quinta-feira, 1 de março de 2012

M409 - A HISTÓRIA DO 25 DE ABRIL DE 1974 CONTADA POR QUEM A VIVEU E PODIA TER ABORTADO O GOLPE SE TIVESSE DISPARADO ÀS ORDENS, RECORDA ESSES MOMENTOS A 100%.

NOTA INICIAL: A HISTÓRIA DO 25 DE ABRIL DE 1974 CONTADA POR QUEM A VIVEU E PODIA TER ABORTADO O GOLPE SE TIVESSE DISPARADO ÀS ORDENS, RECORDA ESSES MOMENTOS A 100%.



"Ou dá fogo ou meto-lhe um tiro na cabeça"

ADELINO GOMES (Texto) e ALFREDO CUNHA (Fotos) 

25/03/2014 - 07:20

Pré-publicação do livro Os Rapazes dos Tanques, de Alfredo Cunha (fotografia) e Adelino Gomes (texto).

É lançado nesta terça-feira, às 18h30, no Torreão Poente do Terreiro do Paço, em Lisboa, o livro Os Rapazes dos Tanques (Porto Editora). Durante um ano, os seus autores – Alfredo Cunha e Adelino Gomes, da equipa fundadora do PÚBLICO – andaram à procura dos militares que, no dia 25 de Abril de 1974, estiveram frente a frente, dentro de tanques, com o dedo no gatilho, mas decidiram não disparar. Alguns nunca tinham falado em público sobre esse dia. Um deles visita hoje Lisboa pela primeira vez desde o dia da revolução.

Quarenta anos depois, ainda há notícias e histórias por contar. A que aqui publicamos, integrada no livro, é inédita. José Alves Costa, o cabo apontador que chegou ao Terreiro do Paço dentro de um blindado M47 para defender o regime de Marcelo Caetano, desobedeceu às ordens de abrir fogo contra a coluna de Salgueiro Maia, que descera de Santarém para ocupar o centro do poder e derrubar a ditadura.

O livro é apresentado pelo cadete Amílcar Coelho, trabalhador-estudante de Alcobaça na altura do serviço militar e hoje doutorado em Filosofia Contemporânea e presidente da UGT-Leiria, e pelo coronel Carlos Matos Gomes, autor e historiador militar (sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz), que em 1974 estava em comissão militar na Guiné e integrava o movimento dos capitães.

Excerto do livro Os Rapazes dos Tanques:

Maia chamou-lhe a insubordinacão mais bela do 25 de Abril – o cabo apontador que desobedeceu às ordens do brigadeiro Junqueira dos Reis para disparar sobre a coluna de Santarém. José Alves Costa vive na aldeia de Balazar, terra onde nasceu em 1951. Tem quatro filhos e quatro netos. Reformou-se como construtor de pneus na Continental Mabor. Militares e jornalistas procuraram-no durante 39 anos.

Tão simples como isto:

"Eu estava em cima, na torre [do M47]. Ele [brigadeiro Junqueira dos Reis, segundo-comandante da Região Militar de Lisboa] subiu a grade do meu carro e foi para cima da grelha. Eu estava em sentido. Ele disse-me:
'Sabe trabalhar com isso, nosso cabo?' Eu disse: 'Pouco.' Tentei compor... 'Fui improvisado para aqui. Sei pouco trabalhar com isto.' O brigadeiro disse: 'Dá fogo já a direito.' 'Dá fogo' era virado pr'aqueles [a coluna da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém]. Eu disse: 'Vou ver se consigo, mas eu não sei.' E ele só me respondeu: 'Ou dá fogo ou meto-lhe um tiro na cabeça!' Pegou na pistola, vinha vestido de brigadeiro, mesmo. E eu então meti-me dentro da torre. Aquilo tem uma porta, fechei-a e disse para o condutor: 'Fecha as portas também.' Eu, fechando-me dentro do carro, ninguém abre, porque aquilo é blindado, entende? Podia marrar lá com a cabeça que não me encontrava."

