domingo, 17 de agosto de 2014

M584 - FALECEU UM HERÓI NACIONAL E UM GRANDE PORTUGUÊS! Sr. GEN. António Elísio Capelo Pires Veloso

FALECEU UM HERÓI NACIONAL E UM GRANDE PORTUGUÊS!
PORTUGAL E A FAMÍLIA RANGER ESTÃO DE LUTO! 

FALECEU UM HERÓI NACIONAL E UM GRANDE PORTUGUÊS! Sr. GEN. António Elísio Capelo Pires Veloso 


FALECEU UM HERÓI NACIONAL E UM GRANDE PORTUGUÊS!

1ª COMPANHIA INTEGRALMENTE CONSTITUÍDA POR RANGERS, POR ORDEM DO SR. GENERAL.
 OS HOMENS DA COMPANHIA OPERACIONAL DE LEIXÕES QUE SE REÚNEM E CONVIVEM TODOS OS ANOS
 UMA PRESENÇA INDISPENSÁVEL
 JAMAIS O ESQUECEREMOS
 MEU GENERAL ESTE ANO NÃO PODERÁ ESTAR FISICAMENTE MAS ESTARÁ O SEU ESPÍRITO JOVIAL E FRATERNO
 QUE DEUS O MANTENHA COMO SEU BRAÇO DIREITO...
ATÉ BREVE MEU GENERAL...

M583 - FALECEU UM HERÓI NACIONAL E UM GRANDE PORTUGUÊS! Sr. GEN. António Elísio Capelo Pires Veloso

PORTUGAL E A FAMÍLIA RANGER ESTÃO DE LUTO! FALECEU UM HERÓI NACIONAL E UM GRANDE PORTUGUÊS!



António Elísio Capelo Pires Veloso (Gouveia, 10 de agosto de 1926Porto, 17 de agosto de 2014) foi um major-general do Exército português.

Frequentou o Liceu Nacional Alexandre Herculano, no Porto, até 1944, ano em que se matriculou no Curso de Preparatórios Militares da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Aos vinte anos ingressou na Escola do Exército, concluindo o curso de Infantaria, a que se seguiu o tirocínio na Escola Prática de Infantaria. Em 1949 iniciou efetivamente a sua carreira militar, como alferes em Macau, onde permaneceu até 1951. Em 1961, com o eclodir da Guerra do Ultramar, prestou serviço em Angola, até 1964, e em Moçambique, de 1965 até 1974.

Após o 25 de Abril de 1974, Pires Veloso foi nomeado governador de São Tomé e Príncipe, até 18 de Dezembro do mesmo ano, data em que passou a alto comissário, função que manteve até à independência do território, a 12 de julho de 1975.1 Em Setembro de 1975, na era do PREC, foi designado comandante da Região Militar do Norte, com quartel-general no Porto, dando por terminada a sua missão em 1977. Na sequência do Golpe de 25 de Novembro de 1975, foi nomeado membro do Conselho da Revolução, até 1977. Com a frequência do Curso Superior de Comando e Direcção do Instituto de Altos Estudos Militares, ascendeu em 1988, à patente de oficial general.

Pires Veloso candidatou-se a Presidente da República Portuguesa, como independente, nas eleições de 1980, nas quais foi reeleito Ramalho Eanes.2

No dia 25 de Abril de 2006 foi agraciado pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio com a Medalha Municipal de Mérito (Grau Ouro), pelo seu «desempenho militar» e «papel fundamental na consolidação da democracia nacional durante o período em que comandou a Região Militar do Norte».3 Publicou o livro Vice-Rei do Norte - Memórias e Revelações,4 em 2009. Pires Veloso era irmão mais novo de Aureliano Veloso, o primeiro presidente da Câmara Municipal do Porto eleito democraticamente após o 25 de Abril de 1974, e tio do cantor Rui Veloso.

Faleceu a 17 de agosto de 2014, no Hospital Militar do Porto, com 88 anos. 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_El%C3%ADsio_Capelo_Pires_Veloso 


terça-feira, 12 de agosto de 2014

M582 - PROTOTIPO DE EMBLEMA PARA A EQUIPA DE AIRSOFT-RANGERS DO PORTO.

PROTOTIPO DE EMBLEMA PARA A EQUIPA DE AIRSOFT-RANGER DO PORTO.


A SER APROVADO POR MAIORIA DOS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM A EQUIPA!


quinta-feira, 24 de abril de 2014

M581 - RANGER Lino Ribeiro do 2º Curso de 1971 - Aspectos de Penude

Continuação das mensagens M462, M464, M465, M485 e M496. 



RANGER Lino Ribeiro
2º Curso de 1971
Angola 1971/74 - 7

Penude 1971 

O RANGER Lino cumpriu a sua comissão militar em Angola, 1971 a 1974, integrado na CART 3454 / BART 3861 (Companhia de Artilharia 3454 / Batalhão de Artilharia 3861), nas zonas de Zala e Quinguengue. 

Nesta mensagem apresentam-se 3 raras fotos da velha parada do quartel de Penude, em Maio/Junho de 1971. 


 O velho emblema do portão do quartel
Esta é mesmo para a foto
Aqui arranjando a boina

quarta-feira, 12 de junho de 2013

M580 - Porque não vou ao 10 de Junho! por Manuel Barbosa (Combatente por Portugal - GE)

Porque não vou ao 10 de Junho!

por Manuel Barbosa (Combatente por Portugal, em Moçambique nos Grupos Especiais) 


SE A MEMÓRIA NÃO ME DEIXA FICAR MAL, PELO HÁ TRÊS ANOS CONSECUTIVOS QUE ANUNCIAM :

- SALTO DE PARA-QUEDISTAS E NADA DISSO ACONTECE.

- PASSAGEM DE AERONAVES E NADA DISSO ACONTECE.

Em primeiro lugar estou farto que me enganem e de propaganda barata. Para isso já temos a casta politica há 40 anos.

Para cúmulo este ano pôem alguém a discursar que quer que os portugueses comam CAPIM e disso já tive suficiente quando estive em Moçambique e NÃO QUERO E ESTOU DISPOSTO A LUTAR para que os PORTUGUESES actuais não saibam o que isso é.

Posto isto e pela primeira vez não vou a Lisboa ao "10 de Junho". 

Voltarei a ir quando os ideais pelo que lutei: PORTUGAL LIVRE, SOBERANO E INDEPENDENTE estiverem presentes.
Não vou, porque:


Estou farto de escória! 

Estou farto de escumalha! 

Estou farto de ser roubado, gozado, ludibriado! 

Estou farto destes gandulhos pós-abrilada. 

E para cúmulo, este ano põem a discursar uma não sei quem é que disse que os portugueses têm de comer "capim". QUE O COMA ESSA MULHERZINHA!!!!!!!!!!!!!!!! DOUTORA EM QUÊ????? 

E porque em vez desta gente que não diz nada aos Combatentes não põem gente do MOVIMENTO NACIONAL FEMENINO a falar? 

O MOVIMENTO NACIONAL FEMININO sim que foi uma mais valia para PORTUGAL E PARA AS TROPAS!!!!!!!!!! 

Porque insistem em escolher para falar energúmenos com ligação ao poder a arengar à gente???? QUE VÃO A BORDA-MERDA!!!!!!!!!!!!!! 

Já basta de tanto servilismo com esta gentuça ladrona, inútil, incompetente e parasitária!!!!!!!!!!!!!! 

ESTOU FARTO DESTA ESCUMALHA ABRILEIRA. BANDO DE TRAIDORES E COBARDES. 

