

Para basear a afirmação contida no parágrafo anterior, exponho aqui 2 documentos que fazem parte da diversa documentação que eu possuo no meu arquivo pessoal, sobre este conflito da recente História de Portugal, que vem ganhando foros controversos e míticos.

Muito agradecido ficava que me comunicassem, se alguém conhece algum desmentido, ou contestação oficial, oral ou escrita, sobre as afirmações contidas nestes documentos aqui publicados, pelas entidades máximas da Guiné-Bissau pós-libertação.


Não que se duvide da íntegra veracidade destas declarações, mas à sempre alguns idiotas, incrivelmente no nosso meio, que insistem em derrotar as valentes e competentes tropas portuguesas na frente da Guiné baseados em NADA, a não ser por motivos tacanhos, políticos, cobardia, traição, ou, à falta de qualquer um destes, na sua estupidez e burrice nata.

Importante é que se interprete o silêncio mantido pelas autoridades guineenses, desde sempre, sobre esta matéria  como um sim inequívoco à sua aceitação histórica.
No entanto, dada a clarividência das entrevistas, muito bem narradas nos artigos pelos jornalistas, deixo à análise e conclusão pessoal de cada um, a evidência histórica dos factos relatados, pouco ou nada explorados nos debates, colóquios e seminários a que tenho assistido.

O primeiro recorte (em 3 partes) é da autoria do jornalista José Paulo Fafe, do jornal "Tal & Qual", com data de 14 de Maio de 1999, e o segundo (em 2 partes) não assinado do jornal "O Diabo".

sábado, 27 de setembro de 2008

M6 - O ARRIAR DA ÚLTIMA BANDEIRA PORTUGUESA NA EX-PROVÍNCIA PORTUGUESA DA GUINÉ E O HASTEAR DA PRIMEIRA BANDEIRA DA GUINÉ-BISSAU


O ARRIAR DA ÚLTIMA BANDEIRA PORTUGUESA NA EX-PROVÍNCIA PORTUGUESA DA GUINÉ E O HASTEAR DA PRIMEIRA BANDEIRA DA GUINÉ-BISSAU


GUINÉ > MANSOA < 9 de Setembro de 1974


Com a revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal continental, foi dada como terminada aquela que foi designada como Guerra do Ultramar, que o país travava em África, nas três conhecidas frentes: Angola, Guiné e Moçambique.

A independência foi então concedida às mencionadas províncias ultramarinas, e em 9 de Setembro de 1974, foi o território da Guiné entregue ao movimento mais significativo que combatias as tropas portuguesas: o P.A.I.G.C.

A entrega do poder decorreu numa cerimónia oficial, em 9 de setembro de 1974, no dos quartel de Mansoa, um dos mais importantes do dispositivo militar do C.T.I.G., que constituía o C.O.P. 4 (Comando Operacional 4).

Estava ali sediada a CCS do Batalhão 4612/74. Este foi o último batalhão que embarcou para a Guiné e também o último que de lá saiu, tendo com missão última assegurar a retirada do dispositivo militar naquele território.

Assim, a dita cerimónia foi celebrada por Portugal, por um grupo de combate da C.C.S. do Batalhão 4612/74, comandada pelo Major José M. S .Ramos de Campos e pelo Comandante do Batalhão – Cor. António C. Varino.

O representante do poder político português, o C.E.M.E. do C.T.I.G., foi o Major Fonseca Cabrinha.

Pelo P.A.I.G.C., esteve presente um grupo de combate, os comandantes dos diversos sectores e o Comissário Político - Manual Ndinga.

À cerimónia compareceram ainda uns largos milhares de nativos locais, de diversas etnias: papéis, balantas, fulas, futa-fulas, mandingas, manjacos, etc., e umas dezenas de jornalistas de todo o mundo. É de realçar, que entre o povo se destacavam, um grupo dos designados “pioneiros” do P.A.I.G.C., a Dª Luisa Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e o seu filho.

A bandeira portuguesa foi arriada por mim, à data Furriel Miliciano de Operações Especiais - Eduardo José Magalhães Ribeiro. A primeira bandeira da Guiné-Bissau foi hasteada por um guerrilheiro/militar do P.A.I.G.C.