Julho de 2013. De pé, no quintal da sua casa, na aldeia de Balazar, duas dezenas de quilómetros a norte da Póvoa de Varzim, o ex-cabo apontador de M47 José Alves Costa conta-nos o que se passou naquele momento preciso da manhã do dia 25 de Abril de 1974, que fez exclamar ao comandante da coluna revoltosa, Salgueiro Maia, anos depois: "Aqui é que se ganhou o 25 de Abril."

A sua versão é, em certos aspectos, substancialmente diferente da narrativa que o capitão Maia consagrou, a partir de declarações do alferes miliciano Fernando Sottomayor, comandante dos quatro carros de combate cujas guarnições o ex-cabo apontador integrava.

O alferes fora o primeiro a desafiar a autoridade do brigadeiro, recusando-se a fazer fogo sobre os blindados da EPC. Contará, mais tarde, que o cabo apontador do seu carro respondeu a nova ordem do brigadeiro para que disparasse: "Eu, sem o meu alferes, não faço nada." Em entrevista, 14 anos depois, Salgueiro Maia acrescentou que, depois de enfrentar aquele oficial general, o cabo saltou para o chão, para se juntar aos revoltosos. (Nenhum dos entrevistados nos confirmou esta versão.)



Sabe que eu passei um bocadinho de escravidão. Cheguei a comer meia sardinha e pão bolorento. Graças a Deus, os meus filhos nunca precisaram.José Alves Costa

A nosso convite, ex-cabo e ex-alferes almoçaram num restaurante da Póvoa de Varzim poucas horas depois do nosso encontro. "É ele mesmo", diz Costa, quando o avista a sair do carro. "Há anos que a gente te procura!...", exclama Sottomayor, abraçando-o.

Nunca mais se viram. Fernando Sottomayor esqueceu-lhe mesmo, por completo, não só o nome, mas também a fisionomia. Não é o único. Nenhum dos militares que estiveram no dia 25 de Abril no Terreiro do Paço (de um lado e do outro) lhe sabia, até este momento, o nome, e muito menos lhe conhecia o paradeiro.

O antigo cabo apontador sente dificuldades na cronologia dos acontecimentos. Mas retém um ou outro apelido, algumas frases, gestos que apimentam com genuinidade conversas de várias horas, de que aqui deixamos excertos.
Não se lembra da matrícula do carro de combate M47. Mas não hesita: o seu estava posicionado na "marginal, do lado do mar". Foi de lá que viu o alferes que comandava a força ser "engavetado" pela Polícia Militar; que assistiu à passagem do carro que estava à sua frente para o lado das forças de Maia; e que decidiu fechar-se dentro do blindado, única forma que encontrou de fugir às ordens do brigadeiro para que fizesse fogo.

Começam aqui os pontos de divergência com a narrativa consagrada, de Sottomayor e de Maia. Diz que em momento nenhum afrontou directamente o brigadeiro, e que, até ao fim, não desertou para "o outro lado". Que ficaram ali – ele e os outros membros da tripulação – "sem comandante nenhum, até talvez às 3 da tarde, ou coisa no género”. Até essa altura – sublinha, desafiando mesmo a reconstituição dos factos, a que procederemos num encontro, meses depois, com ele e com vários dos seus camaradas de então –, considerou-se sempre do lado oposto ao da coluna de Santarém.

– Enquanto a PM esteve ao lado do regime anterior, nós funcionámos contra o novo regime. Depois que a PM foi controlada e virou – eu não sei, 3, 4 horas da tarde –, a partir daí nós normalizámos, foi quando nós andámos pelas ruas. Mas nunca nos juntámos aos de Santarém. Nem de manhã nem de tarde. Nós nunca estivemos com eles.

À noite, no Regimento, já controlado pelo Movimento das Forças Armadas, explica ao alferes Sottomayor, entretanto libertado, o que se passou depois de o brigadeiro o mandar prender.

– Você tinha dado ordens cá atrás [ao aproximarem-se do Cais do Sodré]: "Ninguém faz fogo sem minha ordem." E, claro, ficou assim.