EU NÃO QUERO SER COLABORADOR DESTA ESCUMALHA DE "VICHY". QUEM QUISER QUE O SEJA! 

EU SÓ PENSO EM LIBERTAR PORTUGAL DESTA ESCUMALHA.

REPITO, LIBERTAR PORTUGAL DESTA ESCUMALHA. DESTE ESTERCO HUMANO QUE NOS QUER CONVERTER EM ESCRAVOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 

NUNCA mais estarei presente num "10 DE JUNHO" promovido ou patrocinado ou apoiado por ESCÓRIA ABRILEIRA. 

E TENHO MEUS RECEIOS QUE A MINHA ASSOCIAÇÃO, A ASSOCIAÇÃO DOS GE'S/GEP'S, O SUPRA-SUMO DAS TROPAS ESPECIAIS DE PORTUGAL, DO PORTUGAL LIVRE, SOBERANO E INDEPENDENTE, ESTEJA A APOIAR/PATROCINAR ESTA ESCÓRIA. 

MAS EU, REPITO EU, MANUEL BARBOSA, NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 

SE O SAUDOSO CORONEL COSTA CAMPOS ESTIVESSE VIVO DUVIDO, MELHOR, TENHO A CERTEZA, DE QUE ISTO NÃO PASSARIA. 

OU NOS MANTEMOS FIRMES OU ESTA ESCÓRIA, ESTA ESCUMALHA DE COBARDES E TRAIDORES ABRILEIROS ACABARÁ MESMO DE TERMINAR COM PORTUGAL!!!!!!!!

VIVA PORTUGAL SOBERANO, INDEPENDENTE E LIVRE DE ESCUMALHA E TRAIDORES ABRILEIROS!!!!!!!!!!!!!!!!! 

ESTOU FARTO, FARTO, FARTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

M579 - 10 de JUNHO em Belém - Junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar



COMUNICADO À IMPRENSA

XX ENCONTRO NACIONAL DE HOMENAGEM AOS COMBATENTES

10 DE JUNHO DE 2013

A Comissão Executiva para a Homenagem Nacional aos Combatentes 2013 promove no próximo dia 10 de Junho, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, Lisboa, o seu XX Encontro Nacional. As cerimónias que ali terão lugar têm por objectivos comemorar o Dia de Portugal e prestar homenagem a todos aqueles que tombaram em defesa dos valores e da perenidade da Nação Portuguesa. 

Por esta razão, ali se reúnem sempre um tão grande número de Portugueses, não só os que foram combatentes no ex-Ultramar e os que mais recentemente serviram em missões de paz no estrangeiro, mas também todos aqueles que, amantes da nossa História e envolvidos na construção de um futuro mais próspero para a sociedade portuguesa, querem ser participantes activos nesta homenagem. 

O programa é o seguinte:

10H30 – Missa no Mosteiro dos Jerónimos presidida pelo Senhor Bispo D. Nuno Brás;

11H30 - Concentração para a cerimónia;

12H00 - Abertura pelo Presidente da Comissão, Almirante Melo Gomes;

12H05 - Cerimónia inter-religiosa (católica e muçulmana);

12H10 - Discurso de homenagem aos combatentes pela Sra. Dra. Isabel Jonet;

12H20 - Homenagem aos mortos e deposição de flores;

12H40 - Hino Nacional (salva protocolar por navio da Marinha);

12H45 - Passagem de aeronaves da Força Aérea;

12H50 - Passagem final pelas lápides;

13H10 - Salto de pára-quedistas do Exército;

13H20 - Almoço-convívio.

Serão convidados de honra a Câmara Municipal de Lisboa, todas as Chefias Militares, os militares agraciados com a Ordem Militar da Torre e Espada, o Comando Geral da GNR, a Direcção Nacional da PSP, os Presidentes das Associações de Combatentes, o Secretário Executivo da CPLP e os Adidos Militares ou Culturais junto das embaixadas da CPLP. 

Todos os portugueses são convidados a participar nesta homenagem aos que deram a vida pela Pátria e, desta maneira, celebrarem o Dia de Portugal.

Pomo-nos desde já à disposição para prestar mais esclarecimentos ou, inclusivamente, para participar numa entrevista sobre a matéria, em data e hora a combinar. Em anexo se envia um programa-convite das cerimónias e uma foto do local.

Comissão Executiva para a Homenagem Nacional aos Combatentes 2013 (CPHM)

Palácio da Independência - Largo de S. Domingos, 11 - 1150-320 Lisboa

Tmóvel: 937 026 693 encontro.combatentes@gmail.com 10dejunho.org 


M578 - Em vésperas do "10 de Junho dos Combatentes". por Jonathan Llewellyn

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Em vésperas do "10 de Junho dos Combatentes"

(publicado em 01Jun2013 por Jonathan Llewellyn, em "Publicações recentes de outras pessoas") 

*GUERRA  DO ULTRAMAR EM  PORTUGAL -  1961 - 1974*

*Espero que perdoem a um estrangeiro intrometer-se neste grupo, mas é preciso que alguém diga certas verdades.*

*A insurgência nos territórios ultramarinos portugueses não tinha nada a ver com movimentos nacionalistas. Primeiro, porque não havia (como ainda não há) uma nação angolana, uma nação moçambicana ou uma nação guineense, mas sim diversos povos dentro do mesmo território. E depois, porque os movimentos de guerrilha foram criados e financiados por outros países.*

*ANGOLA – A UPA, e depois a FNLA, de Holden Roberto foram criadas pelos americanos e financiadas (directamente) pela bem conhecida Fundação Ford e (indirectamente) pela CIA.*

*O MPLA era um movimento de inspiração soviética, sem implantação tribal, e financiado pela URSS. Agostinho Neto, que começou a ser trabalhado pelos americanos. só depois se virando para a URSS, tinha tais problemas de alcoolismo que já não era de confiança e acabou por morrer num pós-operatório. Foi substituído pelo José Eduardo dos Santos, treinado, financiado e educado pelos soviéticos.*

*A UNITA começou por ser financiada pela China, mas, como estava mais interessada em lutar contra o MPLA e a FNLA, acabou por ser tolerada e financiada pela África do Sul. Jonas Savimbi era um pragmático que chegou até a um acordo com os portugueses.*

*MOÇAMBIQUE - A Frelimo foi criada por conta da CIA. O controleiro do Eduardo Mondlane era a própria mulher, Janet, uma americana branca que casou com ele por determinação superior. Mondlane foi assassinado por não dar garantias de fiabilidade, e substituído pelo Samora Machel, que concordou em seguir uma linha marxista semelhante à da vizinha Tanzânia. Quando Portugal abandonou Moçambique, a Frelimo estava em ta estado que só conseguiu aguentar-se com conselheiros do bloco de leste e tropas tanzanianas.*

*GUINÉ –- O PAIGC formou-se à volta do Amílcar Cabral, um engenheiro agrónomo vagamente comunista que teve logo o apoio do bloco soviético. Era um movimento tão artificial que dependia de quadros maioritariamente cabo-verdianos para se aguentar (e em Cabo Verde não houve guerrilha).
Expandiu-se sobretudo devido ao apoio da vizinha Guiné-Konakry e do seu ditador Sékou Touré, cujo sonho era eventualmente absorver a Guiné portuguesa.*

*Em resumo, territórios portugueses foram atacados por forças de guerrilha treinadas, financiadas e armadas por países estrangeiros. Segundo o Direito Internacional, Portugal estava a conduzir uma guerra legítima. E ter combatido em três frentes simultâneas durante 13 anos, estando próximo da vitória em Angola e Moçambique e com a situação controlada na Guiné, é um feito que, militarmente falando, é único na História contemporânea.*

*Então porque é que os portugueses parecem ter vergonha de se orgulharem do que conseguiram.*

*Publicado a 01 de Junho 2013 por Jonathan Llewellyn em "Publicações recentes de outras pessoas".*

segunda-feira, 20 de maio de 2013

M577 - Combater por Portugal, Hoje e Sempre - Colóquio na Universidade Católica



Combater por Portugal, Hoje e Sempre - Colóquio na Universidade Católica


No dia 22 de Maio, realizar-se-á um Colóquio, no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, pelas 18:00, na sala de Exposições, subordinado ao tema: “Experiências pessoais desde a Índia aos nossos dias”.