NÃO ERA UMA BANDEIRA QUALQUER


A Bandeira ondulava ao vento... firme e formosa,
Naquele alto e velho mastro do quartel... como voa,
O esplendor de Portugal garantia... assaz vaidosa.
Quanta veneração em sua honra... e quanta loa,
Tais façanhas heróicas dali presenciou... orgulhosa!
Bradai - às armas - lusitanos... se o inimigo soa,
Qu’Ela é o símbolo magno de união... gloriosa,
S’ameaça à Pátria algum inimigo... apregoa!
Qu’a garra deste povo... tem engenho e arte talentosa,
P’ra levar de vencida... que seja a besta em pessoa!
Qu’ali num naco d’África cumpriu de forma honrosa,
Dando mostras de valor indómito qu’inda hoje ecoa!
Até q’um dia no país se levantou tropa revoltosa,
Reformando a política do Ultramar... em Lisboa,
E qu’emanou então para Bissau determinação rigorosa;
Que em Portugal, a liberdade, é bombarda qu’atroa,
E independência às colónias concedeu airosa,
Em assinatura... cuja data ainda hoje ressoa;
Nove de setembro de setenta e quatro... luminosa.
Também, nesse dia, a Bandeira foi arriada em Mansôa,
Pondo termo a séculos de História maravilhosa,
Pela derradeira vez... em cerimónia digna da “Coroa”,
Perante multidão exultante... e soldados da Nação briosa.
E, assim, a Guiné... sua sorte... embarcou em nova canoa!



Bandeira da Guiné-Bissau

Fotos MR: © Todos os direitos reservados.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

M5 - ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
BREVE HISTORIAL

A Associação de Operações Especiais (A.O.E.), foi oficializada em 6 de Junho de 1980, através de escritura lavrada no Cartório Notarial da cidade de Lamego.

Tomou assim forma o desejo de manter ligados todos aqueles que frequentaram o Curso em Penude, e que sempre ficaram animados de profundos laços de amizade e sã camaradagem.

As confraternizações anuais dos elementos de Operações Especiais, vulgarmente conhecidos por RANGERS, decorriam já desde o ano de 1978.

Foi na confraternização de 6 de Outubro de 1979, que se decidiu criar esta Associação. Nomeou-se uma comissão e as reuniões começaram.

A 19 de Abril de 1980, em Reunião Geral, discutiu-se e aprovou-se o Estatuto e Regulamento Geral, e procedeu-se à eleição para os órgãos sociais. Estes actos foram noticiados nos principais jornais do país.

São finalidades primordiais desta Associação, incentivar uma maior convivência, uma fraternidade dinâmica e uma solidariedade eficaz entre todos os seus Associados.

Vida associativa

A A.O.E. é uma das associações nacionais do género mais criativa, dinâmica, e activa, promovendo e desenvolvendo diversas iniciativas, das quais se destacam:

- a representação em cerimónias para as quais é convidada, festividades, inauguração de monumentos, exposições, celebrações, etc.
- a participação em reuniões com outras Associações, afim de tratar de assuntos inter-associativos diversos, nomeadamente um fundamental, que é a legislação sobre os problemas de stress pós traumático de guerra, que afectam quer os ex-Combatentes do Ultramar, quer mais recentemente os traumas psíquicos que atingem os militares que cumpriram missões na Bósnia, Timor, Afeganistão, etc.
- a publicação de uma revista denominada "O RANGER", onde se dá prioridade ao tratamento da vida interna e activa da Associação, não menosprezando outro articulado sobre assuntos gerais, enriquecidos com fotos, gravuras, estórias, etc.

Actividades

A A.O.E. organiza vários eventos de grande convívio, desafio, emoção e aventura, nomeadamente:

- em colaboração com a sua estimada e originária unidade, o C.T.O.E., concretiza anualmente uma confraternização entre os seus Associados, convidados, familiares e amigos, que se prolonga por um fim de semana.
- organiza actividades radicais, internacionalizados com a participação de elementos de outras Associações congéneres europeias, que incluem marcha, orientação, tiro com calibres reduzidos, obstáculos diversos, escalada, navegação, rapele, slide, etc. com a duração de um fim de semana. Em 2008, realizaram-se dois importantes encontros desta área: um em Fafe e outro no Marco de Canavezes.
- promove encontros semanais, no Porto, dos seus Associados, convidados, familiares e amigos, no "Espaço RANGER".
- organiza almoços e jantares de convívio nas cidades do Porto, Lisboa, Madeira e Açores, dando espacial primazia e destaque aos tradicional almoço anual de Natal, levado a efeito num local central do país, que é ao mesmo tempo um dos mais significativos e queridos dos portugueses, Fátima.
- tem em estudo a organização de viagens turísticas.

Conclusão

Com os seus 30 anos de existência a A.O.E., é sem dúvida superiormente reconhecida, estimada e respeitada, pelas demais entidades e instituições civis, militares e ex-militares, como uma Associação de grande sucesso e vigor, denotando-se esta apreciação na diversa correspondência que lhe é dirigida e na simpatia e carinho como são recepcionados os seus representantes nas recepções oficiais.

