domingo, 28 de novembro de 2010

M286 - RAIDS RADICAIS RANGER - Instantâneos espectaculares

RAIDS RADICAIS RANGER
Instantâneos espectaculares
Os nossos convívios radicais são sempre diversificados e plenos de desafio, ousadia e aventura, onde se integram provas fundamentais de marcha, orientação, canoagem, slide, rapele, paintball, tiro com várias armas (calibre reduzido e legal), escalada, transposição de cursos de água, aranha, defesa pessoal, primeiros socorros, etc.
A finalidade como é óbvio é permitir aos seus intervenientes reciclar e actualizar conhecimentos operacionais, manter o espírito de camaradagem, conviver e, não menos importante, afinar os instintos activos e reactivos pessoais de cada um.
Os reflexos individuais, que tanta falta nos fazem no dia-a-dia, vão-se esvaindo tão lenta e imperceptivelmente com o avançar da idade, que quando damos fé, por vezes, nada há a fazer já. Estão mortos!
Se repararem bem, os putos de hoje nem sabem o que isso é (reflexos e instinto). Mal praticam desportos, levam uma vida insavida e vazia, não fazem serviço militar que, penso eu, devia ser obrigatório para uma recruta e uma especialidade (6 meses). 6 meses que além de oferecer a todos os Homens uma preparação para a vida, ensinava-lhes muitas coisas que os pais não sabem, ou não querem, transmitir além da indispensável educação e respeito pelos demais seres humanos, a cumprir horas, ordens e disciplina, além de noções de convivência e trabalho em equipas e grupos.

sábado, 27 de novembro de 2010

M285 - 1º Sábado das bifanas - 20 de Novembro de 2010

1º Sábado das bifanas
20 de Novembro de 2010

Dinamizados mais uma vez pelo "motorizado" RANGER Lopes, que mais uma vez brindou o pessoal presente com os seus brilhantes dotes de cozinheiro (desta vez com umas apetitosas e suculentas bifanas), acorreram as nosso espaço situado na cidade do Porto, mais de duas dezenas de RANGERS, familiares e Amigos, que se bateram valentemente com várias de dezenas destes famosos exemplares.

Como sempre levamos a melhor sobre o inimigo, derrotando-o em toda a sua extensão, a que se seguiu um divertido e absorvente sarau de jogos tradicionais.

As imagens que se seguem dizem o resto.

O RANGER Lopes preparando as "rações de combate", que logo em seguida desapareciam eliminadas pelo pessoal "especializado"
Desta vez contamos com o nosso Herói de Gadamael - o RANGER Casimiro Carvalho -, e sua esposa a Ana que lhe confidenciava: "Assim a comer vamos engordar ainda mais!"
Também pela primeira vez contamos com a presença de um velho amigo nosso - o Fernando Barbosa -, que aqui dizia a Ana: "Não fui RANGER mas estive no Ultramar (Angola & Moçambique), 26 anos a trabalhar."

Fotografias: © Fernando Araújo (2010). Direitos reservados.

ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS E UM JÁ PASSOU... VIVAM A VIDA… CONVIVAM… RIAM… DIVIRTAM-SE… E JUNTEM-SE A NÓS...

NO ESPAÇO DE TODOS OS RANGERS

ATÉ ao próximo DIA 4 de Dezembro se Deus quiser

sábado, 20 de novembro de 2010

M284 – Os soldados portugueses em África, na Guerra do Ultramar (1), pelo RANGER António Barbosa


Os soldados portugueses em África, na Guerra do Ultramar (1), pelo RANGER António Barbosa 

Já foi dito nas mensagens M253 e M274 que o nosso Camarada RANGER António Barbosa, do 4º curso de 1972, cumpriu como Alferes Miliciano de Operações Especiais/RANGER a sua comissão militar na Guiné, incorporado no 1º Pelotão da 2ª Companhia de Artilharia, do Batalhão de Artilharia 6523, em Cabuca, nos anos de 1973 e 1974.

Entretanto ele continua a enviar mais algumas das suas fotos de antologia que, para aqueles que percorreram as mesmas terras e enfrentaram como souberam e puderam, com maior ou menor perícia e arte, e derrotaram os mesmos obstáculos, relembram e refrescam boas e más memórias daqueles tempos.

