terça-feira, 22 de setembro de 2009

M 154 - CINCO AVOS PARA UMA SÓ

Nos RANGERS de Portugal em 1973, a 1ª e única Companhia de Instrução, era constituída por 125 elementos, dividido em 5 Grupos de Combate de 25 homens.


Cada Grupo de Combate (25 homens) era subdividido em 5 equipas de 5 elementos.


RANGER Magalhães Ribeiro – Soldado Instruendo nº 114


CIOE - Penude - 4º Turno/1973


3ª Equipa - 4º Grupo de combate


CINCO AVOS PARA UMA SÓ


Geraldes, Bexiga, Vareta, Ferreira e Magalhães


Em Penude s’uniram num elo de amizade profundo


Um quinteto d’escol, dinâmico e divertido


São RANGERS! Quer dizer: Fizeram-nos seres d’outro mundo


I


Na instrução no quartel em Penude


Apenas havia uma “Companhia”


Repartida em grupos de combate


Qu’em cinco equipas se subdividia


II


Por sua vez, cada uma delas


Era constituída por cinco homens


Mas, no quarto grupo, terceira equipa


Estava a “elite” daqueles jovens


III


Eram os cinco da minha equipa;


O Geraldes, audaz e destemido…


O não menos audacioso Bexiga


O Vareta, robusto e descontraído…


IV


O baixinho e valente Ferreira


E, eu, o Magalhães, discreto e “pacatão”


Todos diferentes... um mesmo fim…


Honrar a equipa com distinção!


V


E assim o fizemos... com afinco


Mas fisicamente éramos distintos


Cada qual com as suas qualidades


Embora dotados de bons instintos


VI


O Geraldes além de consistente


Era o “rei” da sobrevivência


Comia de “tudo” com satisfação


E gozava com a nossa renitência


VII


O Bexiga era o “pápa-léguas”


Em corridas batia todo o “plantel”


Arrancava nas partidas e... “voava”


Só o reavistávamos no quartel


VIII


O Vareta era o nosso Hércules


Preparação física d’excelência


Jogava rugby nos tempos livres


Fazia da dureza uma ciência


IX


O Ferreira era o mais divertido


Era o “Miss Puta 74”


Além de cumprir com o exigido


Era um óptimo actor de teatro


X


Eu, tal como o Ferreira, enfim;


Dávamos à equipa o que podíamos


Esforçávamo-nos até à exaustão


Dia a dia, lá nos excedíamos


XI


Mas o grande “segredo” da nossa força


Era a sadia camaradagem


Que unia nos momentos difíceis...


Foi p’ra mim uma nova aprendizagem


XII


Este punhado de “apanhados”


Transpunham as provas com pertinácia


Na dureza nunca mediam esforços


Deslumbrava a sua eficácia


XIII


Mas... confirmando a excepção à regra


A casmurrice... por defeito... era comum


Pelo que se perdia muito tempo


Para que nunca se zangasse nenhum


XIV


Na instrução a nível de equipas


P’ra combinar um plano de acção


Demorava mais um “acordo” final


Do que a sua total execução


XV


Quando as provas metiam bússola


Cada um o seu azimute tirava


E, discutia-se... - Quem está certo?


Qu’alegria se alguém concordava!


XVI


Na travessia do rio com barco


Cinco novas técnicas de remar


Era giro viajar em ziguezague


Duma margem p’ra outra... a agoniar


XVII


Era o “bonito”... nas encruzilhadas...


- Palpita-me que é em frente... vamos!


- À direita é que é o caminho!


- Não, é pela esquerda... sigamos!


XVIII


Quando um s’esgotava... propunha;


- Paremos aqui para descansar!


- Eu não estou cansado... mais adiante!


Enfim... só nos restava uma opção... votar!


XIX


Diz o direito... respeitar a maioria


Um por todos... todos por um lado


Mas... se uma minoria vinha a verificar;


«Vamos mal!». Estava o caldo entornado!


XX


No fim... debatiam-se os erros;


- Ó pá... somos teimosos como burros!


Prevalecia o bom senso e o humor


Objectivo: Missão cumprida... sem murros!




Além do explicável... da narração... das simples palavras...