Neste colóquio, os sobreviventes da guarnição da Lancha “Vega”, que combateu e foi afundada em Diu, em 1961 pela União Indiana, irão fazer um relato emocional, na primeira pessoa, das experiências vividas e do testemunho dos que pereceram nesse dia combatendo pela pátria.

Seguidamente, o Major António Lobato, prisioneiro do PAIGC entre 1963/70, falará da sua experiência, das circunstâncias da sua captura, de como resistiu a sete anos de cativeiro e como foi libertado na operação Mar-Verde em 1970.

A fechar este colóquio um combatente recente, falará da sua experiência nos teatros actuais do Kosovo e Afeganistão.

Veja o convite neste link...

Convidam-se os OCS que desejem participar e acompanhar este evento, significativo, principalmente neste período de incerteza nacional, a comparecer no dia 22 de Maio pelas 18:00, na Sala de Exposições no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica. 

Este evento é promovido pela Comissão Executiva para a XX homenagem aos ex-combatentes do dia 10 de Junho de 2013, presidida pelo Sr Almirante Melo Gomes, ex-Chefe do Estado-Maior da Armada. 

Para mais informações convida-se os OCS a visitarem o sítio 10dejunho.org

A Comissão Executiva para o XX encontro de Homenagem aos ex-combatentes no próximo dia 10 de Junho de 2013. 

domingo, 5 de maio de 2013

M576 - Combatentes por Portugal. Vergonha e traição!


Os Combatentes da Guerra do Ultramar - COMBATENTES POR PORTUGAL -, são ignorados pela politicalhada nacional e pseudo-intelectuais da treta apenas por culpa própria.

Governados desde 1974, por políticos irresponsáveis, incapazes, incompetentes e corruptos, muitos deles também ex-Combatentes, nunca a maioria desses ex-militares se soube fazer respeitar.

Com os PRECs e outras tretas abjectas e amorfas, pós-25 de Abril de 1974, foi incutida na maioria dos ex-combatentes a  ideia de que a guerra foi culpa do povo português e que Salazar e Caetano é que nos arranjaram umas territas em África para nos entretermos a matar uns "pretitos".

IGNORANTES!

Toda a culpa é dos ex-combatentes e de mais ninguém por nunca se fazerem respeitar.

Pior é que a mentalidade de, digamos 90%, sofre do Síndroma de Calimero.

Quando Paulo Portas disse que ia dar algum dinheiro aos Combatentes da Guerra do Ultramar, foram aos milhares os que ocorreram junto  das associações para se associarem e logo a seguir deixaram de pagar cotas e desistiram.

Depois, também várias associações "morreram", abandonadas pela força que haviam tido à data da inscrição massiva de associados e outras causas, essencialmente políticas.

Um excelente exemplo, são as cerimónias do 10 de Junho, onde é visível que dos cerca de 650 mil Combatentes, só ali aparece uns 3 a 5 mil. Poucos levam as suas bóinas, guiões e insígnias para mostrar e gritar ao país:

ESTAMOS AQUI, JUNTO DOS LÁPIDES COM OS NOMES DOS NOSSOS MORTOS NA GUERRA! HOMENAGEANDO-OS E ORGULHANDO-NOS DELES COM COMBATENTES POR PORTUGAL!

Muitos preferem ir para Fátima, que ajudando a dividir celebra "O dia da criança", como se não houvessem mais 363 dias no ano para isso.

Depois são as desculpas habituais: não pude ir, não tive tempo, prefiro ir à pesca, na praia estou melhor, etc.

UM NOJO! VERGONHA!

Os ex-combatentes só têm o que merecem e assim morrerão, como cães OSTRACIZADOS e desprezados!

Digo eu a esses 90% só têm o que merecem, mais as suas vergonhas!

Mesmo entre aqueles que ali se deslocam, alguns olham com desdém os que levam as suas bóinas e insígnias, com ar infeliz, néscio, idiota, traidor, cobarde, etc. 

Em contra-partida dá gosto ver imagens das comemorações realizadas pelos Combatentes PORTUGUESES na diáspora, nomeadamente daqueles que se encontram, no Canadá e nos Estados Unidos. Imagine-se o desgosto daqueles ao verem como se comportam os "calimeros" em Portugal.  

segunda-feira, 18 de março de 2013

M575 - MAIS REFLEXÕES SOBRE FORÇAS ARMADAS (II PARTE). por João J. Brandão Ferreira (Oficial Piloto Aviador)


MAIS REFLEXÕES SOBRE FORÇAS ARMADAS (II PARTE) 




por João J. Brandão Ferreira 
(Oficial Piloto Aviador) 
11/3/13 

“Os militares, pela sua formação, pelo seu espírito de missão e sentido do Dever, em tempo de guerra, são capazes de arriscar a vida cem vezes no mesmo dia; em tempo de paz não dão um passo que possa pôr em risco a sua carreira” 

Pedro Canavarro 

(Deputado do PRD, discurso na AR, algures nos anos 80). 

Voltando à “cassete” que o Sr. MDN anda a debitar ultimamente, repetindo “ad nauseam” que quer poupar 218 milhões de euros e reduzir 8.000 efectivos para permitir aumentar as verbas disponíveis para “operações”, em vez do orçamento se exaurir em mais de 80% com gastos em pessoal. 

Já tivemos a caridade de lhe explicar, em anterior escrito, que não parece verosímil que vá investir na operação quando fala em poupar (arrecadar) – aliás na senda do que fizeram todos aqueles que aqueceram o lugar (significativamente, sempre por pouco tempo) antes da sua pessoa; e também acrescentámos que se poderia até gastar 100% em pessoal desde que o orçamento destinado às FA apenas desse para pagar ao pessoal… 

Como, aparentemente, S. Exª não entendeu nada do que fui dizendo – culpa certamente minha por não seguir o acordo ortográfico – ainda me obrigo a acrescentar algo mais, centrado no lema de que “a esperança, ao contrário do cabelo, nunca morre”. 

Dos actuais 38.000 efectivos (eles mudam todos os dias), só 32.600 são militares; os restantes são civis e militarizados, assim distribuídos: Força Aérea 6.600 militares e 1000 civis; Marinha, 6.000 militares e 3.000 civis e militarizados e Exército, 20.000 militares e 2100 civis.[1]

Ou seja para se cumprirem as missões atribuídas aos três Ramos – que se mantêm, sem sofrerem qualquer redefinição – restam para a componente operacional, logística, administração, instrução, planeamento, etc., 32.600 homens (qualquer dia são mais mulheres que homens…) dos quais a maioria são oficiais e sargentos. Tudo isto porque as reduções na classe de praças têm sido de tal monta, que passaram à categoria de espécie em vias de extinção![2]

Encontrar um soldado ou um cabo numa unidade militar não é hoje uma tarefa fácil!... 

Ou seja o Dr. Aguiar Branco quer aumentar a verba para a operação e vamos supor (ah, ah, ah), que o consegue. E a seguir, pergunto eu, para que é que isso serviria se já não tem pessoal para … operar? 