Os soldados portugueses mais não eram que uns putos com 21/22 anos (feitos Homens rapidamente), muitos ainda acabados de sair dos liceus e faculdades, que eram chamados pelas Forças Armadas a apresentarem-se nos quartéis, e lhes era ministrada 3 meses de instrução militar (recruta) e depois eram distribuídos, mais 3 meses, por diversas especialidades de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Transmissões, Intendência, Material Transportes, Saúde, Tropas Especiais, Polícias Militares, Marinha e Força Aérea.

Finda a especialidade alguns seguiam de imediato para a guerra, ou em rendição individual (geralmente para substituir algum morto ou outro soldado que tivesse acabado a sua comissão), ou incorporados em vários tipos Unidades (secções, pelotões, companhias ou batalhões).

É claro que, como seres humanos educados, cada um de modo diferente do outro, cada um mais ou menos sensível que o outro, cada um mais ou menos espírito guerreiro que o outro, cada um mais ou menos preparado psicológica e fisicamente que o outro, etc. enfrentamos de modo muito desigual a preparação e a actuação na guerra (guerrilha na selva), desgastante, doentia, traiçoeira e mortífera, que aos nossos soldados se lhes apresentou nos quartéis em Portugal e nos quartéis e buracos em África (Angola, Moçambique e Guiné).
Muitos tão mal treinados foram... e as consequências foram terríveis!

Houveram alguns, felizmente poucos, que se apresentaram no primeiro dia a chorar (uns tantos com saudades da família pois eram casados e com filhos, outros revoltados com a incorporação para a qual nunca estiveram preparados psicologicamente, inclusive por motivos políticos e religiosos, e os cagarolas/cobardes com medo dos eventuais ferimentos ou morte) e só voltaram a sorrir no último dia de tropa.

Se estes problemas psíquicos foram dificilmente, ou jamais debelados, pelas suas vítimas, então imaginem acrescentar-lhe as condições em que muitos foram sujeitos em África, desde a estarem enfiados em autênticos buracos construídos no chão (muito pó no Verão e lama por todos os lados nas épocas das chuvas), mal alimentados, rodeados de milhões de mosquitos (que transmitiam entres outras maleitas o perigosíssimo paludismo), reptéis de todas as espécies e, como se não bastasse, localizados em confins inimagináveis, sem qualquer outro ser humano ou povoação por perto, a não ser o inimigo.
Não era um inimigo qualquer, com muita experiência de guerra (alguns gravitavam nas suas hostes desde o início das hostilidades - 1962 -, 12 anos de combates), óptimo conhecedor do terreno que galgava, dos melhores locais para se esconderem e aramarem as suas emboscadas e armado com as melhores armas que se podiam encontrar no mercado de guerra da altura (principalmente dos países comunistas do Leste Europeu), como as espingardas e metralhadoras automáticas: Kalashnikov AK-47, PPSH-41, Simonov SKS, Degtyarev DShK, RPD e DPM, Sudaev, PPS-43, Goryunov SG-43, Vladimirov KPV, etc.
Um inimigo que se camuflava bem entre a população nativa, dominava bem as técnicas da guerrilha da selva, entre elas sabia como usar as traiçoeiras, temíveis e destruidoras minas e armadilhas, que destruiam dia-a-dia o ânimo e a combatividade dos nossos melhores Homens.
Os nossos melhores homens, bem alimentados e apoiados, e por tradição com muito, bem seleccionado, adequado e intensivo treino, eram sem dúvida nenhuma o pessoal das forças especiais: os Paraquedistas, os Comandos e os Fuzileiros, e também porque actuavam conjuntamente meses a fio, muitas vezes comandados por hierarquias com várias comissões e, por isso, velhas "raposas" super-operacionais, experientes e bem conhecedoras dos hábitos e costumes do adversário.
Seria uma injustiça de todo o tamanho não fazer aqui jus a muitas Unidades de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Força Aérea e Marinha, que jamais temeram o inimigo, antes pelo contrário, demonstrando grande agressividade e combatividade tática e operacional, tendo eliminado grande número de inimigos, tendo-lhe capturado imenso material de guerra e garantido a segurança total das suas áreas de actuação, sob a sua competência e responsabilidade.
Para mais pormenores sobre as armas utilizadas pelo inimigo, consultem o bem conseguido estudo sobre esta matéria de Luís Dias no site:


As mensagens:
e
Guiné 63/74 – P6892: Armamento (4): Metralhadoras Pesadas (Luís Dias)

Se alguma dúvida persistir no amigo leitor do que aqui é dito, além das palavras expressas e das fotos que se seguem, então atente nesta famosa e imortal frase de um dos generais mais brilhantes e célebres do Exército Português de todos os tempos, que permanecerá imortalizado pela sua inconfundível personagem e pelos métodos de actuação no terreno, onde muitas vezes se expôs, para apoiar os seus Homens (militares como é óbvio) nos locais de acção.