Mesmo esmiuçando a mais pura das filosofias...


O indiscritível e fraterno “elo” da família RANGER....


É um subtil e sublime ”tabu”... só nosso... todos os dias!





Foto (Pôr do Sol - Serra das Meadas - Lamego): Bigotte de Almeida (2009). Direitos reservados.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

M153 - 3º turno de 1967 de Op.Esp./RANGERS - Guiné, 1968 a 1970



Em busca de informações de RANGERS do 3º turno de 1967, que estiveram na Guiné, 1968 a 1970

O RANGER António Brandão, foi Alferes Miliciano da CCAÇ 2336 (Angola 1968/70) e enviou-nos o seguinte apelo de busca de camaradas do seu curso, que foram mobilizados para a Guiné nos anos de 1968/70.

Camaradas e Amigos,

A Guerra do Ultramar ceifou o meu 1º amigo nos idos anos de 1964 (era eu uma criança de 20 anos e alguns meses), um jovem Furriel Miliciano com mais dois ou três que eu, refiro-me ao Varinho (Álvaro Manuel Vilhena de Mesquita), que era atirador da CCAÇ 675.

Infelizmente não foi o último, outros lhe seguiram na Guiné, Angola e Moçambique.

Na altura soube logo de dois mortos em combate, ambos em Moçambique, e sete vivos.Há alguns anos iniciei uma “cruzada” que tenho esperanças de concluir. Resolvi descobrir e saber do paradeiro dos 70 Aspirantes, que em Junho de 1967, comigo frequentaram o 3º curso de Op. Esp./RANGERS, em Lamego.


Encontrei o 8º camarada vivo através do blogue http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/, de nome Reis, que, por sua vez, conhece o paradeiro de mais três. Um destes últimos, tem os nomes completos de 25 outros, alguns deles já localizados.

Enfim, um ano e alguns meses depois, com algumas centenas de euros derretidos em chamadas telefónicas, tenho na lista três mortos em combate, oito mortos depois do regresso, 49 vivos e muitas emoções contidas, ou não.

Falta-me localizar 10 homens, ou talvez apenas oito, pois presumo que dois, de quem não tenho fotografias, possam não ter chegado a frequentar o curso por qualquer motivo.

Dados que disponho:

O Nuno é aquele que menos “pistas” oferece. Terá feito a recruta em Janeiro de 1967 e, quando saiu como Aspirante Miliciano, em Junho do mesmo ano, foi colocado no C.I.O.E. com mais cinco outros novos aspirantes, que foram já localizados. Todos incorporaram o 3º curso de OEs/RANGERS que se iniciou nesse mesmo mês. O seu nome de “guerra” era Nuno. Indicia que o seu apelido poderia ser bastante comum e, por isso, podia já ter sido adoptado por outro camarada.

O Antunes poderá chamar-se Manuel Silva Antunes e ser, possivelmente, de Lisboa. Tal como todos os outros que se seguem, foi da recruta que se iniciou em 13 de Setembro de 1966.

O Barbosa presume-se que se chame Jorge A. B. S. Barbosa, deve ter sido colocado no C.I.S.M.I. em Tavira, de Março a Junho de 1967.

O Carneiro supostamente será Júlio F. J. Carneiro e, de Março a Junho de 1967, terá sido colocado na E.P.I. em Mafra. Os seus pais poderão ter sido proprietários da Sapataria Carneiro em Cascais.

O Ferreira, talvez Manuel C. Ferreira (?) saiu como Aspirante em Março, terá sido colocado no R.I.2.

O Guerreiro, supostamente, Manuel M. N. Guerreiro. Poderá ter seguido para o R.I.6. Era "Parelha" do Barbosa.

O Sequeira, terá o nome de José L. N. Sequeira (?) poderá ter ido para o R.I.2 (?).

O Vigano, de origem caboverdiana, poderá chamar-se José R. V. A. C. Pinto, terá passado pelo R.I.15.

O Cortesão e o Sobral, de quem não tenho fotografias, foram "Parelhas" um do outro. Do Cortesão, nada mais tenho, resta o facto de não ter havido muitos com esse nome.