– Se queres levar um louvor, a gente escreve – oferecem-se um oficial e um furriel, impressionados.

– Nem pensem nisso. Deixai-me ir em paz. Não quero louvor, quero-me ir embora.

A sua recusa em cumprir as ordens do brigadeiro – tem consciência – tornou-o “um dos autores que fizeram com que as coisas corressem bem naquele dia”. Mas, com a mesma naturalidade com que disse tudo o que ficou para trás, não se inibe de confessar-nos a principal razão que o levou a rejeitar a ideia:


Nunca deu uma entrevista. Nunca cantou a Grândola. Nem uma só vez participou em comemorações do 25 de Abril.

– A gente sabia o regime que tinha. Se calhava as coisas não correrem bem, a minha vida podia ir para o maneta.

– E agora, passado este tempo todo, nunca teve a tentação de dizer: "Eh pá, olhem, sou eu o tal cabo"?!...

– No dia, se eu for ao café e vir as imagens, eu lembro-me: "Eu, há tantos anos, estava lá!" Com um caguefe do caraças...

A noção de que Portugal passara de uma ditadura para uma democracia impôs-se-lhe "quase logo". Do mesmo modo que as mudanças no nível de vida.

– Sabe que eu passei um bocadinho de escravidão. Cheguei a comer meia sardinha e pão bolorento. Graças a Deus, os meus filhos nunca precisaram.

Na adolescência, uma sucessão de mortes e doenças provocou gastos de dinheiro que pesaram enormemente no orçamento familiar. O pai, viúvo, camponês-rendeiro, chegou a recorrer a um bruxo para lhe acudir, paralisado durante seis meses.

Ao sair de tropa, em Outubro de 1974, regressou aos trabalhos do campo, antes de breves experiências em Famalicão, como tractorista (também da lavoura), e numa serração, mais próximo de casa.

Em Março de 1977, inscreveu-se na Mabor Continental, em Lousado. Entrou de imediato – ajudante, nos primeiros anos; depois, construtor de pneus. Chama-lhe a sua "sorte grande", pois evitou-lhe "ter de ir ao estrangeiro", como tantos conterrâneos, para ganhar melhor a vida –, construiu e pagou a casa ("paguei juros a 20 por cento!...") e criou quatro filhos – para um dos quais, “deficiente renal”, chegou a ir metade do salário mensal.

Saiu da empresa como operador químico. Tinha 40 anos de descontos. Reformou-se em 2011, "com direito, talvez, à volta dos 1350 euros". No momento da entrevista, estava com mil. "Já me limparam que chegasse."

O alferes – descobrem no encontro que promovemos – passou junto da sua fábrica anos a fio: teve escritórios nuns armazéns ali ao lado. Nunca se encontraram.

José Alves Costa gosta de se manter informado. Noticiário e agora comentários, na televisão, e uma vista de olhos "pelas letras maiores" de dois jornais – um desportivo e o Jornal de Notícias. É simpatizante do Benfica, "já há muito ano". Olha para a crise com a ideia de que "muita gente começou a ir longe de mais e agora puxam pelas orelhas – acham que lhes estão a tirar aquilo a que não tinham direito, e daí criticam”.

Nunca deu uma entrevista. Nunca cantou a Grândola. Nem uma só vez participou em comemorações do 25 de Abril. Apenas em casa se abriu um pouco mais sobre a sua participação nos acontecimentos militares (ainda que omitindo pormenores mais favoráveis a si mesmo, conforme verificaremos em conversa com a mulher e um dos filhos).

– No 25 de Abril, digo sempre para eles: "Abençoado dia." Para mim, fica-me na história. É um dia que me marca muito. Agora, há coisa de uns oito anos para cá, ainda muito mais.

– Porquê?

– Foi o dia em que o Papa João Paulo II beatificou aqui a irmã Alexandrina, que é considerada santa por nós. Tenho muita fé nela, porque, para mim, foi ela que me livrou de eu ir ao Ultramar. Balazar mandou muitos militares para lá – graças a Deus, só um ou dois tiveram pequeninos ferimentos. Desde que foi beatificada, comemora-se aqui o 25 de Abril, ano da beatificação, e ao mesmo tempo dá-me mais gosto, porque comemora-se também o 25 de Abril da Liberdade.