Ocasiões houve em que o fez, destemida e energicamente debaixo de fogo inimigo.
O seu carisma e a sua celebridade ficarão indelevelmente registados na História de Portugal, pela ousadia (que teve o seu preço) do lançamento do seu famoso e único livro escrito antes da revolução do 25 de Abril de 1974 - "Portugal e o Futuro" -, mais precisamente em 22 de Fevereiro de 10974, onde, resumidamente, propunha a Marcelo Caetano (então 1º Ministro) uma solução política para o problema da Guerra do Ultramar.
Chegastes meninos! Partis Homens!
General António Spínola


A arte e o engenho do pessoal de Engenharia e muitas vezes de soldados super habilidosos das diversas companhias (quando lhes eram proporcionados os materiais necessarios para o efeito), iam permitindo construir algumas instalações básicas, que davam aos aquartelamentos um certo ar "civilizado"


A sala de jantar de Oficiais e Sargentos tinha este aspecto. Não se pode dizer que não era limpo e arrumado. Quanto ao resto: moscas, mosquitos e outros visitantes pouco recomendáveis... enfim, estamos falados!


Valia muitas vezes as hortas, quer propriedade de populares locais, quer de malta da companhia, que muito nos ajudavam na preparação das refeições e, consequentemente, a manter-nos vivos e prontos para o que desse e viesse. Não fossem os portugueses MESTRES na arte de DESENRASCAR
A caça variada, existente um pouco por todo o território, era um dos recursos utilizados para termos algumas refeições de carne fresca


A higiene pessoal, indispensável à boa conservação saudável dos corpos, era prioritária. Assim, havia que aguçar o engenho e a arte para se conseguir resultados práticos e úteis
Pelo menos uma boa "duchalhada" diária sabia a civilização Os nativos viviam em palhotas milenares agrupados nas designadas Tabancas e viviam o dia-a-dia com as suas tarefas rotineiras, preocupados com a sua natural sobrevivência. Entre eles criamos enormes e imortais amigos, de tal modo que agora, passados 40 anos, quando os ex-Combatentes visitam as localidadeas por onde andaram nos tempos de guerra, são espantosa e agradavelmente recebidos em tons festivos e de imensa satisfação e alegria, por aqueles que lá conheceram então 

O povo da Guiné é na generalidade afável e muito acolhedor, embora atravesse um periodo de muita pobreza, com falta de quase tudo. 

É constituído por cerca de 30 etnias, que entre si se relacionam melhor ou pior, de que me lembro agora: Papéis, Balantas, Fulas, Futa-Fulas, Fulas, Mandingas, Manjacos, Brames, Bijagós, etc. 

Termino lançando aqui um apêlo para quem puder auxiliar de algum modo aquele povo o faça... ele merece por todos os vicissitudes e suplícios por que têm passado agarvados sobremodo pelas quezílias intestinas que tem passado nos últimos anos! 

Fotografias: © António Barbosa (2010). Direitos reservados.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

M283 – RANGERS PELO MUNDO. Nova missão do RANGER António Feijó (Cor. Reformado)

O RANGER António Feijó é desde 2009 o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Ordem Soberana Militar de Malta na República da Guiné-Bissau
Em nome de todos os camaradas que colaboram no crescimento e manutenção deste blogue, apresentando-lhe aqui as nossas melhores saudações e os meus melhores cumprimentos amigos e, com sua autorização, publico a mensagem em que me comunicou esta sua nova nomeação:
“Só me faltava a Guiné-Bissau para conhecer a antiga África Portuguesa.
Fui nos finais de 2009 nomeado por Roma Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Ordem Soberana Militar de Malta na República da Guiné-Bissau.
Depois de cumprida toda a rotina diplomática, apresentei no passado dia 9 de Novembro, no Palácio Presidencial em Bissau as minhas Cartas Credenciais, em cerimónia de Estado.
Recebeu-as S.E. o Presidente da República Malam Bacai Sanhá, actual Presidente eleito daquele País Lusófono.
Aqui envio duas fotografias do acto, uma entregando as Cartas Credenciais, e outra, passando pela escolta de honra, acompanhado por um membro do Protocolo de Estado. 