A não ser que queira constituir subunidades só com oficiais e, ou, sargentos… 

Daqui salta-se para outra idiotia demagógica que por aí é apresentada com foros de escândalo: haver muitos oficiais generais e oficiais superiores, relativamente ao número de praças! 

Chega-se, até, a dizer que há um oficial para dois sargentos e uma ou duas praças. 

Também já desmontei estas barbaridades seguindo o lema “explica-me como se eu fosse muito burro”... Hoje vou ater-me apenas ao seguinte exercício: 

Vamos supor que em 1982, por ex., havia “X” oficiais, “Y” sargentos e “Z” praças. Daí para cá foram sendo admitidos, anualmente, às Academias Militares e às Escolas de Formação de Sargentos um número de candidatos em função das vagas tidas por adequadas (e aprovadas pelo MDN) a fim de prover à estrutura e Sistema de Forças em vigor. Número que tem vindo sempre a diminuir, mas que se manteve estável durante períodos de tempo. 

Estas militares desde que entram para o Quadro Permanente (QP), não podem ser despedidos (a não ser em casos muito raros do foro criminal, como foi o caso do então Capitão Valentim Loureiro), e vão sendo promovidos em função das vagas existentes nos quadros orgânicos superiormente definidos – os quais também foram sendo reduzidos. 

Trata-se da chamada “carreira militar”, carreira que é exclusiva das FA. Isto é, não dá para mudar de “empresa” nem emigrar…[3]

Ora não havendo incentivos para o abandono do serviço activo, ou quaisquer outras opções, os oficiais e sargentos só abandonam as fileiras quando atingem o limite de idade no posto, ou perfazem o tempo de serviço que entendem adequado às suas expectativas de pensão (e se não tivessem 36 anos de serviço ficavam dependentes de autorização superior, a não ser se optassem pelo abate ao quadro – perdendo o direito a quaisquer benefícios). 

Convém ainda referir que os limites de idade no posto são um constrangimento que não creio existir em mais nenhuma outra profissão… 

Quer tudo isto significar que os militares do QP têm um tempo médio de permanência nas fileiras de entre 20 a 36 anos. Ora quando se quer à viva força reduzir as estruturas/meios/efectivos/etc., cada vez que se muda de ministro, sem se harmonizar o impacto que tal acarreta na gestão do pessoal, tudo fica em tribulação e distorcido. 

E como não houve, nos últimos 30 anos qualquer factor minimamente estável de planeamento, a gestão de pessoal há muito que ficou e está, caótica! 

E como é muito mais difícil e demorado reduzir o número de oficiais e sargentos do QP (a não ser que os matem) corta-se nas praças, ou não os recrutando e, ou, não renovando contratos. 

Em face do descrito qualquer indigente mental percebe as causas do rácio entre os oficiais, sargentos e praças está distorcido relativamente ao desejável. 

Só que as conclusões que o vulgo tem sido induzido a tirar são falsas, pela simples razão que não há “generais a mais, mas sim soldados a menos”!… 

E o senhor arvorado em MDN terá que explicar uma última coisa: para que quererá um dia, oficiais superiores e generais, se estes nunca tiveram oportunidade de comandar uma companhia; conseguiram juntar umas escassas centenas de horas de voo, ou almirantes especializados em cruzeiros entre o mar da palha e Portimão e apenas tenham visto mar de “Sudoeste rijo”, no cinema. E todos saibam muito de “ouvir dizer” ou de leitura com prática de simulador…[4]

É isso, não servem para nada e até são um perigo, logo um custo escusado. 

Daqui à extinção total vai apenas um passo…[5]

Para finalizar apenas um equivoco em que a maioria dos militares teima em acreditar, sobretudo desde que foram congeladas as promoções: a de que ainda têm carreira… 

O dito, aliás, certeiro de Pedro Canavarro vai, por fim, deixar de fazer sentido.

*****************************************************
[1] Reparem: Para defender e interditar as fronteiras terrestres, aéreas e marítimas, vigiar e controlar a Zona Económica Exclusiva e as Regiões de Informação de Voo, à responsabilidade do Estado Português, etc., existem 38.600 cidadãos; mas para a segurança interna existem cerca de 55.000 distribuídos pela GNR,PSP,PJ,SEF,SIS,SIED e ASAE. Isto sem entrar em linha de conta com as polícias municipais. 

Ou seja, parece que afinal o inimigo está cá dentro… 

[2] Espera-se que um destes dias, e por causa disso, as praças passem para a tutela da Secretaria de Estado do Ambiente… 

Aguarda-se, ainda, que estas preocupações cheguem ao conhecimento de todos os grupos ecologistas e, quiçá, à Amnistia Internacional!


[3] Esta questão de fundamental importância, não aparece nas preocupações, públicas, de ninguém… 

[4] Ainda vou gostar de saber com é que o MDN vai “descalçar a bota” do milhão de euros a que um tribunal condenou o seu ministério a pagar, por ter sido acusado de não vigiar convenientemente as águas dos Açores… 

[5] “Técnica” idêntica foi utilizada para acabar com o Serviço Militar Obrigatório. 


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

M574 - “FORÇAS ARMADAS E “PRÓS E CONTRAS” Por João J. Brandão Ferreira (Oficial Piloto Aviador)


“FORÇAS ARMADAS E “PRÓS E CONTRAS” Por João J. Brandão Ferreira (Oficial Piloto Aviador)

25/02/13

A emissão do conhecido programa “Prós e Contras” do passado dia 24/2, sobre aquilo a que chamam “reformas das Forças Armadas” (FAs), correu bem.

Bem, no sentido em que o debate foi sereno, onde se disseram coisas importantes, algumas delas pela 1ª vez em televisão (pecam só por tardias) e com a veemência e o sentimento requerido, notando-se, ainda, uma ausência total de disparates e de erros grosseiros de análise, o que muito apraz registrar.[1]

Estão, pois, de parabéns todos os intervenientes.

A única coisa que não correu bem foi a ausência de contraditório – dado que as intervenções correram todas no mesmo sentido. Ora isto não tirando valor ao programa, é uma menos - valia, deixando de haver o contraponto que o próprio nome indicia: prós e contras.

Mas, enfim, as coisas são o que são e percebe-se que os “governamentais” andem acossados e tenham dificuldades em defender os disparates que querem impor ao que resta da Instituição Militar. Que é já muito pouco.

Não me parecendo haver necessidade em rebater nada do que foi dito, pareceu-me útil trazer algumas reflexões sobre três ideias lá expressas e que nada têm a ver com o tema base do programa, mas que surgiram, naturalmente, durante a troca de ideias.

São elas a afirmação de que “a Democracia Portuguesa só tem 40 anos e não está madura”; “em Democracia há sempre soluções” e “ para haver Democracia é necessário dar um nível de vida mínimo à população”.

A ideia da maturidade percebe-se e tem razão de ser. Mas atentemos:

A ideia moderna de Democracia é recente. Desenvolveu-se primeiro em Inglaterra, sobretudo a partir de 1688 (depois de guerras civis sangrentas e da continuada tentativa de hegemonia inglesa sobre toda a ilha e da Irlanda) mas, sobretudo a partir da Constituição Americana (1776) a que se seguiu a Revolução Francesa (1789).

Esta última aguentou-se à custa de centenas de milhares de mortos, onde marcou presença o uso indiscriminado da guilhotina e o afogamento da nobreza nas margens do Loire.

Da guerra civil passou-se à exportação da ideia na ponta das baionetas, por toda a Europa.