Assim, a A.O.E. pretende, justamente, manter-se colocada no topo do movimento associativo nesta entrada do século XXI.

Dados identificativos

ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAS
Apartado 33
5101 – 909 LAMEGO
NIC: 501 809 260
NIB: 003 503 900 002 583 893 274, da C.G.D. (Lamego)
Telef/Fax: 254 615 654
E-mail: aoe@aoe.pt

M4 - Emblemas do C.I.O.E. hoje C.T.O.E.




Anos 60 - Um dos emblemas mais antigos do Centro de Iinstrução de Operações Especiais (C.I.O.E.)
Anos 70 - Outro dos emblemas mais antigos do Centro de Instrução de Operações Especiais (C.I.O.E.)




Anos 70 - O mesmo emblema anterior, que era usado nas t-shirts do Centro de Instrução de Operações Especiais (C.I.O.E.) 
Anos 70 - Mais um dos emblemas que foi usado no Centro de Instrução de Operações Especiais (C.I.O.E.)
Anos 80 - Emblemas usado pela Companhia de Operações Especiais (C.O.E.), nomeadamente no ano de 1985


M3 - O que são forças de Operações Especiais?

Forças em parada do quartel de Santa Cruz (Lamego) - Foto de José Felix

Com devida vénia e agradecimentos reproduzimos na íntegra um excelente artigo do Jornal “PÚBLICO”, da autoria da jornalista CELESTE PEREIRA, publicado no dia 10 de Dezembro de 2001.

Por definição, as operações especiais são aquelas que são levadas a cabo com meios militares não convencionais com vista à concretização de objectivos políticos, económicos ou psicológicos em terreno hostil. Podem realizar-se em guerra ou fora dela, de forma independente ou coordenadas com forças convencionais. Requerem em geral clandestinidade, encobrimento ou baixa visibilidade.

As forças de operações especiais são a ponta-de-lança das novas missões dos exércitos actuais. Em Portugal, só o Exército e a Marinha têm tropas especiais, treinadas no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) e no Destacamento de Acções Especiais (DAE), respectivamente. São o equivalente às forças especiais internacionais de que tanto se tem falado nos últimos tempos, como os "Rangers", os "Marines" e os "Boinas Verdes" americanos.

(Os militares de Lamego são frequentemente conhecidos pela alcunha de "Rangers", o que se deve ao facto de os seus instrutores terem recebido formação nos "Rangers" americanos. São contudo tropas diferentes: os "Rangers" são unidades constituídas à base do choque e da força, as forças de operações especiais portuguesas não procuram o confronto directo).

As forças de operações especiais são chamadas para acções militares de natureza não convencional, nomeadamente acções de vigilância, reconhecimento e destruição de determinados alvos, bem como acções de resgate de pessoas. Em termos operacionais, estes militares estão treinados para obter e relatar dados sobre objectivos vitais, preparar a acção de forças convencionais e a aterragem de meios aéreos em zonas controladas pelo inimigo e sabotar ou destruir instalações importantes para as forças adversárias.

Trabalham em pequenos grupos, sobre alvos de elevada complexidade e importância e cada um deles tem uma especialidade em determinada área. Actuam em qualquer terreno, clima e condições atmosféricas.

As operações não convencionais são em geral de baixo custo e não conquistam terreno. Pelo contrário, as operações convencionais são levadas a cabo por unidades de grande volume, que implicam outros custos financeiros, actuam pelo poder de choque e conquistam terreno.

E se os "Rangers" de Lamego fossem para o Afeganistão?

Jornal “PÚBLICO”, Por CELESTE PEREIRA
Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2001

Retrato das Operações Especiais

Portugal tem tropas especiais bem preparadas, mas sem a tecnologia e os meios de acção e combate dos EUA, líderes mundiais nesta matéria Imagine-se que o Governo português tinha querido mesmo participar no terreno na luta contra o terrorismo, liderada pelos Estados Unidos, e enviar uma coluna militar para combater os "taliban" no Afeganistão: para um teatro de operações onde o Inverno é terrível; onde, além de condições atmosféricas implacáveis, do frio, da neve e das tempestades, existem cordilheiras de 4000 metros que dificultam qualquer acção no terreno. Será que Portugal está preparado para uma missão internacional com esta envergadura? Estará preparado para enfrentar o duro cenário da primeira guerra do século XXI, uma guerra não convencional que está a pôr à prova as tropas especiais americanas e inglesas? Para um militar das forças de operações especiais portuguesas, não há outra resposta possível: sim.

No Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), uma unidade do Exército sediada em Lamego e treinada especialmente para missões de alto risco, há um armazém cheio de equipamento de guerra para a neve (ver infografia). Há também militares que se dizem treinados para o que, na linguagem das operações irregulares, se chama "situação-limite".

Decisão política

Uma intervenção de Portugal na luta contra o terrorismo depende sempre de uma decisão política, mas a acreditar nos responsáveis do CIOE, do Estado-Maior do Exército e do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), se esta viesse a ocorrer, os militares portugueses não dariam qualquer sinal negativo. "Os militares são profissionais e sentido de dever e de missão não lhes falta. Nós temos uma missão específica e estamos prontos para ir para qualquer lado, desde que haja uma decisão política para isso", sublinha o coronel Delfim Lobão, comandante do CIOE.

Em seu favor, os militares das forças de operações especiais portuguesas apresentam a experiência acumulada nas missões em que têm participado a nível internacional, em teatros de operações como a Bósnia Herzegovina, Kosovo, Timor-Leste, Guiné e República do Congo. "Nas missões [internacionais] em que participámos, temos demonstrado que não ficamos rigorosamente nada atrás dos outros", afirma o tenente-coronel Borlinhas, do gabinete do EMGFA. A mesma confiança mostra Palmo Ferro, o tenente-coronel que chefia o gabinete de relações públicas do Exército: "As nossas tropas especiais estão preparadas para actuar em qualquer teatro de operações".

Treino centrado no homem

No CIOE de Lamego, todo o treino operacional é assente num fundamento: o homem. O homem e o conhecimento dos seus limites. Mais do que a tecnologia, este é o pilar fundamental. O treino operacional dos militares de operações especiais está assim assente em três pontos: o ser, o saber e o fazer. No CIOE, o desenvolvimento das capacidades do indivíduo e o conhecimento dos seus limites consegue-se com instrução e treino. Muito treino. Com privação do repouso, dos bens essências e da alimentação.

"Tem que se olhar para o CIOE como um conjunto de homens bem treinados e bem preparados que se vão juntando para determinadas missões. Nós não trabalhamos com grandes massas, é sempre na base do homem que depois se junta e participa em operações", anota o comandante do CIOE.

Dependendo de cada missão, os militares de operações especiais organizam-se em equipas de dois, cinco ou 12 homens. Todos são generalistas, mas cada um tem a sua especialidade: em comunicações, em transmissões, em saúde, etc.

Preparação rigorosa

Portugal não tem um número elevado de militares de forças de operações especiais, mas os efectivos existentes "têm uma preparação de base semelhante à das tropas americanas que estão no terreno de guerra", garante o tenente-coronel Borlinhas. "Os nossos instrutores vão tirar cursos aos 'Rangers' americanos, portanto, toda a preparação e doutrina de base são idênticas", acrescenta o mesmo responsável. O que Portugal não tem é a mesma tecnologia e os mesmos meios de acção e combate que os EUA, líderes mundiais nesta matéria.

Entre os militares, todos reconhecem que o frio é a área que oferece mais problemas em termos de capacidade de resistência e preparação do ser humano. Mas, aparentemente, este não é um problema. Por um lado, porque o clima na zona de Lamego, onde os militares de operações especiais residem, não é propriamente ameno. Por outro, os militares fazem regularmente treinos específicos em ambientes frios e de montanha.

Treinam todos os Invernos na serra da Estrela e participaram já, em 1997 e 2000, em treinos internacionais no âmbito da NATO no Norte de Noruega a temperaturas que rondam os 40 graus negativos. Em Fevereiro do próximo ano, o destacamento de 48 militares do CIOE que integra a Força de Reacção Imediata (Ace Mobile Force Land) da NATO vai uma vez mais para o Norte da Noruega.

Numa força irregular, o importante é a moral e a predisposição ao sacrifício. E embora defendam uma fase de pré-treino para aclimatação ao frio, os militares do CIOE dizem-se preparados para enfrentar o rigor do Inverno no Afeganistão. E garantem também que o material para o frio que se encontra em armazém é suficiente para fazer face às adversidades do clima afegão.

Tempo de aprontamento

Se, de repente, o Governo português decidisse enviar tropas para terreno afegão, de que tempo necessitariam estas para o seu aprontamento? Apenas escassas horas, garantem os militares. "O grau de prontidão dos nossos militares de operações especiais é muito grande e, por isso, o grau de resposta também. Setenta e duas horas de tempo de preparação é norma para nós, mas quando foi para a Guiné (1998) e para o Zaire (1996) em 48 horas colocámo-nos no aeroporto de Figo Maduro em termos de primeira contingência", afirma o comandante do CIOE.