O Sobral poderá chamar-se Victor Joaquim N. Ferreira Sobral, sem qualquer garantia, tal como todos os outros. Não é firme que tenham chegado a frequentar o curso.

Precisava assim de um grande favor, especialmente daqueles que entre 1968 e 1970 serviram o nosso Exército, que me possam ajudar, prestando-me alguma informação útil, pelos telefones: 22 7 824 725 ou 966 855 757, ou para o e-mail: ala.br@hotmail.com

Desde já os meus agradecimentos e um grande abraço a todos,

António Brandão
Alf. Mil. Op. Esp./RANGER (CCAÇ 2336 - Angola 1968/70)

Fotos: António Brandão (2009). Direitos reservados.

M152 - RANGER Abílio Sousa Rodrigues - 1º Curso de 1983

Apresenta-se o RANGER Abílio Sousa Rodrigues

 

Aqui simulando tiro com uma pistola Walter P38 - calibre 9 mm.

Com todo o pessoal formado, cento e tal homens "CHEIOS DE CORAGEM", foi-nos dito que quem queria ir para aqui e para ali, devia dar um passo em frente.

Para Lisboa? Nãoooo!
Para Chaves? Eh... eh... naaaaaaaaaaaaaa...
Vila Real? Eh... eh... naaaaaaaaaaaaaa...
Para Lamego... RANGERS... porque nãooooooooooo!
Depois de muita indecisão... oferecemo-nos trinta e tal bravos. Bravos estes que juraram união eterna.
Lá partimos em direcção a Lamego, perante o espanto de "prontos" e oficiais que nos apelidaram de MALUCOS.
Nesta experimenta a sensação de voar (sem asas) num espectacular slide. O local é uma encosta junto à barragem de Vilar

Depois de uma "suave" viagem de Berliet, Marão acima (naquele tempo ainda não havia o luxo das auto-estradas), chegamos ao C.I.O.E., aonde fomos apelidados de "encomendas" pois éramos voluntários. 
Iniciou-se logo aí a psicoterapia, com frases do género: «Vindes para enfardar... o melhor é vocês desertarem... pois os "senhores do puerto" - como nos chamavam na instrução -, não sabem onde vieram parar».
Os "jagunços" ainda se lembram?
Claro que sim aqueles homens jamais esquecerão aqueles "engraçados" momentos.
Ali, na recruta, recebi o número de ordem 365, o mesmo que os dias do ano.
Nome de guerra: Abílio.
Em seguida, marchamos para a C.O.E. - Companhia de Operações Especiais, que naquele tempo - 1983 -, era a habitual casa dos RANGERS.
De referir que quando lá chegamos já o resto da malta tinha feito a "Largada" e já tinham uma ideia do que era aquilo, portanto a partir daqui foi sempre a doer.
Fiz o curso com bom aproveitamento - distinguido com o prémio de aptidão física.
Quase todos os que foram comigo concluíram o curso.
Foi por "obra e graça" de um , cujo nome era Pinto - dos lados de São João da Pesqueira - , que tinha por mim um ódio de "estimação" irracional, talvez por não ter como eu lhe disse na cara, nessa altura, "pedalada" para alguns de nós excluiu-me da escola de cabos.
Nesse ano, fez connosco o curso, um grupo de elementos da G.N.R, onde se destacaram, entre outros, o Carlos Lopes, o Pica e o Sargento Reis, só para citar alguns bons camaradas.
Um Bem-haja a todos eles.
Passado um ano tive um acidente em Lamego, que teve o condão de terminar com o meu sonho de ser RANGER no activo militar, pois daí resultou uma deficiência num dos meus joelhos em quase 50%.
Mas no meu coração está gravado, até à morte, o emblema dos RANGERS de Portugal.
RANGER ATÉ AO FIM!
P.S. - De referir que tinha na altura o recorde da pista RANGER, a quem tanto gosto de chamar a "minha" pista. Também obtive um dos melhores tempos da pista REF.
Era Comandante da 3ª Cia. - Capitão Mendes
Eram Comandantes do 4º Grupo de Combate - Aspirante Pinto e o Furriel Peixoto


Ora aqui está numa guardazinha à porta de armas do C.I.O.E.
No dia 17JAN1983, uma 2ª feira fria de Inverno, apresentou-se no quartel do R.I.P. (Regimento de Infantaria do Porto), na Senhora da Hora - Porto -, o cidadão Abílio Sousa Rodrigues, ao qual foi dado o número mecanográfico 096956/83. 