A chacina só terminou em 1815, após Waterloo. Mas as ideias perduraram.

A partir daqui germinaram multitudes de “ismos”: o capitalismo, o socialismo, o comunismo, o trotskismo, o fascismo, o anarquismo, o nazismo, etc.

A bulha continuou.

Estamos a falar de ideias que se focalizaram sobretudo na Europa e nas Américas. Ou seja a maior parte do mundo era alheia à ideia de Democracia - o que se estende até hoje, sobretudo em África, na Ásia, Rússia e países muçulmanos; enquanto isso, todo o mundo foi sendo afectado, circunstancialmente, pelos “ismos”.

A ideia de estender o ideal democrático à Humanidade (nem que seja à bomba), a partir do Ocidente, só tomou um sentido uniformemente acelerado após o fim da IIGM. A ciência política estagnou e, pior, deixou de se fazer uso adequado do único laboratório que tal ciência dispõe: o estudo da História.

Em Portugal as ideias democráticas chegaram ainda no século XVIII, por via do ideário racionalista, mas a sua repercussão foi pequena (apesar do Marquês de Pombal ter sido um dos seus arautos).

O país só foi verdadeiramente afectado depois do imperialismo napoleónico ter sido expulso das terras lusas, começando a tomar forma após a Revolução de 1820 que instituiu o Liberalismo.

O processo, como se sabe esteve longe de ser pacífico e durou até 1926, registando-se o marco revolucionário de 5 de Outubro de 1910 em que, com a República, se implantou a “Democracia Directa”.

Ou seja quando se falou em 40 anos, não se referiu que para trás ficaram 90 anos de Liberalismo (1820-1910) e 16 anos de Democracia Directa (1910-1926).

Se agora se diz que a Democracia não está madura (pudera!), o que se poderá dizer do que se passou antes?

Vejamos, em 90 anos de Liberalismo, de lutas partidárias e demolições constantes, onde se desarticulou a Nação, contabiliza-se:

Seis monarcas (dos quais dois assassinados) e três Regências, uma chefia do Estado em cada década e qualquer coisa como 142 governos (um governo cada ano e meio); 42 Parlamentos, dos quais 35 dissolvidos violentamente; 31 ditaduras, de que resulta o Liberalismo ter vivido um terço da sua existência fora da normalidade; e 51 revoluções, pronunciamentos, golpes de estado, sedições, etc.

De registar que ocorreu a maior e mais mortífera guerra civil que em Portugal já houve (1828-1834) e duas menores (Maria da Fonte e Patuleia, 1846/7).

Por outro lado, em 16 anos de (pavorosa) “Democracia Directa”, conta-se:

Oito chefes de Estado, dos quais um foi assassinado, dois exilados, um resignou, dois renunciaram e outro foi destituído. Houve 45 governos (um chefe de governo assassinado) – o que dá uma média de três governos por ano; oito Parlamentos, dos quais cinco foram dissolvidos violentamente e 11 ditaduras. Em súmula, dos 16 anos só cinco foram vividos dentro da Constituição de 1911.

Resultou de tudo isto que o país (e os militares) se fartaram de bagunça e instituíram uma ditadura militar até se institucionalizar o Estado Novo.

O País ficou tão farto de Partidos Políticos que se acabou com eles (durante 692 anos – 1128 a 1820 – a Nação, aliás, governou-se sem eles e nunca fez tão má figura como depois de terem surgido…).

Depois de 1974 voltou-se ao mesmo.

Bom, não voltámos a ter guerra civil (embora em 1975 tenha estado por um fio), mas perdemos 95% do nosso território e 60% da população e depois disso tivemos três intervenções estrangeiras para evitar a bancarrota.

Isto apesar de o anterior regime ter deixado 866 toneladas de ouro, 50 milhões de contos em divisas e uma das moedas mais fortes e respeitadas do mundo (seguramente uma “triple A” das agências de rating actuais); a economia estar a crescer a 7% ao ano e haver pleno emprego.[2]

E, já me esquecia, depois de a CEE/CE/UE, ter “injetado” cerca de dois milhões de contos/dia, no país, desde 1986.[3] Ou seja, quase tudo o que se realizou foi feito por riqueza não gerada na vivência desta 3ª República…

Convinha que o País refletisse sobre tudo isto e tentasse perceber como tal foi possível e ver se aprende alguma coisa com os acertos e erros do passado…

Isto depois de termos tido, desde o 25/4, quatro PRs (eleitos) e 19 governos constitucionais (um governo cada dois anos) e nenhum golpe de estado nem nenhuma guerra nas fronteiras.

Agora estamos com uma canga em cima do pescoço e perdemos o que nos restava de poder e liberdade. Não há “Norte” e a sociedade mergulhou no relativismo moral infrene.

Vejamos a questão, aliás tão cara ao Dr. Mário Soares, de que em Democracia há sempre soluções.

Bom, tem dias. E noutro regime qualquer, também há sempre solução, ou seja as águas vão sempre desaguar a qualquer lado. Ou não será assim?

Ora pondo de lado a questão não despicienda de se saber exactamente o que se entende por “Democracia” e o modo escolhido quanto ao seu exercício, deve ter-se em conta duas coisas primordiais: a competência, honestidade e patriotismo dos políticos e a sua representatividade.

A questão da representatividade é um assunto nunca resolvido e que pode ser sempre melhorada; a questão da probidade – que é o asseio da alma – é ainda mais importante: de que serve ter um regime democrático (ou, já agora, qualquer outro), se tivermos bandidos nos lugares de topo? Que soluções se encontrarão?

Por outro lado, discutir o “sistema” não faz parte da essência democrática? Porquê, então, ninguém o quer fazer?

E ao contrário do que se ouviu, a mim parece-me que o sistema em Portugal está bloqueado, pois entre o que diz a Constituição, os poderes do PR, a acção dos Tribunais e o espectro político do Parlamento – que determina o governo – que soluções diferentes se encontrarão?

Isto sem falar com o pano de fundo da deficiente preparação/alheamento cívico da generalidade da população.

A aplicação da Democracia “lato senso” regista, ainda, cinco principais problemas entre nós:

A Democracia não é um fim sem si mesmo e não deve ser considerado como tal. A Democracia é apenas um sistema político, não está acima da Pátria, da verdade, da Justiça, do Bem, da Liberdade, etc.;

O facto daquilo que interessa ser a quantidade, não a qualidade, facto consumado na “ditadura” do voto universal e igualitário;

A acção muito nociva dos partidos políticos que são os actores principais (e quase exclusivos) da cena política. O seu comportamento está eivado de erros e vícios que necessitam páginas para os descrever, mas que se sintetiza numa frase: em vez de serem uma escola de civismo comportam-se como se fossem agências de emprego;

A subordinação da actividade política aos ciclos eleitorais gera uma “guerra civil” permanente e demagogia a jorros, impedindo na prática qualquer governação. No fundo raramente se faz o que se deve mas sim o que se julga que rende mais votos. Tudo é centrífugo, nada é centrípeto; tudo é circunstancial, nada é institucional.

Finalmente uma questão psicológica sobreleva todas as outras: a falsa sensação que é transmitida para a opinião pública (e publicada) que os cidadãos, pelo simples uso do voto determinam os eventos.

Este último aspecto é aquele que melhor contraria a célebre frase de Churchill de que a “Democracia é o pior sistema político à excepção de todos os outros”…

Por último, atente-se a curiosa frase de que para se viver em Democracia é necessário dar um nível de vida mínimo às pessoas.

Esta ideia levanta duas questões principais: será que a Democracia se aplica apenas a países ricos ou razoavelmente ricos?