Entre os militares, quase todos se lembram de férias ou dias de descanso interrompidos repentinamente. "Uma vez, um militar estava de férias no Algarve com a família. Foi chamado e oito horas depois estava aqui, pronto para ir para o teatro de operações", recorda um graduado do CIOE.

"Rangers" "versus" forças de operações especiais portuguesas

Os militares do Centro de Instrução e Operações Especiais (CIOE) de Lamego são frequentemente conhecidos pela alcunha de "Rangers", o que se deve ao facto de os seus instrutores terem recebido formação nos "Rangers" dos EUA. Estas são, contudo, tropas diferentes: os "Rangers" são unidades constituídas à base do choque e da força e as forças de operações especiais portuguesas não procuram o confronto directo.

Material para a Neve

Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2001

A falta de preparação para o frio é em si só um factor de risco. Por isso, as forças de operações especiais fazem regularmente treinos específicos em áreas de montanha. Eis algum do equipamento especial para o frio que se encontra armazenado no CIOE de Lamego:

- Várias camadas de vestuário: roupa interior térmica, fatos térmicos, aquecedores de corpo, forros de calças polar, camuflagem branca para mochila, calças e casaco;
- Gorros de dupla face, máscaras faciais para o frio, luvas de lã e luvas à prova de água;
- Meias especiais, botas e sobre-botas;
- Óculos para a neve, skis, localizadores de neve com função de procura em caso de avalanche, macas de neve, cantis de água;
- Sacos cama com braços e abertura na parte inferior que permitem montar segurança a um posto; fato macaco tipo astrounauta altamente quente;
- Climatizadores para tendas insufláveis, fogareiros de alta montanha.

Militares Portugueses Colaboram em Missão Humanitária

Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2001

A luta contra o terrorismo no Afeganistão é liderada pelos Estados Unidos da América e pela Inglaterra e a hipótese de o Exército português enviar tropas de combate para esta guerra está afastada. O que ganhou forma foi a possibilidade de o Governo português participar numa missão de ajuda humanitária organizada no âmbito da ONU para a qual se torna necessário a existência de condições de segurança no terreno.

O Governo disponibilizou já um C130 para o transporte de meios humanitários para o terreno, pessoal de apoio na área da ajuda humanitária, cerca de 17 elementos que compõem a tripulação e uma equipa sanitária de oito elementos, médicos, enfermeiros e socorristas. Esta equipa está preparada para permanecer no terreno até seis meses. Portugal colaborará ainda com o envio de dois oficiais superiores para o comando central norte-americano, sediado em Tampa (EUA). A data do envio e o local da missão deverão ficar definidos nos próximos dias, depois do acordo formal dos norte-americanos.

As outras possibilidades de participação de Portugal, incluídas no levantamento prévio feito pelos chefes militares portugueses, eram um hospital sanitário, equipas de engenharia militar ou uma equipa de Operações Especiais. A decisão política coube ao ministro da Defesa. Segundo fonte do ministério, Rui Pena "fez a avaliação do que seria preciso dentro dos interesses norte-americanos".

(Jornal “PÚBLICO”, Por CELESTE PEREIRA Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2001)

Foto de José Félix: © Todos os direitos reservados.

M2 - Descrição de Operações Especiais


As Forças Especiais são preparadas para participar nas chamadas Operações Especiais: aquelas que se dão em um ambiente e circunstâncias não comuns e pouco corriqueiras, que requerem resposta especial por parte das forças de segurança (locais, estaduais ou mesmo nacionais). 

Estas situações incluem a guerra não-convencional, contra-terrorismo, reconhecimento militar e acção directa. 

As Operações Especiais têm sua definição ligada à proximidade com o gerenciamento de crises, como o resgate de reféns como ou sem explosivos, com a incursão em território inimigo, uso de armamento de ponta e tácticas especiais para cada caso.

Descrição segundo origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Fotos da capa da revista do CIOE/CTOE "Ponto de Reunião": © Todos os direitos reservados.

M1 - UNIDADE MILITAR DE LAMEGO (do R.I.9 ao C.I.O.E.)

 UNIDADE MILITAR DE LAMEGO (do R.I.9 ao C.I.O.E.)