Estive em muito sítio e, claro, não deixei de ir ao cemitério fazer a Prece pelos nossos Camaradas que, na Guiné, derramaram o seu sangue por Portugal.

Um grande e amigo abraço para todos os camaradas.
Aqui vão os sites da Presidência da República da Guiné-Bissau e da Ordem de Malta:
http://ordemsoberanamilitardemalta.blogspot.com/

Um abraço amigo do
RANGER António Feijó

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

M282 – 2º Jantar/Convívio Mensal no Espaço de todos os RANGERS (2)

(Continuação da mensagem anterior M281)

O RANGER Albano Pereira proferiu algumas breves palavras às "tropas" presentes, delineando novas e secretas estratégias para optimizar e aperfeiçoar, futuramente, o sucesso obtido nestes divertidos e animados convívios

Fotógrafos eram mais que mil... para registar estes momentos eternamente!

Não podia ter faltado o nosso indispensável, contagiante e aterrador grito de guerra: RANGER... YAAAAAAAAAAAAAA

O Sérgio e o Pedro debruçados sobre uma disputada partida de damas, atentamente observados pela Marta

Os séniores jogaram a tradicional e discutida suecada, sem "arrenuncias" pois são logo averbados 4 joguinhos de castigo na pontuação dos adversários. Nesta jogada alguém tinha uma bisca seca!

O Sérgio e o Pedro, acabada a partida de damas dedicaram-se ao dominó, com a Marta a supervisionar eventuais batotas

A juventude e a velhice misturaram-se numa animada partida de dominó

As respectivas desforras realizar-se-ão no próximo dia 4 de Dezembro apartir das 19h30

(Continuação da mensagem anterior M281)

VIVAM A VIDA… CONVIVAM… RIAM… DIVIRTAM-SE… E JUNTEM-SE A NÓS... NO ESPAÇO DE TODOS OS RANGERS ATÉ DIA 4 de Dezembro se Deus quiser

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

M281 – 2º Jantar/Convívio Mensal no Espaço de todos os RANGERS

Rancho à moda de Penude

Abre o apetite não abre?

O cozinheiro de serviço - RANGER Lopes - e que cozinheiro... sim senhor... aprovado com distinção e por unanimidade Aspecto geral da sala polivalente onde foi servido o jantar

Sábado, dia 13 de Novembro de 2010, 19h30, numa noite bastante fria e chuvosa, começaram a surgir de todos os cantos da cidade do Porto, Fafe, Lousada, Paços de Ferreira e Santarém, o pessoal que se auto mobilizou para um bem sucedido golpe-de-mão ao rancho à moda de Penude que o nosso “cozinheiro” de serviço – RANGER Manuel Lopes -, tão bem confeccionou.

A juventude trata dos estômagos vigiada de perto pela Rosa Maria

Com os familiares e alguns amigos éramos perto de 3 dezenas de pessoas nesta confraternização, o que não parece mas era uma multidão.

As nossas faxinas à cozinha. Impagáveis, imparáveis e incomparáveis

Contaram-se as presenças de:

RANGER Manuel Lopes, Paula, João & Cecília

RANGER Alexandre Rocha & Lurdes

ANGER Fernando Araújo, Rosa Maria, Marta & Pedro

RANGER Carvalheira, Sérgio, Teresa & Ana

RANGER Froufe Andrade

RANGER Abílio Rodrigues & Fátima

RANGER Avelino PereiraRANGER Albano Pereira

RANGER Leonel Rocha & Ana

RANGER Rocha

RANGER Rochinha

RANGER António Barbosa & Luísa

RANGER Magalhães Ribeiro & Fernanda

Camaradagem, muita alegria e boa disposição, foram mais alguns ingredientes que enriqueceram este excelente repasto, que foi enriquecido sobremodo com várias presenças de homens peso, desta feita acrescido com as presenças do RANGER António Barbosa & Esposa Luísa que vieram propositadamente da belíssima cidade de Santarém (eu até os tinha mudado para Sacavém), onde vivem, e o RANGER Rochinha que se deslocou desde a não mesmo bela, pequena, atractiva e acolhedora cidade de Fafe.