José Alves Costa
O melhor do 25 de Abril: a liberdade de se poder falar à vontade, desde que não se prejudique ninguém.
O pior: a liberdade de as pessoas chegarem ao ponto de não respeitarem a liberdade delas e do próximo.
Figuras que mais admira: Mário Soares, Ramalho Eanes e Vasco Lourenço. Fora da política e da instituição militar, Carvalho Neto, gerente da fábrica onde trabalhou.


O ENTREVISTADO: 

Sabe que eu passei um bocadinho de escravidão. Cheguei a comer meia sardinha e pão bolorento. Graças a Deus, os meus filhos nunca precisaram.

Nunca deu uma entrevista. Nunca cantou a Grândola. Nem uma só vez participou em comemorações do 25 de Abril. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

M408 - RANGER Lopes Vaqueiro de 1º Curso de 1984

Apresenta-se hoje o RANGER Lopes Vaqueiro de 1º Curso de 1984 
 O RANGER Vaqueiro comandando um Pelotão no BIA - Batalhão de Infantaria de Aveiro 
Discursando no juramento de bandeira da nova massaricada, no BIA (Batalhão de Infantaria de Aveiro). 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

M407 - Os melhores amigos do Homem


CENAS DE AMOR SINCERO 


Como os cães receberam os soldados americanos, seus donos, regressados da guerra do Afeganistão!

Sem mais comentários, as imagens falam por si, cliquem no seguinte link:





M406 - RANGER Manuel Anselmo F. G. Vieira, do 4º Curso de 1968


Nesta imensa e fraterna parada virtual, todos os RANGERS podem formar lado-a-lado e enviar-nos as suas fotos dos tempos da tropa e textos, para aqui serem publicados. 



Hoje apresenta-se o RANGER Manuel Anselmo F. G. Vieira, do 4º Curso de 1968 


Entrei nas Caldas da Raínha para a recruta (como instruendo) em 15/07/1968 no RI 5, no curso de sargentos milicianos e o meu número era o 3.600, tanto que na brincadeira os nossos camaradas de recruta mais próximos apelidaram-me de “português suave”, porque o preço desses cigarros era 36$00 (escudos) que se dizia na época 3600 “reais”.
Quase ao final da recruta lá nas Caldas da Rainha fui escolhido/selecionado para fazer as provas de admissão de passagem ao curso de oficiais e fui classificado.

Assim fui colocado no CIOE (RI 9) e lá estive de Setembro a Dezembro de 1968, tendo passado no curso em 15º lugar com uma nota de 15,18 valores.

Em 06/01/1969 (data oficial da promoção a aspirante) fui colocado do Regimento de Cavalaria 7 (Caçada da Ajuda – Lisboa).

Alí formámos a companhia de cavalaria nº 2563, que depois da instrução foi mobilizada para Angola como companhia independente, e embarcámos em 21 de Julho de 1969 no navio Vera Cruz, 164 homens pois não levávamos o 15º que seria o médico, que nunca tivemos.

Estivemos no Campo Militar do Grafanil em Luanda cerca de duas semanas à espera de saber onde íamos ser colocados, fomos até vacinados contra a doença do sono (picadura da mosca tsé-tsé) e achamos que iríamos para o norte, lugar onde existia essa doença.

Ao 11º dia de estadia no Grafanil vimos chegar uns camiões civis e militares (berliets) com uma série de caixões com mortos e na ordem do dia desse dia soubemos ter sido mobilizados para de onde vinham aqueles mortos (MUNHANGO), lá para o leste, um pouco antes do LUSO, deslocamento feito em camiões militares e civis demorando três dias para lá chegar e lá estivemos 27 meses.

Como eu era o comandante do primeiro pelotão, quando o então capitão se ausentava por motivos diversos (e eram muitos porque ele era um medroso e cobarde), era eu que comandava a companhia.

