Parte 2
RANGER Humberto Carneiro Fernandes Duarte – 4º Curso de Operações Especiais de 1972
Como havia dito, ao terminar a mensagem M191, regressei da Guiné para Lisboa, em 08 de Setembro de 1974.
Recomecei novamente a minha vida civil, trabalhando na Mobil Oil Portuguesa, e, posteriormente, fui chefe de Departamento de Pessoal na Jamoral de Lisboa…
Ainda passei pela política, trabalhei por conta própria e, a determinada altura, as coisas começaram a não andar muito bem… começando a minha relação familiar a degradar-se dia a dia (nessa altura já tinha mais um filho).
Tendo ido visitar um dos meus antigos Comandantes - o Sr. Coronel Velasco -, fui por este alertado e informado sobre o Stress Pós-traumático de Guerra, dizendo-me que eu estava nitidamente a sofrer as consequências das minhas “férias” na Guiné.
Felizmente, este atento e grande Homem, encaminhou-me no início de um processo como D.F.A. (Deficiente das Forças Armadas), estávamos nós em 1996. O dito processo data de 25 de Fevereiro de 1997, baseado no Decreto Lei 43 de Janeiro/76.
Entretanto e devido ao martirizante e endoidecedor stress, a minha vida pessoal e familiar continuou a degradar-se...
Alguns dos meus Familiares e Amigos
Quando dei por mim, vivia numa casa de 4 assoalhadas, tendo como única companhia um… cão!
Em 1998, encontrei a Ana e depois de algumas “discussões” sobre educação, liberdade e libertinagem… a 9 de Abril desse mesmo ano começámos uma relação.
Agora, os dois juntos continuámos a batalha contra a adversidade que me tocou. Eu, com novo ânimo, entrei numa nova etapa da minha vida. Reencontrei os meus velhos camaradas…
Os meus Amigos, com quem tenho convivido sempre que isso tem sido possível, seja nas festas anuais da nossa A.O.E. - Associação de Operações Especiais, seja nos dias 10 de Junho, em Belém /Lisboa, almoços, jantare, ou qualquer outro pretexto, pois todos eles são bons para vivermos e convivermos, com aqueles de que mais gostamos.
O Tomás Aquino do meu curso RANGER, o TCOR Marcelino da Mata (Homem Grande e Herói da Guiné), Eu e o Vitor Grácio.
Finalmente, depois de uma complicado “combate”, em 2000, fui considerado D.F.A com 40% de desvalorização por stress pós-traumático de Guerra.
Podendo optar em ser, ou não, reintegrado nas F. A. (Forças Armadas), optei pelo sim, e, emAgosto de 2002, ingressei no Quadro Permanente da Arma de Infantaria.
Em Dezembro de 2002, conclui o curso de Promoção a Sargento Ajudante de Infantaria, e, em 2003, fui promovido a Sargento-Mor. Sou, ainda hoje, o Sargento-Mor mais antigo das F.A., no activo.
E agora que chegou a minha última batalha desta passagem terrestre, e findo o balanço total, dou-me por satisfeito com os meus defeitos e qualidades.
Não me considero melhor, nem pior que ninguém, mas sim que sou igual “a mim mesmo”.
Consegui, o que poucos Homens conseguem, realizar as coisas que penso serem as mais importantes:
- fazer as pazes com o passado;
- reencontrar antigos Camaradas e Amigos;
- conquistar novas amizades;
- ter uma vida familiar estável e recuperar as ligações familiares anteriores;
- voltar às Forças Armadas e ajudar outros ex-Combatentes na elaboração dos seus processos;
- ser um exemplo para os mais novos, que querem seguir a carreira militar, tendo mesmo sido convidado por alguns para lhes impor as Boinas das suas especialidades.
Eu com o Filipe, e uma monitora do Curso de Promoção de Sargento Ajudantes.
E, finalmente, mas não menos importante:
Eu e a minha filha (à esquerda) e na Imposição de uma Boina (em Agosto 2009).
- ter convencido a Ana a casar comigo (de papel passado como ela diz), para lhe deixar o futuro assegurado.
Quem por estes factos, ou fotos, me reconhecer, e quiser entrar em contacto comigo, ligue para 916 716 812.
O texto foi escrito pela Ana Duarte e “censurado” cá pelo rapaz.
Um Bem Haja para todos e um Abraço Amigo,
RANGER Humberto Carneiro Fernandes Duarte
1 comentário:
Lindo percurso de vida mas todos nós mais tarde ou mais cedo chegamos ao fim da linha, mas quando esse dia chegar que sintamos a paz interior e que sintamos que que realizamos quase tudo na vida, pois nunca teremos tempo de realizar.
Um Xi, dois Xis e muitos Xis.
Enviar um comentário