E, por outro lado, como então se chega à riqueza, através de ditaduras?

Curiosas estas questões, que davam excelentes prós e contras.

Não acham?



João J. Brandão Ferreira

Oficial Piloto Aviador






[1] Enfim, o orçamento relativo ao MDN merecia ser dilucidado.


[2] Apesar, farão o favor de notar, do país estar empenhado em três frentes de guerra, e ter cerca de 230.000 homens em armas espalhados por quatro continentes e quatro oceanos. Agora parece que não conseguimos ter 38.000 acantonados no “triângulo”…


[3] De que nunca se apresentaram contas.

domingo, 6 de janeiro de 2013

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

M572 - Porque não morri?! O último grande combate. 6º Capítulo. Um conto de Victor Cerqueira


Porque não morri?! O último grande combate. 6º e último Capítulo. Um conto de Victor Cerqueira



NOTA: Os autores deste excelente e histórico conto "Porque não morri?! O último grande combate", Victor Cerqueira, oferecem a quem o quiser ler, gratuitamente com uma úncia e facultativa condição, que a seguir reproduzimos. 

A narração divide-se em 6 capítulos, que vamos publicar durante esta e a próxima semana, e nesta mensagem apresentamos o 2º Capítulo. 

Diz o autor - Vitor Cerqueira:

"... tenho uma proposta a fazer-lhe: se considera que valeu a pena ler e que pode interessar a outros divulgue o conto pela mesma via que o recebeu, ou outra, se não gostou, deite fora. 

Participe na experiência da possibilidade dos autores se”livrarem” das editoras. 

Pague pela leitura deste conto entre ZERO e cinco páginas caso tenha, ou não, gostado. E possa! 

Transfira para a conta da Caixa Geral de Depósitos 0120 009848600 Ou NIB – 003501200000984860084.

Aos autores apresentamos aqui o nosso abraço. 



PORQUE NÃO MORRI?! 