Bem se pode dizer que esta iniciativa foi mais um êxito assinalável, que esperamos ver repetido no próximo jantar/convívio – sábado dia 4 de Dezembro.

VIVAM A VIDA… CONVIVAM… RIAM… DIVIRTAM-SE… E JUNTEM-SE A NÓS...

NO ESPAÇO DE TODOS OS RANGERS

ATÉ DIA 4 de Dezembro se Deus quiser

terça-feira, 16 de novembro de 2010

M280 - O que era ser ranger entre 1960 e 1974? (3), pelo RANGER Pedro Neves


O RANGER Pedro Neves, foi Furriel Miliciano de Operações Especiais/RANGER e cumpriu a sua comissão militar na Guiné, incorporado na CCAÇ 4745 = Companhia de Caçadores 4745, conhecida por “Águias de Binta”, em
Binta, nos anos de 1973 e 1974.

É assim que o RANGER Neves complementa a informação sobre quais eram as missões operacionais, que competiam aos homens da nossa especialidade no decorrer da Guerra do Ultramar, fechando o ciclo informativo iniciado nas mensagens M277 e M279:
Depois de ler os textos dos Rangers (uma vez Ranger… Ranger para sempre!) José Gonçalves e Magalhães Ribeiro (Grande Amigo), devo dizer que estou de acordo com o pensamento deles e demais camaradas, sobre o treino operacional que nos era ministrado, em Penude-Lamego e devo esclarecer o seguinte:
- Fui colocado na C.CAÇ. 4745-Águias de BINTA e quando cheguei e me apresentei na mesma, já o I.A.O (Instrução de Adaptação Operacional) tinha acabado, tendo seguido dois dias depois, para Binta, sem conhecer praticamente ninguém, fui colocado no 4º pelotão de combate e como se sabe os pelotões eram formados desde os alferes, furriéis, cabos e soldados, por ordem de classificação, sendo 1º pelotão, os elementos que melhores classificações tiveram durante a especialidade e os restantes pelotões formados pela mesma ordem.
- Fui colocado no 4º pelotão, por duas razões:
1ª- Eu era o furriel mais novo da CCAÇ, porque todos os outros eram do 3º turno e eu era do 4º de 72, apesar da minha nota de fim de curso de Operações Especiais ser superior à dos outros camaradas furriéis.
2ª- Fui colocado no 4º pelotão, com o pedido do Comandante de Companhia, Cap. Capucho, de incutir disciplina no grupo, uma vez que era formado com operacionais com as notas mais baixas da especialidade e citando as palavras dele, era o pelotão dos “básicos”.
3º- Verifiquei ser verdade, porque na primeira saída do meu grupo, iam aos pares, falavam alto, riam e mais parecia que iam para uma romaria.
4º- Falei com o Alf Mil Pimenta e com os Fur Mil Andrade e Rebelo e demonstrei, sem grande alarde, como se deveria actuar no mato. Devo dizer que aceitaram de bom grado tudo o que tinha aprendido no curso de Operações Especiais. Pouco tempo depois, actuávamos como um autêntico grupo de combate e a nossa amizade nunca foi beliscada, por eu ser de Operações Especiais e em cada Cabo e Soldado, tinha um amigo (e ainda tenho).
5º- Devo acrescentar que com dois meses de comissão, o Furriel Andrade foi evacuado, ferido na viatura que rebentou uma mina anti-carro e cujo condutor faleceu, o Furriel Rebelo (já falecido), foi destacado para tomar a responsabilidade das minas e armadilhas de protecção do destacamento, isto já em Polibaque, sector de Mansoa, destacamento de apoio à construção da estrada Jugudul-Babadinca (não havia população junto de nós), o transmissões, 1º Cabo Manteigas, do meu pelotão, ficou a tomar conta do gerador do destacamento, porque era electricista, antes de ir para a “tropa” e o Alf Mil Pimenta esteve durante alguns meses com problemas de saúde, em Bissau, no Hospital Militar. Fiquei sozinho a comandar o meu pelotão e era ao mesmo tempo o homem das transmissões. Assumi sem problemas e só cá para nós, preferia ser eu a andar com o AVP-1 (banana), assim sabia de tudo, em 1ª “mão”.
6º- Devo acrescentar que na CCAÇ 4745, só tínhamos, desde a formação da mesma, o Alf Mil Louro e eu furriel, como graduados de Operações Especiais, sendo o Alf Mil Louro do 1º pelotão e 2º Companhia de Companhia.
7º- Tudo isto para vos transmitir, que assumi sozinho, o que acabei de relatar e independentemente de outros terem, eventualmente feito o mesmo, ou mais e melhor, sem serem de Operações Especiais, entendo que o que aprendi em Penude, me foi bastante útil e é com muito orgulho, que posso gritar: “RANGER… YÁÁÁ!!!”.
Só quem passou por lá, sabe dar o real valor à palavra RANGER e ao seu significado!!!
Cumprimentos a todos os membros do Blogue e em especial aos aniversariantes do mês de Novembro e restantes camaradas.