Para quem morava a 10 minutos do referido quartel, melhor era impossível.
Como o que é bom acaba depressa, e depois de termos tido uma prova mini-fantasma (a modos que uma praxe na tropa), que nos foi ministrada pelos "heróis da companhia", viemos passar o fim-de-semana a casa. 
Na segunda-feira seguinte, regressamos às lides castrenses e aí tudo se começou a alterar... para pior. 
Fotos: Abílio Rodrigues (2009). Direitos reservados.

M151 - Transição do RANGER Samões

BRAGANÇA ESTÁ DE LUTO 



Os RANGERS não morrem transitam de mundo, para um reino melhor e mais justo, quando chamados pelo RANGER Superior... Deus. 

Que Deus o acolha no seu reino e lhe conceda paz eterna.
O RANGER Samões era natural da freguesia de S. Pedro de Serracenos, no distrito de Bragança e trabalhava na Câmara Municipal local.  

 

Frequentou o curso de Operações Especiais/RANGER, em 1979, como Alferes Miliciano e teve como monitor o famoso RANGER Major Lino. 

 

Era sócio da A.O.E. e muito amigo do nosso estimado RANGER Major Bordalo. 

 


Na foto o Samões trás a filha pela mão
Última homenagem dos RANGERS M.R. e Armandino Marcos (seu Amigo e conterrâneo), que aqui apresentam à sua querida família, as mais extremosas e sinceras condolências. 

RANGERS até ao FIM!

sábado, 12 de setembro de 2009

M150 - Incorporação e Primeiros Passos


Incorporação e Primeiros Passos

Fui incorporado na tropa em Julho de 1973, como Soldado Recruta Nº 3385, no Regimento de Infantaria Nº 5 - Caldas da Rainha - 3º turno de 1973/73 – na célebre 5ª Companhia - 2º pelotão, com o Nº Mecanográfico 149 893/73.
I
Na tropa observei vários tipos de comportamento;
“O coitadinho”, andava lá, apenas por obrigação!
“O tem que ser”, porque, enfim, o País assim lho requeria!
“O distraído”, qu’era também tratado por... “morcão”!
II
E “os outros”, possuidores de carácter firme,
Educados na base da honra e da dignidade,
Cumpridores da disciplina e do dever
E que à Pátria juravam absoluta fidelidade!


Nº 149 893/73?...
PRONTO!


1
O primeiro passo... “dar os sinais”
A seguir... foi a “inspecção”
Um carimbo no papel... “apto”
E, o terceiro... a “incorporação”

2
Destino: Caldas da Rainha
Data: Junho de setenta e três
Enfiam-se os “tarecos” num saco
E, adeus amigos... até outra vez!
3
O Exército paga o comboio
No quartel dá-nos as fardas... nada mal!
Arranja-nos uma “Companhia”, e
Um cabo miliciano d’ar glacial

4
Ensina-nos o que é uma “formatura”
E se deve cumprir num “pelotão”
Dão-nos um número de série
E passam-se os dias na instrução
5
Marchar, correr, saltar e rastejar
Como fazer a continência
Manejar e desmontar armas
Com muita falta de paciência

6
E p’rós distraídos e brincalhões
Toca a “encher” vinte, trinta... cem!
S’o gajo é “piço”; «Pente zero, já!»
Uma carecada, não faz mal a ninguém
7
Ordens, despachos e outros serviços
A “Ordem de serviço” vem destinar
O Comandante, impõe e assina:
“Determino e mando publicar”

8
E há também as malditas faxinas
Limpar, varrer, lavar, pintar, polir...
Parada, cozinha, latrinas...
Tudo no quartel tem que reluzir
9
- Não sabes fazer nada de jeito…
Meu maçarico vou-te ensinar…
A fazer tudo bem, meu grande nabo…
Qu’aqui na tropa, sai caro refilar!