Como o exército quis fazer uma experiência com tropa a cavalo, fui colocado (apenas para treinamento) junto com 60 soldados no Grupo de Cavalaria 1 (Dragões) na cidade de Silva Porto (hoje chama-se KUITO) na província do Bié, tendo depois voltado ao Munhango e lá construido duas cavalariças, uma de pau a pique e coberta de capim e outra de tijolo, para albergarmos os cavalos.

A história dos cavalos não evitava que de vez em quando não fizéssemos na mesma as operações a pé.

Como tínhamos um Grupo Especial (autóctenes voluntários e pagos pelo exército português) que usávamos como tropa (treinamo-los melhor do que estavam) e não como carregadores como muitos camarados nossos (não na minha companhia) fizeram ants e depois de nós, era eu o comandante deles.

Voltámos a Portugal (e eu a comandar a companhia) com 160 homens (três soldados morreram e o capitão ficou em Angola castigado por se “desenfiar” porque eu fiz queixa dele), passei à disponibilidade em 18/10/1971 e fui promovido a tenente miliciano na disponibilidade em 01/12/1972.

Se olharem algumas fotos minhas daquele tempo verificarão que, na boina que na época era castanha, usava as armas (espadas) da unidade onde estava, mas nunca coloquei o número desse regimento ou da companhia e sempre as letras COE acima das espadas.

Cumprimentos,
Anselmo 


 Em Penude

Com o furriel também OEs


Um ranger é capaz de fazer tudo

M405 - 13 de JULHO 2013. 21h30 - Sobre o livro do RANGER Froufe Andrade

13 de JULHO 2013. 21h30 - Sobre o livro do RANGER Froufe Andrade

Queres ouvir histórias verídicas da guerra colonial? Queres contar a tua? Não estiveste em África, mas desejas, mesmo assim, dizer algo sobre o tema, fazer perguntas? Então aparece!


Abraço solidário
Jaime Froufe Andrade 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

M404 - ALMIRANTES, GENERAIS E A QUADRATURA DO CÍRCULO, da autoria do Sr. David Martelo – coronel do Exército (Ref.º)



Com a devida vénia e agradecimentos, publicamos um interessante artigo da autoria do Sr. David Martelo, Cor. Exército Refº, comentando o programa/debate semanal, televisivo da SICnotícias: QUADRATURA DO CÍRCULO

ALMIRANTES, GENERAIS E A QUADRATURA DO CÍRCULO

A primeira parte do programa da Sic Notícias “A Quadratura do Círculo” de ontem (09Fev) proporcionou-nos, provavelmente, o melhor debate dos últimos anos sobre a problemática das Forças Armadas.

Logo a abrir, José Pacheco Pereira começou por salientar que era essencial que a República decidisse se quer ou não ter Forças Armadas. Depois, acrescentou que era sua convicção haver muita gente no governo que de bom grado optaria pela opção da sua extinção, nas quais vêem apenas uma enfadonha despesa.


Da intervenção de Pacheco Pereira relevo, ainda, o facto de ter dito, em tom naturalmente solene, que seria um tremendo erro menosprezar o mal-estar existente das FA, patenteando uma sensibilidade muito correcta sobre o sentimento presente nas fileiras e que não é, como o actual Ministro da Defesa pretende fazer crer, uma manifestação semi-subversiva, filha de uma manipulação política cozinhada no seio das Associações Profissionais de Militares.

Da intervenção de António Costa realço a observação que fez relativamente ao tipo de medidas que, no âmbito da actual crise, o governo tem implementado nas FA.

Para o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, essas medidas têm incidido muito mais nos cortes dos direitos dos militares do que na racionalização do funcionamento da estrutura militar, onde, segundo ele, se poderiam encontrar diversas formas de fazer baixar a despesa.


A intervenção de António Lobo Xavier foi extremamente invulgar e merece um destaque especial. Começou por discordar da terminologia usada recentemente pelo MD, ao referir-se à “insustentabilidade” do actual modelo de FA. 