Pedro Neves
Fur Mil OpEsp/RANGER da CCAÇ 4745


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

M279 - O que era ser ranger entre 1960 e 1974? (2), pelo RANGER Magalhães Ribeiro





O que era ser ranger entre 1960 e 1974? (2)

Introdução 

O Editor deste blogue já o escreveu, em anteriores mensagens, que foi, nos já longínquos anos de 1973 e 1974, Furriel Miliciano OpEsp/RANGER e foi mobilizado no Regimento de Infantaria 16, na CCS do BCAÇ 4612/74 = Companhia de Comandos e Serviços, do Batalhão de Caçadores 4612/74, que cumpriu a sua comissão militar em Mansoa, na ex-província Portuguesa da Guiné. 

Portugal travava então ali uma guerra contra um movimento nacionalista – o PAIGC -, que pretendia a libertação do seu país. 

Esta mensagem, foi escrita julgando eu poder contribuir para o melhor esclarecimento das funções dos homens das Operações Especiais na guerra, ficando a aguardar que surjam aqui outras considerações complementares de camaradas da nossa especialidade, mais graduados e, ou, melhor instruídos e informados. 

Algumas considerações em relação à mensagem M277 

Posto isto, passo a expor mais alguns esclarecimentos, especificamente para os nossos visitantes em busca de informação, e para aqueles camaradas que eu penso que o merecem, e procuram saber respostas baseadas e factuais às suas mais que normais dúvidas e desconhecimentos.

Quem foi RANGER, já leu na mensagem M277 e se apercebeu que o RANGER José M. Gonçalves foi modesto, comedido e racional q.b. na sua redacção, e só deu uma pequena ideia do que era um RANGER em tempo de guerra e para que servia.  

Em tempo de guerra e nos idas de hoje, já que o CTOE continua e bem a formar e excelentes e competentes elementos nos seus quartéis para o que der e vier, quer em eventuais acções hostis ao nosso país, quer em outras missões (paz incluídas) onde e quando for preciso. 

Como já foi repetido mais que uma vez aqui neste blogue, não vou voltar a contar como é que os “Operações Especiais” de Portugal, são vulgarmente conhecidos por RANGERS. 