10
Técnica de combate, camuflagem...
Exercícios práticos e teoria…
Tiro ao alvo, ordem unida…
Preparação física, noite e dia!
11
Uma semana passada no campo
Em tendas de lona, no relvado
Contando o tempo qu’ainda falta
P’ró fim de semana tão ansiado

12
Um belo dia, numa formatura
Em qu’estava toda a Companhia
Vem um alferes com ar assanhado
Qu’ordena com toda a energia
13
- Os voluntários p’ra “Comandos”…
E p’ra “Operações Especiais”…
Vão dar um passo em frente... Marche!
«S’é “especial”...é comigo, nem mais!»

14
Meditei p’ra mim, com os meus botões;
«Esta mania de ser especial...
De nesta vida pertencer às elites...
Ainda um dia te vai cair mal!»
15
«Mas, se o “RANGER” é o escol»
Passo em frente... «Também quero ser!»
Gosto de tudo supremo na vida
Eu sou assim, não há nada a fazer!

16
Depois deste passo, só faltava um
O “Juramento de bandeira”... é lei!
«Juro e jurarei!… » todos dissemos, e…
«Ao pré e ao rancho não faltarei!»
17
Dois ou três escudos e uns tostões
Sempre recebi... e nunca faltei
Ao rancho, não me recordo, mas...
Nem enriqueci... nem engordei

18
Do pessoal e das peripécias
No fim... restam algumas saudades
Guia de marcha: C.I.O.E – Lamego
Sem mais nenhumas formalidades

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

M149 - Psicanálise... na minha análise

Psicanálise... na minha análise

I
Logo que abro os olhos de manhã
Ele desperta d’imediato comigo
É o meu permanente companheiro
Mas nem sempre o meu melhor amigo
II
Por vezes incomoda-me... satura-me
E peço-lhe que não me desoriente
Outras... que pare ou qu’esqueça
Mas ele é firme e persistente

III
Analisa e critica o que eu vejo
Dá rumos... quer ao meu sentimento!
Quer às decisões e modos de actuar!
É claro que falo... do meu pensamento!
IV
Um dos seus passatempos preferido
É rever as minhas ideias... reflectir
Fertilizá-las e corrigi-las
Sempre a aprender... para evoluir
V
Para isso sarrabisco muito papel
Risco, apago e volto a riscar
Procurando filosofias adequadas
Na busca da “perfeição” de pensar
VI
Assim... redigir um pensamento
Dado o seu grau de dificuldade
Pode demorar apenas um minuto
Ou pode durar uma eternidade

VII
Fonte de trabalho inesgotável
Teve "ele" na Guiné fértil ocupação
Um mundo de exame permanente
De que resultou esta divagação
VIII
Palco dum jogo de vida ou de morte
Na guerra era colocada em práticaA mais suprema e tenebrosa arte
Longe da velha lógica matemática

IX
Hesito e repenso cada palavra
Desta tentativa que sinto frustrada
De transcrever o pensar... o sentir...
De correr o risco de não dizer nada
X
Dum tema eterno... inconclusivo
Qu
’é «O comportamento em combate»
Sobre o risco... o medo… a mutilação…
Da vida... da morte... enfim… do debate

XI
Sobre que perpassa no pensamento…
Quando s’antevê a entrada em acção…
Durante as hostilidades... no seu fim...
Que condiciona os tipos de reacção?
XII
Será a maior ou menor capacidade…
Do auto-controle da adrenalina…
Que determina o domínio do pânico…
Moldando o combatente e a sua sina?

XIII

Quando a metralha procura a carne…
É ou não o instinto de sobrevivência…
Que designa o cobarde ou o herói…
Não sendo estes... arte ou ciência?
XIV
Há ou não seres mais dotados p’rá guerra…
Que nascem, vivem e morrem guerreiros…
E, que quando a Pátria corre perigo…
Na sua defesa eles são os primeiros?

XV
Será o medo um estado emocional…
Contra um eventual receio da dor...
Ou d'um ferimento... ou da morte...
Qu’ali... na guerra... espalha o seu pavor?
XVI
Porque lá... morre-se… duma mina... horrível!
Morre-se doente... por acidente... fatalismo!
Morre-se duma bala ou dum estilhaço... azar!
Ou num impulso de Glória... heroísmo!