Lobo Xavier disse que ninguém podia esperar que as FA, como qualquer empresa bem gerida, se pagassem a si próprias. Depois, considerou que as polémicas em que o ministro se tem envolvido com as APM acabam por diminuir a importância das Chefias Militares. E formulou algumas interessantíssimas perguntas: qual será o pensamento dos CEM’s acerca de toda esta polémica? De que lado estão? Qual é o seu papel? Seguidamente, perante a ausência de respostas a estas singelas quão inocentes perguntas, rematou, em tom conclusivo, o óbvio: não vejo que tenham credibilidade!

Para os militares do activo, reserva e reforma, estas questões formuladas por Lobo Xavier expressam, naturalmente, o pensamento que, desde há muitos anos, têm dos seus camaradas que, sucessivamente, foram ocupando os vértices da estrutura militar. É certo que, na maior parte das tomadas de posição públicas, os CEM’s foram sendo poupados a críticas por parte quer das APM quer de militares isolados.


Mas, agora, até um civil que nunca vestiu a farda (como o próprio salientou) notou esta aberração de não se perceber de que lado estão os nossos chefes militares. Ainda não perceberam que é uma posição reveladora de uma clamorosa falta de coragem, essa, sim, a todos os títulos insustentável?

Se não têm vocação para os incómodos resultantes das funções que ocupam, porque não aproveitam o recado que o MDN deu às APM?

David Martelo – Coronel do Exército (Ref.º)

10 Fev 2012

M403 - Apresenta-se o RANGER João Coelho, que foi Alf Mil da 1.ª CART do BART 6522 – GUINÉ

     

HOJE APRESENTA-SE NESTA NOSSA ENORME PARADA VIRTUAL... 


O nosso Camarada João Coelho, QUE FOI Alferes Miliciano 1.ª Companhia de Artilharia do Batalhão de Artilharia 6522, que prestou a sua comissão em S. Domingos, na Guine entre 1972 e 1974). 


Enviou-nos uma mensagem de apresentação e algumas fotos do seu álbum de memórias. 


Camaradas, 

Sou do 2º Curso de Rangers de 1972, onde fui graduado em Aspirante, tendo ficado no C.I.O.E. como instrutor no 3º curso (Adjunto do então Capitão Cardeira Rino). 

Formamos Batalhão de Artilharia 6522.em Penafiel, passando a Alf Mil e chegamos à Guiné em Dez/1972, integrado na 1ª CART, que foi colocada em S. Domingos. 

Regressamos a Portugal em Setembro de 1974.

Envio umas fotos e conto uma pequena história, apesar de não ter grandes histórias. 

Felizmente, não houve baixas na minha companhia e todos os rapazes que foram, regressaram sem um ferimento. 

Então, aqui vai a história do momento em que eu senti que ia morrer na Guiné.

Um dia, depois do jantar, e estando na messe a jogar "King", eis que ao longe ouvimos a saída de um projétil de uma arma pesada. 

Claro que todos correram para os seus postos, menos eu, que continuei sentado a olhar para o meu jogo, chamando nomes ao IN, pois era a minha mão e tinha um jogão para "nulos".

Quando saí da messe já as granadas de canhão sem recuo caíam dentro e fora do aquartelamento(a grande maioria delas).
Como o meu posto de combate ficava nas valas à frente dos 3 obuses 10,5, decidi correr em campo aberto, pois ainda era distante.

Sensivelmente a meio do trajeto, eis que ouço um silvo. Pensei que estava feito e que ia levar com uma granada em cima. Deitei-me no chão e tentei cobrir a cabeça com os braços. Logo a seguir um rebentamento a poucos metros de mim e comecei a levar com terra em cima.

Uns segundos depois, ao ver que nada me tinha acontecido, levantei-me e lá cheguei ao meu destino, são e salvo.

Mais tarde, contarei outra que se passou no dia seguinte, quando fui fazer o reconhecimento, onde se pode ver que a sorte pode muitas vezes decidir quem vive e quem morre.

Oficial de Dia no C.I.O.E.