Assim, vou contar algumas pequenas lembranças minhas do meu curso, além do que foi dito pelo Gonçalves, para melhor se perceber que os RANGERS não eram, nem são, superiores nem inferiores a ninguém... apenas diferentes no modo se ser e estar na tropa e na vida. 
  • Sobre os cursos RANGERS acrescento que, por exemplo, além da instrução básica de infantaria (exercício físico, luta corpo a corpo, pistas de obstáculos, boxe, etc.) incluía imensas horas de técnicas de combate, prestadas por Alferes dos Grupos Especiais de Moçambique já com algumas comissões no pêlo. Tudo doseado criteriosa e infernalmente com simulações práticas de emboscadas, armadilhas e golpes-de-mão, rodeados de fogo real para melhor nos prepararem para o combate.
  • Sobre os cursos RANGERS acrescento que, por exemplo, só em granadas, explosivos e munições de vários calibres estoiradas na instrução de um RANGER, custava então, a preços de 1973, 137 contos em moeda antiga.
  • Sobre os cursos RANGERS acrescento que, por exemplo só nas centenas de quilómetros percorridos em caminhadas, marchas forçadas e crosses, um RANGER gastava, no mínimo, 1 par de botas ao longo do curso, que como bem se devem lembrar não eram assim tão fraquitas como isso.
  • Sobre os cursos RANGERS poderia ainda divagar, ou pormenorizar, os cenários dantescos e macabros das diversas provas que eram lançadas, noite e dia, por vales, rios, montes, cemitérios, campos, etc. aos instruendos e cadetes: Fantasmas, Largadas, Esgotos, Calvários, Gerrilheiras, Durezas 11, 24 Horas de Lamego, etc.
  • Sobre os cursos RANGERS, poderia dizer também que os seus elementos eram instruídos e adestrados nas várias especialidades militares de então (minas e armadilhas, transmissões, orientação, montanhismo, transposição de cursos de água, todas as armas ligeiras e pesadas - inclusive algumas do IN -, topografia e primeiros socorros), e ficavam prontos a substituir qualquer elemento dentro de um batalhão, inclusive comandantes de companhia como se verificou em várias ocasiões.
  • Sobre os cursos RANGERS, poderia dissertar sobre as muitas aulas de acção psicológica que lhe eram incutidas, periodicamente, alertando-os e instruindo-os para os vastos perigos que iriam defrontar, tipos de populações e terrenos, tácticas e armas inimigas, as origens e efeitos do terrorismo, etc.
  • Sobre os cursos RANGERS, poderia elogiar uma disciplina rara até então, mesmo nas grandes empresas e escolas deste país, designada por: “SER CHEFE”.
Partes de um panfleto de acção psicológica (1973)
Transmissão de instrução a pessoal destinado à guerra 
Se com esta bagagem "intelectual" e outra já por mim esquecida (já lá vão 36 anos que saí de Penude), os RANGERS não souberam posteriormente (por burrice, laxismo ou outra qualquer imbecilizada, ou miserável justificação), ou não quiseram transmitir (por politiquices maradas, crime omitivo, cobardia ou traição pessoal) no tempo da guerra, aos seus subordinados, o que foi ensinado no CIOE em Lamego, é uma coisa. 
Outra coisa, como em tudo na vida, é sabermos que alguns RANGERZitos se exacerbaram e, ou, exorbitaram nas doses adequadas e necessárias a uma boa retransmissão de conhecimentos e experiência adquirida nos seus cursos, aos instruendos que lhes tocaram, daquilo que mais ou menos atenta e correctamente aprenderam, não é segredo para ninguém.

Quantas mais especialidades, além dos comandos, páras e fuzileiros (nas suas variantes e especificidades instrutivas) eram assim eram instruídas?

Todos fomos importantes no esforço da guerra

Na minha sincera opinião, reiterando o que o RANGER Gonçalves diz, toda a tropa foi máquina de guerra (cada um no seu poleiro) e contribuiu para o sacrifício e esforço da guerra que nos foi exigido, mas os treinos e as instruções de cada uma das especialidades eram completamente diferentes, como não podia deixar de ser. 
Eram ou não importantes os homens que nos faziam chegar o correio muitas vezes a buracos no cu de judas, os que nos transportavam em barcos, os que bombardeavam o IN com os seus aviões em situações aflitivas, os que nos faziam chegar os materiais, equipamentos, alimentos, munições, etc.

Agora, quem não sabe do que fala pode é questionar e tentar informar-se dos porquês (origens, objectivos, finalidades, etc. das várias especializações), junto de quem sabe, ou conhece bem, ou então deve calar-se e não pronunciar-se leviana e cegamente sobre matérias de que nada, ou quase nada, sabe!

Como eu costumo fazer em relação àquelas matérias que não domino e... bem, digo eu!

Cumprimentos a todos,
MR

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

M278 – Apresenta-se o RANGER Paulo Ferreira do 1º Curso de 1995

RANGER Paulo Ferreira
1º Curso de 1995
Hoje apresenta-se o RANGER Paulo Ferreira, do 1º Curso de 1995, que se vem juntar a esta nossa tertúlia amigável.


O Paulo esteve no C.I.O.E., como 1º Cabo Adjunto, integrado no 2º Pelotão “Os Leões”, 1º turno de 1995 e cumpriu cerda de 9 anos de serviço militar, entre 13 de Fevereiro de 1995 e 13 de Dezembro de 2004.


Brevemente receberemos mais algumas das suas fotos.