XVII
Daqueles que por muito pouco…
Escapavam às garras da morte…
Diziam os companheiros e amigos…
"- Safou-se desta... teve muita sorte!
XVIII
Por isso... sorte... é tudo o que permite...
Saída airosa duma situação difícil!
Tanto protege um hábil audaz
Como o cobarde mais ignóbil

XIX
Ninguém no seu consciente normal
Arrisca inutilmente a vida…
Coisa que só se perde uma vez…
Que morrer é uma “viagem”... só de ida!
XX
Mas o espontâneo destemor
A voluntariedade... a bravura...
Sobrepunham-se à razão lúcida
Entre laivos de irreal e de loucura

XXI
Homens descendentes duma casta
Das páginas da História arrancados
Geraram gestos dignos... memoráveis
Que hoje e sempre serão recordados
XXII
Adoram a família... a paz e o progresso
Gostam de conviver e fazer amigos
Mas se algum deles é ameaçado
Está despertado o pior dos inimigos

XXIII
Não são suicidas... nem rufias
Ponderam as atitudes conscientemente
Calculam e atenuam o risco
Respeitam o perigo friamente
XXIV
Qu'as gerações futuras sejam sabedoras
Qu'em Àfrica os seus antepassados
Pela Pàtria lutaram e sofreram
E que muitos ficaram lá… enterrados

XXV
E que o mundo admirado constatou
Que o soldado português... é de respeito
E que acima de qualquer descrição
Servir um dia a Pátria... é um conceito
XXVI
Conceito que não é comum a todos nós...
Os vendilhões andam por aí... espalhados…
E par’os seus fins… não olham a meios…
Sugam, vendem e maldizem... só fuzilados!

Foto: RANGER Humberto Reis (2009). Direitos reservados.

sábado, 5 de setembro de 2009

M148 - Operações Especiais/RANGERS - A beleza das paisagens no campo de instrução


Operações Especiais/RANGERS

A beleza das paisagens no campo de instrução

Na bela cidade de Lamego e arredores

Vários são os pedidos que recebo de eventuais candidatos à especialidade de Operações Especiais/RANGERS, que tentam saber pormenores sobre as fases de instrução.

É óbvio que não de mim, da minha boca e muito menos por escrito que vão saber tais pormenores.


Quando muito informo que. para completar esta invulgar e famosa especialidade, é preciso acima de tudo ser inteligente, depois possuir uma excepcional estabilidade emocional, boa preparação psíquica e boa compleição física.



Indispensável é ser possuidor também de capacidade de camaradagem e convivência humana, muito superiores à média dos mortais.

Além destas qualidades, outros atributos complementam um futuro RANGER de excepção: a perspicácia e um bom poder de observação, boas doses pessoais de vontade e valor, carácter, personalidade, e no decorrer de toda a instrução, deve-se juntar muito espírito de sacrifício, séria obediência aos superiores hierárquicos e cumprir rigorosamente as missões que lhe forem imputadas.

Ao saberem tudo isto alguns têm dito:

- Ah, mas isso é quase impossível encontrar estas qualidades todas reunidas num só ser humano!

Ao que eu tenho respondido:

- Não é não, quase todos nós homens possuímos, em maiores ou menores doses, o desenvolvimento destes atributos.

O problema é que algumas destas qualidades não se compram nem se adquirem jamais pela vida fora, são naturais, isto é nascem com o indivíduo.

Porém, outras há que se vão desenvolvendo com o tempo e com ajuda, seja por formação prestada por terceiros, seja por evolução própria pessoal.

Quando muito convido os eventuais candidatos a uma troca de impressões, presencialmente, mas pouco posso transmitir sobre detalhes do curso.

Porquê?

É simples, este curso tal como todos os outros de tropas de elite é orientado para o combate a terroristas e outros tipos de traidores idênticos.

Assim, é filosofia de um RANGER não delatar aquilo que lhe é ensinado, sob grave e criminosa pena de “virar o feitiço contra o feiticeiro”, isto é, um destes dias tínhamos os nossos inimigos a treinar tão bem ou melhor que nós, técnica e tacticamente.