"Aeroporto " de S. Domingos
Aquartelamento, vestido com um macaco e botas, oferecidos pelo meu amigo 2º tenente Centeno do Destacamento de Fuzileiros Especiais da vila de Cacheu, na companhia do 1º comissário político do PAIGC que visitou S. Domingos.

Um abraço amigo,
João Coelho
Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª CART do BART 6522
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O RANGER COELHO É O TERCEIRO ELEMENTO DO MESMO BATALHÃO QUE AQUI SE APRESENTA, JÁ CÁ ESTAVAM NA FORMATURA: 

- O RANGER António Inverno, que foi Alf Mil da 1.ª e 2.ª CARTs e Pel Caç Nat 60; 

- O RANGER Ricardo Pereira de Sousa, que foi Alf Mil da 3ª CART no Sedengal. 

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010).Direitos reservados. 

Fotos: © João Coelho (2010). Direitos reservados. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

M402 - SNIPERS uma designação moderna para os franco-atiradores


SNIPERS uma designação moderna para os franco-atiradores

"UM ALVO UM TIRO" 



Temos recebido diversas mensagens a solicitar-nos que falemos mais da especialidade sniper, que em Portugal é ministrada, e muito bem, no Centro de Tropas de Operações Especiais, em Lamego.


Já publicamos 8 mensagens que podem ser vistas nas mensagens de que publicamos abaixo os respectivos links e pouco ou nada mais há a acrescentar ao que e ali está fiel e superiormente descrito, por quem domina bem esta matéria. 

Um deles era sem dúvida o RANGER GEN Lemos Pires, recentemente falecido e que permanecerá para sempre na nossa memória, como um Homem leal e justo. 

No entanto rebuscamos o nosso arquivo, e encontramos mais algumas raras fotos impressionantes de snipers, quase todas elas fornecidas pelo RANGER/SNIPER Sérgio Fernandes, um dos primeiros operacionais desta categoria instruídos em Portugal.


Sniper devidamente camuflado pronto a entrar em acção
Treino de tiro
Sniper camuflado para acção em guerrilha na selva
Snipers do Exército Português

Preparação em rapele
Sniper e sua parelha
Sniper solitário em acção na montanha

Fotos: © RANGER/SNIPER Sérgio Fernandes (2009). Direitos reservados
___________________________________
Mais mensagens sobre snipers neste blogue:

21 de Janeiro de 2011
3 de Abril de 2010

27 de Agosto de 2009

13 de Julho de 2009

21 de Abril de 2009

7 de Fevereiro de 2009

9 de Outubro de 2008

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

M401 - CONTRA ESTE E QUALQUER OUTRO desACORDO desORTOGRÁFICO... HOJE E SEMPRE! - 2


EU JÁ ASSINEI...

Já não bastava arruinar o país, também querem arrasar a língua portuguesa...

Amigos PORTUGUESES (que se prezam e sentem orgulho  de o ser), enviados pelo nosso Amigo Abreu dos Santos em comentário à mensagem M400, reproduzem-se os url respeitantes a duas petições públicas, online, contra a entrada em vigor do suposto "Acordo Ortográfico de 1990":
Assinar a petição são 20 segundos.
O laxismo, a passividade e a indiferença são a favor da destruição da nossa língua.

CADA VEZ SOMOS MAIS CONTRA O desACORDO desORTOGRÁFICO... CONTRA TUDO E CONTRA TODOS QUE DEFENDAM A SUA INSTITUIÇÃO! 
«A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, prepara-se para abandonar o novo acordo ortográfico»!


E o prof Malaca Casteleiro, ... piurso.

Ouvir notícia, aqui...

http://www.youtube.com/watch?v=N1slW0PSkzM
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(e dois dias antes... )

OPINIÃO
O acordo do desacordo
07 Fevereiro 2012, 23:30
BagãoFélix


Volto ao Acordo Ortográfico (AO). Por obra e graça de Vasco Graça Moura que felicito pela coragem e determinação.

Assim como pela oportuna iniciativa de Mota Amaral. Volto ao Acordo Ortográfico (AO). Por obra e graça de Vasco Graça Moura que felicito pela coragem e determinação.