BREVES APONTAMENTOS HISTÓRICOS

A presença ininterrupta e mais que centenária do Exército em Lamego, remonta ao longínquo mês de Agosto de 1839, data em que na cidade e no velho convento de Santa Cruz (ver a história do convento no anexo I), ficou instalado o Regimento de Infantaria n.º 9 sob o comando do Marechal de campo José Athamásio de Almeida.

Do Regimento de Infantaria n.º 9

O Regimento de Infantaria n.º 9 (ver historial do Regimento no anexo II), criado em 1806, em Viana do Castelo, foi transferido para Lamego, em 1839, depois de ter estado sediado temporariamente em Guimarães, Braga e Bragança.

Várias foram as campanhas em que o Regimento tomou parte, nomeadamente na Guerra Peninsular, nas Lutas Liberais, na Divisão Auxiliar a Espanha e na primeira Guerra Mundial e em todas elas a sua actuação foi sempre prestigiante. Em alusão ao valoroso comportamento no 3.º Sítio de Badajoz, foi-lhe concedida a seguinte legenda camoniana.

“E JULGAREIS QUAL É MAIS EXCELENTE SE SER DO MUNDO REI, SE DE TAL GENTE ”

Pela sua brilhante actuação, quando fazendo parte do corpo Expedicionário Português na primeira Guerra Mundial, (ver resumo da participação no anexo III) foi louvado nos seguintes termos: “Pela bravura com que se bateu, no combate de 14, mantendo-se nas suas posições apesar do violento bombardeamento do inimigo, elevando ainda mais o prestígio da 1.ª Divisão. Em todas as reuniões da sua Brigada o 9 formará á direita”. Por esta sua actuação, trazida neste louvor, foi o R. I. 9 condecorado colectivamente com a Ordem Militar da Torre e Espada.

A cidade esculpiu em granito este louvor, que colocou na base do monumento aos Mortos da Grande Guerra e atribuiu na toponímia da cidade o nome do “seu” regimento, numa das principais avenidas.

Ao Centro de Instrução de Operações Especiais
Em 1960, em consequência da reestruturação então operada no Exército, foi extinto o R.I. 9 e por Decreto-Lei 42926, em sua substituição, criado em 16 de Abril de 1960, o Centro de Instrução de Operações Especiais (ver anexo IV) que do velho e glorioso regimento herdou as suas tradições e património histórico-militar.

Ao C.I.O.E. foi cometida a missão de instruir os Quadros do Exército, nas várias modalidades de “Operações Especiais”, realizar estágios de Subunidades, tendo em vista aperfeiçoar a sua actuação numa ou mais modalidades destas operações; e levar a efeito estudos que, de qualquer modo, contribuíssem para melhorar a eficiência das Forças Armadas, no que diz respeito à sua actuação em “Operações Especiais” designadamente nas de maior interesse para a defesa do Território Nacional.

Aqui foram instruídas as primeiras Companhias de Caçadores Especiais e algumas de Comandos e, aqui, receberam instrução através de estágios diversos e cursos de “Operações Especiais”, mais de quatro mil Oficiais e Sargentos que aqui se impregnaram no espirito do seu lema:

“QUE OS MUITOS POR SER POUCOS NAM TEMAMOS”

Durante cerca de 15 anos, com extraordinária vontade e com reconhecido valor, o C.I.O.E. devotou-se totalmente à sua nova missão de instruir quadros de Operações Especiais e de algumas Subunidades , preparando-os para as campanhas de África, então iniciadas, e que nas três frentes no período compreendido entre 1961 e 1974, demonstraram possuir alta noção do seu dever, e se cobriram de glória em muitas das acções em que tomaram parte.

A extrema dureza e realismo imprimidos á instrução de Oficiais, sargentos e praças, tornou o C.I.O.E. sobejamente conhecido em todo o Exército.

Tendo tomado parte activa no movimento do 25 de Abril de 1974, o C.I.O.E. viria a ser extinto em 31 de Julho de 1975, por despacho n.º 37 de 14 de julho daquele ano, do Gen. CEME (ver anexo V).

À Escola de Formação de Sargentos

Em 1 de Agosto de 1975, no quadro de reestruturação então operada nas Forças Armadas, foi o C.I.O.E. extinto e, em sua substituição, criada a Escola de Formação de Sargentos, cuja missão prioritária foi a de ministrar aos futuros sargentos que desejavam ingressar no QP, os conhecimentos militares essenciais ao desempenho das suas futuras missões, nomeadamente o comando de unidades elementares (secção ou equivalente) e ao exercício de funções em órgãos de serviços técnicos administrativos e logísticos.

Missão nobre e de inegável importância, foi cumprida com elevado espírito de missão junto dos cerca de 1100 instruendos que aqui foram instruídos, com aproveitamento e que, posteriormente, foram distribuídos pelas diferentes Armas e Serviços do Exército.