O ÚLTIMO GRANDE COMBATE 


TCHAZICA | MOÇAMBIQUE 


1974 

VICTOR CERQUEIRA 

6º CAPÍTULO
A traição

A manhã daquele dia 15 estava fresca, iria aquecer conforme fosse avançando o dia…
O Lopes foi tomar o mata-bicho, o Marco levou-lhe o café e umas torradas. Ele adorava torradas.
Passava das dez da manhã quando se aproximou o Régulo com dois guerrilheiros.
Percebeu que seria o encontro.
Perguntou pelo Comandante.
- O comandante onde está?
- Está ali senhor chefe, respondeu o Régulo, ele está ali naqueles casa e quer fazer banja com o senhor meu chefe.
- Mas porquê ali, porque não nos encontramos aqui?
- Ah meu chefe, é porque aqui é casa sua, ali não é de ninguém.
O sítio indicado era a cerca de trinta metros do destacamento, só os separava uma vala e era perfeitamente visível dali. Naquele momento estava a chegar o Jony Memba e o séquito, bastante diga-se de passagem, vestidos a rigor e a avançar com um “ar” muito decidido.
Chegara o momento…
Olhou à sua volta. Os seus homens, discretamente, iam-se colocando nos seus postos de segurança.
Em frente, avançando em direcção ao destacamento um grupo de “Frelimos” – para aí uns dez – e junto do Jony estariam pelo menos uns 20 à vista…
Era gente a mais…!
O seu coração saltava, a cabeça pensava a cem à hora, tinha de tomar decisões rápidas.
Foi-se vestir, com o seu velho camuflado de combate. Começou a acalmar, era sempre assim quando chegava o momento de avançar, a cabeça começava a ficar concentrada, diria mais, super-concentrada Lopes da Gama passava a ser… só cérebro uma autentica máquina de guerra!
Colocou o galão. Ia de camuflado de combate, mas de boina e galão!
Entretanto o Marco Chagas já se tinha ido vestir, e quando o viu assim fardado também foi colocar as suas divisas de cabo e a boina.
Entraram no “pincher”, ele e o Marco, desarmados, sem palavras um para o outro, com frieza e uma determinação terrível!
Seria o que fosse…!
Entretanto reparou que vinham cerca de vinte “Frelimos” em linha, para uma das laterais.
Assim, rapidamente na sua cabeça as contas eram de 10 + 20 + 20 = 50, gente a mais para uma visita… e estavam ainda mais uns 10 dentro do destacamento. Estávamos praticamente cercados!
Mau!
Foi o erro fundamental dos turras. O mesmo pensaram os seus homens quando viram aquela linha aparecer e ostensivamente foram todos eles buscar as suas armas.
- Isto não é visita não é nada… isto não é visita… porra, porra… diziam eles.
Entretanto o alferes e o cabo chegavam ao local. Estava armado o circo…! Na clareira estavam duas cadeiras, que depois foram aumentadas para três - uma para o Marco – os vinte homens em círculo, impecavelmente fardados, miúdos, quase todos eles.
- Bom dia caro Comandante parece que trouxe a tropa toda, disse o Alferes enquanto estendia e apertava a mão ao comandante.
Sorriu…
- Bom dia meu alferes, ainda tem os rolos das fotografias que tiramos?
- Não já as mandei revelar, estou ansioso de as ver, retratam um momento histórico o primeiro encontro da Frelimo com militares Portugueses em Tete/Manica e Sofala.
Era mentira, ainda tinha os rolos, mas não os daria por nada deste mundo.
Mas não tem mesmo? Gostaria de ser eu a mandar revelar.
Você? Onde?
- Temos os nossos meios de fazer chegar os rolos.
Estás bem tramado, Jony Memba, nunca mais verás as fotografias, pensou o Lopes…
Estava-se neste diálogo, quando chega o grupo do Joaquim – que tinha estabelecido os primeiros contactos – com um grande sorriso de satisfação e um aceno alegre para o Alferes Lopes da Gama.
O Jony Memba levantou-se de um salto e vai falar com ele, diz-lhe qualquer coisa e este avança para o destacamento.
Quando o comandante regressa ao local onde estávamos faz um sinal e logo dois homens agarram o Alferes por traz e o amarram enquanto um guerrilheiro, um puto, saltava à sua volta aos gritos.
- Queres morrer…? Queres morrer…? Queres morrer…?
E o Lopes da Gama resistia, saltando e gritando insultos e rodando o corpo, enquanto eles lhe pegavam nos braços e tentavam levá-lo em peso.
- Filho da puta…! Traidor de merda! Não me levas vivo… larga-me imediatamente cabrão!
O covarde do Jony Memba avançava para o interior do aldeamento em passo de corrida.
Entretanto no destacamento o seu soldado condutor Inácio vê o que se estava a passar e grita…
- O Alferes está amarrado, o Alferes está amarrado!
E começa o fogachal…
Mal os soldados dispararam os primeiros tiros, os dois “heróis” que o agarravam largam-no e fogem e ele atira-se para o chão.
Cai o dilagrama… o Lopes ouve os estilhaços voar ao seu lado, os tiros na sua direcção continuam, tiro a tiro, bala a bala, - os seus soldados certificavam-se assim da sua segurança – e ele continua no chão fazendo-se de morto, enquanto sentia os passos dos turras a correr em disparada.
O tiroteio era intenso, corpo a corpo e de todo o lado.
Mas, para a sua zona, só tiro a tiro, localizado, de forma a não o ferir e não deixar ninguém aproximar-se dele.
O Lopes da Gama já não suportava aquela imobilidade, tinha de ir em auxílio dos seus homens, já há algum tempo que não sentia ninguém a passar e levanta a cabeça.
Dá de caras com um turra que ia a correr e naquele exacto momento se virava para disparar.
Os olhos cruzam-se… ele faz uma espécie de sorriso, o Alferes encolhe-se em posição fetal, é agora!… pensa.
O turra dispara uma rajada, os projécteis silvam e batem no chão junto da cabeça e do corpo do Lopes, ele sente um ardor terrível na cabeça…
Tinha sido atingido…!
Encolheu-se mais, sentia o cheiro a queimado, mas mexia-se… esperou um pouco e levantou-se.
Correu para dentro da primeira palhota a poucos metros e tentou desamarrar-se - não conseguiu!
Estava possesso de raiva e angústia, os tiros já eram esporádicos. Voltou a correr, atravessou uma rua e atirou-se para dentro de outra palhota.
Nessa palhota rolou e puxou os punhos que sangravam, mas ele não sentia nada para além do ódio e angústia.
Tinha de se libertar para ir ter com os seus homens. Rolou novamente, puxou as cordas com os dedos e conseguiu soltar-se!
Estava livre!
Avança para o destacamento, primeiro a correr depois a andar.
Alguns dos seus homens avistam-no e gritam!
- O nosso Alferes está vivo…! O alferes está vivo…! E correm a abraçá-lo.
Alguns choram convulsivamente, com muita raiva à mistura, outros só encostam a cabeça ao peito e na cabeça do Lopes, como crianças, e apertam-no.
As lágrimas também corriam do rosto chamuscado e cheio de pó do Lopes, deixando sulcos na face.
O disparo do turra tinha-lhe queimado ligeiramente o couro cabeludo, o sangue já estava seco, os pulsos é que sangravam mas nada de especial.
O espectáculo que o Alferes via era dantesco. Mortos e ferido de ambos os lados dentro do destacamento, em alguns casos quase lado a lado.
Deu um berro para o rádio:
- Pede apoio aéreo!
- Já pediu, meu Alferes.
- Evacuação zero horas, com puma!
- Sim senhor.
Entretanto alguém lhe tinha posto a sua G3 na mão, começou a correr, desceu o pequeno declive, só pensava no Marco Chagas.
- Meu Deus, o Marco, meu Deus… dizia para dentro de si.
Correu para a zona onde se tinha dado a traição, lá estava o Marco, deitado de bruços, um braço encolhido por baixo o corpo.
Morto!
- Oh Marco, meu Marco, perdoa-me… gritava o Alferes Lopes da Gama debruçado sobre ele e deitando o corpo do Cabo no seu colo.
Alguns dos soldados que o tinham acompanhado na corrida afastaram-no do cadáver.
- Ele já não ouve, já não está cá, já foi embora…
Pegaram no corpo e transportaram-no para o destacamento.
O Lopes acompanhou-os enquanto tentava recuperar. Parou para fazer uma avaliação, era uma coisa nunca vista, devia ser assim nas guerras clássicas, mortos das forças em conflito perto uns dos outros, era disparar para a frente e para trás, num corpo a corpo mortal.
Pelo caminho tinha visto o Joaquim, morto, com um ar de completo espanto.
Tinha morrido sem saber nada, até nisso o “camarada” Jony Memba (Machesse), era um mau comandante - só os seus interesses e a sua segurança é que contavam.
Já o enfermeiro lhe tinha dito, três mortos e cinco feridos. Dos feridos só um é que lhe parecia grave. Tinha três tiros numa perna.
Foi para junto deles, estavam a ser tratados. O dos tiros na perna volta que não volta perdia a consciência e o Alferes agarrava-lhe as mãos. Numa das vezes que veio a si disse:
- É só pele, o sangue é igual, a gente sofre da mesma maneira… dizia apertando a mão ao Alferes.
Havia lágrimas, mas não gritos, era um sofrimento para dentro, sem queixumes ou acusações, mas com muito ódio e um grande desejo de vingança.
Entretanto tinham chegado os FIATs. Começaram a bombardear forte e feio a periferia… ”não queria estar no lugar dos turras…” pensavam todos.
Devia ter sido batido o recorde de prontidão da FAP (Força Aérea portuguesa), tal a rapidez de resposta.
A solidariedade na tropa não era de facto palavra vã!
Os hélios estariam a chegar para a evacuação, naquele momento era só o que lhe importava. O Lopes não deixava os feridos, embora precisasse de ir ao rádio para sossegar todos – deviam estar a pensar o pior – mas só depois…!
- Meus Alferes vêm aí os hélios, e vem o héli-canhão!
E vinha. Os disparos não se fizeram esperar. Catchapum, catchapum, catchapum…
O puma começou a baixar, as portas estavam já abertas, o pessoal que vinha dentro estava parvo com o espectáculo e estavam mais pálidos do que o alferes. Nem sabiam por onde começar!
Os GEPs não perderam tempo, em poucos minutos estavam todos dentro do puma. Os vivos e os mortos.
Três mortos e cinco feridos. Mais tarde para desespero do Lopes da Gama o ferido da perna, Moisés, viria a morrer com uma embolia pós-operatória. Da Frelimo três mortos.