Assim como pela oportuna iniciativa de Mota Amaral.

Com a aprovação do 2º Protocolo Modificativo do AO, estabeleceu-se que para este entrar em vigor bastaria a ratificação por três Estados lusófonos. Uma batota legal! O Brasil - claro - foi o primeiro, seguido de São Tomé e Cabo Verde. Angola e Moçambique, além da Guiné e Timor, não o fizeram. Tal situação faz-me lembrar, noutro plano, o que seria na Europa um Acordo deixar de fora Estados mais populosos (ou fundacionais) e vigorar por força do número ou quantidade de países como Malta, Chipre, Luxemburgo, Letónia, etc.

A Resolução do CM (Jan. 2011) que determinou a aplicação do AO nos documentos oficiais refere dois objectivos: "reforçar o papel da língua portuguesa como língua de comunicação internacional e garantir uma maior harmonização ortográfica entre os oito países da CPLP." Alguém deu por alguma destas anunciadas pretensões?

Estamos perante o acordo do desacordo. Numa matéria destas é lamentável o défice de escrutínio público. A língua é assunto que deve exigir a busca de um consenso tão alargado quanto possível. Ao invés, induziu-se o artificialismo do ruído mínimo garantido. Sempre que pessoas ou organizações se atreveram a lançar críticas ou dúvidas, logo foram arrogantemente consideradas ultrapassadas ou incapazes de olhar o futuro.

Vivendo tempos em que até direitos fundamentais são questionados, estaremos, quanto ao AO condenados à desistência ou à inacção? Estaremos resignados a viver entre a troika financeira, a China accionista, a Angola económica e o Brasil linguístico?

Ainda estamos a tempo de impedir este empobrecimento da nossa língua. Não podemos ser indiferentes.

Leiam também as mensagens:

12 de Janeiro de 2012

M400 - Hoje apresenta-se mais um RANGER: Alberto Manuel Salvado dos Santos Grácio, foi Alferes Miliciano GUINÉ - CCS do BCAÇ 4615/73 (Teixeira Pinto, 1973/74)







Apresenta-se neste nosso quartel virtual o nosso camarada RANGER Alberto Manuel Salvado dos Santos Grácio, que cumpriu a sua comissão militar na Guiné, como Alferes Miliciano na Companhia de Comando e Serviços do Batalhão de Caçadores Nº 4615/73 (Zona Operacional de Teixeira Pinto, em 1973/74).



Passo a fazer a minha apresentação muito singela:

Sou o Alberto Manuel Salvado dos Santos Grácio, do 1º curso de 1973, nascido e residente em Paredes, a 8 de Setembro de 1951.

Fui mobilizado pelo Regimento de Infantaria Nº 16 - Évora, para a Guiné, tendo embarcado no navio NIASSA, em 22 de Setembro de 1973.

Fiz parte da CCS do Batalhão de Caçadores 4615, onde fui incumbido do comando do Pelotão de Reconhecimento.

Cumpri o I.A.O. - Instrução de Adptação Opreracional  no Cumeré - Guiné, partindo depois para Teixeira Pinto, onde cheguei no princípio de Novembro.

A 15 de Agosto de 1974 vim de férias não tendo regressado à Guiné, em virtude de o Batalhão ter regressado a Lisboa, onde fiz a desmobilização a 14 de Setembro.

Envio algumas das minhas fotos.

Um abraço para todos os Camaradas em especial para os do 1º turno de 1973. 

Foto 1 – No Cumeré - IAO
Foto 2 - Em Teixeira Pinto
Foto 3 - Oficial de dia
Foto 4 - Acção psicológica
Foto 5 - Pel Rec
Foto 6 - Pel Rec
Foto 7 - Regresso de uma patrulha
Foto 8 - Pel Rec - Futebol
Foto 9 - Combatente do PAIGC
Foto 10 – Com um combatente do PAIGC
Foto 11 - Oficial dia com Combatente e o Alf Mil David


Foto 12 – Apoiantes do PAIGC