E novamente, o Centro de Instrução de Operações Especiais

A importância crescente que a instrução de “Operações Especiais” assume nas nossas Forças Armadas foi entretanto reavaliada e, a Unidade de Lamego, novamente foi seleccionada, para no conjunto das Unidades do Exército, instruir especialistas de Operações Especiais.

Assim, em 01 de Fevereiro de 1981, foi extinta a Escola de Formação de Sargentos e, em sua substituição, foi criado o Centro de Instrução de Operações Especiais fiel depositário de tradições e património histórico-militar do R.I. 9 e, também, legítimo possuidor das tradições e património histórico-militar do anterior C.I.O.E.

Heráldica
Introdução: Heráldica é a ciência que tem por objecto o estudo das Armas – Emblemas cromáticos distintivos de uma família, de uma comunidade, de um grupo ou de um indivíduo e, complementarmente, a arte da sua ordenação e descrição escrita e iconográfica.

Heráldica do Exército: Terminado o rescaldo da 1.ª Guerra Mundial, a portaria de 28 de Janeiro de 1924 é o primeiro passo para preencher o vazio legal sobre heráldica então existente no Exército.

Em 1966 foi criado, na dependência directa do CEME, o “Gabinete de Heráldica do Exército”, agora com a missão global de ordenar a Heráldica e a Vexilologia do Exército.

Após trabalho profundo e especializado, culminou com a portaria n.º 24107, de 3 de Julho de 1969, que aprovou as “Normas de Heráldica do Exército” e o “Regulamento da Simbologia do Exército”, primeiros documentos regulamentares da matéria na história contemporânea nacional.

Em 1976, o Gabinete de Heráldica passou a integrar-se na Direcção do Serviço Histórico-Militar.

É baseado neste contexto que:

O Brasão de Armas
Por despacho de 05 de Junho de 1981, do Gen. CEME, foi aprovado o Brasão de Armas do C.I.O.E. (ver anexo VII).

Estandarte

Por despacho de 12 de Fevereiro de 1982, o Gen. CEME, aprovou o modelo do estandarte do C.I.O.E. (ver anexo VIII). 

*********************************************************
Insígnias
- Indicativo de “Operações Especiais” (ver anexo IX)

Por despacho de 19 de Julho de 1970, do Ministro do Exército, destinado a todos os militares com a especialidade, manufacturado em bronze e constituído por dois gládios passados em aspa, acompanhados à dextra e à sinistra por uma folha de louro e uma de carvalho, ambas frutadas, a usar do lado direito do peito acima da pestana da algibeira do dólman ou blusão.

- Emblema de boina (verde seco) do C.I.O.E. (ver anexo X)

Por despacho de 06 de Fevereiro ... do Gen. CEME, PUNHAL em pala, apontado para cima, símbolo generalizado das Forças Especiais, evoca o poder, FOLHA DE CARVALHO simboliza a vontade, FOLHA DE LOURO simboliza o valor, TROMPA DE CAÇA simboliza as Unidades de Caçadores, nomeadamente, as de CAÇADORES ESPECIAIS primeiras Unidades Especiais do Exército com origem no C.I.O.E.

Confecção: Em metal amarelo.

Louvores e Condecorações
A 25 de Maio de 1983, sua Excelência o Presidente da República louvou e condecorou o C.I.O.E. com a medalha de Ouro de Serviços Distintos (ver anexo VI).

E é fiel depositário da medalha de Cruz de Guerra de 1.ª classe, concedida à 3.ª Companhia de Comandos (Guiné 1968).