Feridos, nenhum à vista! Mas teria havido muitos, pelos rastos de sangue que se viam um pouco por todo o lado!
Quatro GEPs mortos tinha custado aquela aventura.
E agora?
O rádio estava silenciado desde os primeiros tiros. Alguns guerrilheiros tinham metido as armas pelos buracos da palhota e dispararam a esmo. Só por acaso o homem do rádio tinha saído incólume e este não tinha ficado inoperacional Depois envolveu-se no combate e, acabado este,
nas acções de evacuação. Toda a rede estaria naquele momento em suspenso…
Foi para o rádio.
- Águia, leão zero.
Sentiu um “suspiro de alívio” na rede, mas o silêncio era a de um cemitério…
- Leão zero águia, estás bem?
- Tínhamos a informação que estavas ferido ou pior que tinhas sido morto ou capturado.
Foi muito mau isso?! Filho da puta, não se pode confiar nesses tipos.
- O que correu mal?
- Tudo! Tentaram um golpe de mão. Numa guerra de bate e foge tive um final de guerra corpo a corpo. Tenho três mortos e cinco feridos. Não conseguiram levar ninguém; eu levei uma rajada mas só me queimou ligeiramente o couro cabeludo e tenho umas feridas nos pulsos.
- Nos pulsos?
- Sim amarraram-me e tentaram levar-me em braços, mas mal os meus homens começaram a reagir, fodiaste, largaram-me logo!
- Tens de fazer o relatório pormenorizado de tudo.
A “velha veia” militarista burocrática dos papéis vem sempre ao de cima.
- Claro, entretanto vou fazer a perseguição com uma equipa. Estou cheio de ódio, de raiva, de pena de mim mesmo. Isto é um cocktail de sentimentos que nem sei se choro, se rio da minha burrice, ou simplesmente dou um tiro na cabeça!
- Vais nada ouviste!? Vai chegar reforços aí do 009 de Tete. Está quietinho e acalma-te.
Precisas de alguma coisa?
- Neste momento só de vingança, não sei se alguém perceberá o que sinto!
- Tem calma tem calma. Amanhã falamos.
- Águia quando chegarem os reforços saio para o mato, aí não há volta a dar!
- Ok Leão terminado.
Pouco depois chegou um subgrupo do 009 comandado pelo Alferes, comandante do grupo.
Mal saiu do hélio veio a correr dar um abraço ao Lopes da Gama. E como ele precisava daquele abraço, forte e silencioso.
Naquele momento não queria palavras. Queria acção!
Embora se fizesse noite saiu com alguns homens para o mato, seguindo as pistas bem patentes, dos turras.
Partiu na direcção que o camarada Machesse tinha tomado na sua fuga. Olhos no chão, atentos a todas as pistas, os seus homens, os mais especialistas em pistas, abriram uma linha ao lado, para evitar emboscadas. Todos com grande atenção aos sinais que eram muitos ali dentro do aldeamento.
Rapidamente afastaram-se em direcção ao rio…
Foi fácil seguir algumas pistas pelos rastos de sangue, esporadicamente no destacamento ouviam tiros e explosões ao longe, depois deixaram de se ouvir, Lopes da Gama e os seus homens, quase corriam, andavam de dia e de noite, conseguiram um guia turra que tinham apanhado ferido num ombro que depois de explorado os encaminhava para a base do Machesse, a alcunha do militar estava viva bem viva, Alferes base, nada o impediria de descobrir e atacar a base.
Teve sorte, a atenção às pistas e a necessária fuga aos trilhos foi tão grande que quando deram por ela estavam a entrar pela base a dentro ao meio dia do segundo dia, em linha e aos tiros.
Avistou o Régulo na base, não ficou nada surpreendido, mais uma vez a sua “pulga atrás da orelha” estava certa. O traidor que foi apanhado à mão em voo quando tentava fugir por um dos homens do Lopes, levou um murro que o atirou contra outro soldado que lhe deu um monumental pontapé, pôs-se de joelhos com medo e o espanto espelhado no rosto quando olhava para aquele miúdo que estava vivo mas velho, bem mais cocuana que ele próprio…
Gritava!
- Meu alferes desculpa por favor, não queria isto, mas não queria mesmo, foi obrigado pela Frelimo…
- Foste uma merda, se não querias, se não foste cúmplice porque fugiste? Porque não me avisaste? Porque estás aqui?
E ele gritava e chorava com a G3 encostada à testa.
E o Lopes disparou!
Do comandante Machesse nada, tinha escapado.
Esteve fora mais de três dias, sem rádio, num silêncio total e em silêncio voltou.
Quando a andar mais lentamente voltava para o destacamento, parou num morro e formou um círculo com os homens que o acompanhavam, olharam-se entre eles, olhos nos olhos, não falaram, olharam-se bem e depois olharam para o céu e para o horizonte.
Há distância já cheirava a cadáveres putrefactos. E estando o céu cheio de abutres, aquelas aves execráveis que juntamente com as hienas limpavam o mato, outros estariam em decomposição espalhados pela floresta. Durante a noite bem tinham ouvido as hienas a “rir”…
Um cheiro a morte insuportável tinha aquele aldeamento e aquele destacamento.
As hienas tinham desenterrado os turras e eles estavam todos esventrados e em decomposição total.
O Lopes não conseguiu deixar de pensar que tudo aquilo cheirava como ele se sentia.
Morto, enterrado e…podre.
Ninguém fez perguntas. Nos GEPs não há comentários não há…
Mandou reunir a população do aldeamento.
Levou consigo as armas dos turras mortos no destacamento e os dos outros. Não estava muita população, mais mulheres e crianças e tinham um ar entre assustados e envergonhados.
Perguntou como era? Estava vivo para surpresa deles e queria saber o que pensavam e porque tinham alinhado com o Régulo.
Um dos velhos respondeu.
- O meu alferes não teve culpa, nós estar contente com o chefe estar vivo e ter armas deles; não foi bom a Frelimo, não era assim que agente queria; mas cabeças deles é que sabe, quem paga somos nós com mais sofrimento… Mas o meu chefe tem todo os razão de estar zangado.
Não podia haver mais os guerra.
Lopes da Gama tinha consciência que o facto de estar vivo e ter ido desarmado para o encontro, mais o facto de usar barba e a luta que tinha havido, queria dizer para aquelas almas que o seu “espírito” era muito forte. Incrível!
Não era por acaso que quem falava era o feiticeiro mais velho do aldeamento…
E agora perguntou-se:
- Agora vão enterrar os mortos da Frelimo bem enterrados com bastantes pedras.
- Sim senhor pode deixar.
Estavam mansos que nem cordeiros. A família do Régulo não abriu a boca e não olhava de frente para o Lopes.
Estavam assustados.
E não era para menos, a frieza e dureza na expressão daquele jovem, que naquele momento parecia ter envelhecido uns anos, era de facto de assustar qualquer um.
Alguns dias depois veio a ordem de regresso ao CIGE, o 006 iria ser substituído no Massangano e em Tchazica.
Ele iria fazer todos os preparativos para a rendição com todo o cuidado, não fosse o diabo tecê-las e o Machesse ainda tivesse forças para tentar uma emboscada. O Lopes iria mandar um subgrupo a pé para emboscar algumas zonas do percurso entre o Massangano e o Tchazica de forma a proteger o grupo que vinha e depois iria recuperando os seus homens ao longo do caminho.
Mas o grande e secreto desejo do Lopes é que a emboscada sucedesse e que fosse comandada pelo Machesse para ele o apanhar.
No Guro, o Alferes Lopes da Gama iria fazer um relatório circunstanciado dos acontecimentos e uma leitura da estratégia política da Frelimo que na sua opinião estava a tentar algo de sensacional de forma a pressionar Lisboa nas negociações que decorriam em Lusaca (imaginem o que seria aparecer um oficial GEP amarrado em Lusaca) e que por isso todas as forças militares deviam estar bem alerta.
Pouco mais de quinze dias depois, para vergonha dos militares portugueses, aconteceu Omar!
O aviso cairia em saco roto…
Entretanto depois da banja, o Lopes que não tomava banho para aí há cinco dias e mal se tinha alimentado, foi para o rio tomar banho. Levou a G3, a toalha, o sabão “macaco”, deu uma série de tiros para o rio. E mergulhou.
Sentia-se sujo com um cheiro pestilento que parecia sair dele próprio esfregou-se ensaboou-se vigorosamente várias vezes e mergulhava no rio, mas nem o cheiro saía nem ele se sentia limpo.
Parou e olhou para a berma do rio, uma série de soldados mantinham a sua segurança e, de vez em quando, lá davam mais uns tiros para a água à sua volta para afugentar os crocodilos, outros dos seus companheiros despiam-se, para também eles virem tomar banho. O Alferes comoveu-se depois de tudo aquilo que ele tinha causado e do que tinham passado, estavam preocupados com ele e com a sua segurança… estava a ficar uma merda de um sentimentalão.
Mas talvez por isso mesmo o pensamento insidioso que o perseguia dia e noite desde a morte do Marco Chagas, veio mais forte do que nunca do interior das suas entranhas e martelava na sua cabeça e na sua alma…

PORQUE NÃO MORRI?!
Pequeno glossário: 

Banja – Reunião alargada
Pincher – Pequeno veículo de transporte todo o terreno Mercedes Benz do tipo
Unimogue mas bem mais pequeno e instável por ter rodas muito altas e ser estreito.
Pacassa – “Alcunha” da chamada tropa normal.
Milando – Chatices e confusões entre as pessoas (na dialecto Ronga).
Puto – Como os negros chamavam a Portugal.
Muana – Miúdo em dialecto Sena Como Mufana em dialecto Ronga.
Cocuana – Velho. No dialecto

Se acabou de ler este conto, tenho uma proposta a fazer-lhe: se considera que valeu a pena ler e que pode interessar a outros divulgue o conto pela mesma via que o recebeu, ou outra, se não gostou, deite fora.
Participe na experiência da possibilidade dos autores se”livrarem” das editoras.
Pague pela leitura deste conto entre ZERO e cinco páginas caso tenha, ou não, gostado.
E possa!
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