COMANDANTES DA UNIDADE MILITAR DE LAMEGO

R.I. 9

1837-1842
- Cor. José Athamásio de Almeida
1842-1846
- Cor. Bernardo de Gouveia Pereira
1846-1847
- Cor. Bernardo José de Abreu
1849-1862
- Cor. José Manuel da Cruz
1863-1869
- Cor. João António Marçal
1870
- Cor. Francisco de Sales Machado
1870-1872
- Cor. Luís António Osório
1872-1873
- Cor. Bernardo António de Figueiredo
1874
- Cor. Manuel Gonçalves Pinto Júnior
1875-1876
- Cor. Francisco António de Carvalho
1876-1883
- Cor. João António Ferreira dos Santos
1884
- Cor. Domingos António Gomes
1884-1885
- Cor. Dioclediano Victor Araújo de A. Rodado
1885
- Cor. Domingos Teodoro Magno da Cunha
1885-1886
- Cor. Manuel Joaquim Marques
1886-1889
- Cor. Carlos Augusto Pereira Chaby
1889-1893
- Cor. José Joaquim Ilharco
1893-1898
- Cor. António Cândido Rosado Jara
1898
- Cor. Francisco Gonçalves Costa
1898-1899
- Cor. Júlio Augusto Nascimento e Silva
1899
- Cor. Francisco Augusto Martins Carvalho
1899-1900
- Cor. José Vicente Consulado Júnior
1900
- Cor. José Pedro Kuchenburk Villar
1900-1902
- Cor. José Inácio de Mello P. de Vasconcelos
1902-1903
- Cor. José de Figueiredo
1903-1904
- Cor. José Joaquim Bettencourt da Câmara
1904
- Cor. Bartolomeu Sezinando Ribeiro Artur
1904-1905
- Cor. José Maria de Almeida
1905-1907
- Cor. Luís Maria Teixeira Lopes
1907
- Cor. Joaquim Andrade Pissarra
1907-1908
- Cor. Arsénio da Silva Moreira
1909-1910
- Cor. Abel Augusto Nogueira Soares
1910
- Cor. José Ferreira da Silva Júnior
1910
- Cor. José Júlio Martins Correia
1910-1911
- Cor. Aires Osório de Aragão
1911-1912
- Cor. José Augusto Pinto Machado
1912-1914
- Cor. Joaquim José de Castro Júnior
1914-1915
- Cor. Domingos Beleza da Costa
1915-1916
- Cor. António Aparício Ferreira
1916-1917
- Cor. Gaspar da Cunha Prelada
1918
- Cor. Angelo Leopoldo da Cruz e Costa
1919
- Cor. José Francisco de Barros
1919-1925
- Cor. José Augusto Cardoso
1925-1926
- Cor. António Maria da Costa Zagalho
1927-1931
- Cor. Manuel Teles Amaro
1932-1933
- Cor. José Estevão Cunha Victória Pereira
1934-1935
- Cor. Joaquim Leitão
1935-1936
- Cor. Joaquim Gonçalves Ribas
1936
- Cor. Luís de Nascimento Dias
1937
- Cor. Fernando de Castro Gonçalves
1938-1939
- Cor. José Marques Escrivanis
1939
- Cor. Joaquim Peixoto Martins Mendes Norton
1939
- Cor. Ciríaco José da Cunha Júnior
1939-1940
- Cor. Augusto Martins Nogueira Soares
1940-1941
- Cor. Jaime Rodolfo Morais e Silva
1941-1942
- Cor. Francisco Monteiro de Carvalho Lima
1942
- Cor. Joaquim Maria Neto
1943-1944
- Cor. Malaquias Augusto de Sousa Guedes
1944-1946
- Cor. Henrique Alberto de Sousa Guerra
1947-1950
- Cor. Arnaldo Lopes Ramos
1950-1952
- Cor. Vergílio Pereira Estrela de Oliveira
1952-1953
- Cor. Gervásio Martins Campos de Carvalho
1953-1954
- Cor. Joaquim Cardoso Moura Bessa
1954-1955
- Cor. Afonso Martins Correia Gonçalves
1955-1957
- Cor. Arnaldo Alfredo Fontes
1957-1959
- Cor. Eduardo Pinto Barradas

C.I.O.E.

1960-1961
- Ten. Cor. José Manuel Henriques da Silva
1961-1965
- Cor. Flamínio Machado da Silveira
1965
- Ten. Cor. David Teixeira Ferreira
1965-1967
- Ten. Cor. João A. Teixeira Henriques
1967-1968
- Ten. Cor. António Manuel Baptista de Carvalho
1968-1969
- Cor. João G. Pessanha
1969-1970
- Ten. Cor. António Dias Machado Correia Diniz
1970-1971
- Ten. Cor. Fernando Lisboa Botelho
1971-1972
- Ten. Cor. Mário Hernani V. Mendonça
1972
- Cor. António Dias Machado Correia Diniz
1972-1973
- Cor. António Adelino Antunes de Sá
1973-1974
- Cor. Amilcar José Alves
1974-1975
- Ten. Cor. Alcides José Sacramento Marques
1975
- Cor. Mário Hernani V. Mendonça

E.F.S.

1975-1977
- Cor. Carlos Alberto Gomes Saraiva
1977-1978
- Cor. João de Almeida Bruno
1978-1980
- Cor. Mário Lemos Pires
1980-1981
- Cor. José dos Santos Carreto Curto

C.I.O.E.
1981...

C.T.O.E.
...2008