E mais não digo, por desnecessário.

Nesta mensagem passo 5 fotos da beleza das paisagens no campo de instrução, que deslumbram mesmo em pleno esforço cumpridor.

Concluo, resumindo que a minha experiência de perto de seis dezenas de anos, permite garantir que um RANGER, é um vencedor na vida.

E, ser RANGER, é um modo de estar nesta vida, uma opção de Homens, não acessível a qualquer um.

Só os excepcionais conseguem os emblemas e a honra de dizer:

- Eu sou RANGER!

Um apelo final:

- Jovem, se queres ser diferente e um Homem vencerdor na vida, para melhor, junta-te aos RANGERS!


Fotos: José Félix (2009). Direitos reservados.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

M147 - Não há meios patriotas! Ou se é de todo!... Ou não se é NADA!


Não há meios patriotas! Ou se é de todo!... Ou não se é NADA!


Definir Patriotismo... por palavras
É obra para poetas e letrados
Porque tal façanha exige
Possuir especiais predicados

Mais qu’um excelente poder descritivo
E uma capacidade d’análise excepcional
É preciso sentir a Pátria... amá-la
P’ra transmiti-lo de forma lúcida e leal


Mas eu sem ser poeta... vou ensaiar
Escrever sobre este belo tema
Por um lado... não resisto à tentação
E por outro... o risco é o meu lema

Por isso... pedindo perdão p’la ousadia
E no modo que me é habitual
Vou então passar para o papel
Como vejo e sinto o meu Portugal


E de jeito inequívoco o digo já...
Qu'apesar de não ser de grandes rancores
Pertenço àquela raça patriótica...
Que mandava fuzilar todos os traidores

Mas isso pertence a outra conversa
Que nesta se fala da mais alta linhagem
De Homens que dignam os seus antepassados
E continuam o país... com a sua coragem


Um Patriota é pois... um atento vigilante
Na preservação da integridade da terra
Aos sinais hostis à independência nacional
E contr’agressões está pronto p'rà guerra

Corre-lhe Portugal no sangue e na alma
Conhece e orgulha-se da sua História
Honra-se com a concepção da Bandeira
E traz a mensagem do Hino na memória


Adopta Deus como seu guia espiritual
Seja qual for a sua religião
E d'Ele lhe advém força universal
Qu'alimenta a chama desta paixão

É algo que lh’está arreigado na raíz do ser
Há até quem o designe por amor
Não se vê nem se apalpa... sente-se
É apolítico... aclubista... incolor


Está além das palavras... no sentimento...
Na preservação... e na continuidade
Dos imensos e gloriosos Feitos
Do nosso Povo e da sua identidade

De tal modo que por vezes... fanatiza
Mormente quando se constata grande traição
E s’está coagido de fazer justiça
Qu’a democracia também tem este senão


E s'algum dia o fulgor esmorece
Saturado d'observar tanta corrupção...
Na política... nos negócios... no desporto...
Empenha-se no seu combate... p’la Nação

Se vale a pena perder tempo a explicar
O que é... e o que sentem os Patriotas
Que se destine tal a jovens e mal informados
Nunca a traidores ou quaisquer outros idiotas


Dizer da sensação e orgulho interior
D’envergar uma farda de Portugal
E em nome da Pátria empunhar uma G3
É muito difícil numa narração informal

Quando ainda por cima disto tudo
No peito se firma um emblema RANGER
Tal compromisso agiganta... assoberba...
Envaidece... diga-se o que se disser!


Que dizer dos tempos qu’agora decorrem
Do progressivo degenerar da sociedade
De vermos valores asquerosos elevarem-se
Em resultado de tanta permissividade

Sobretudo após a revolução de Abril
Com o regresso dos fugitivos e despeitados
Vemos... “democraticamente” vexar a Pátria
E trair sob várias formas de atentados


Por aí... camuflados nos partidos políticos
Estão os cobardes que fugiram à guerra
Os golpistas à procura de bons “tachos”
E oportunistas que maldizem a nossa Terra

Com reflexos directos nos nossos jovens
Privados do real conhecimento do passado
A quem ocultaram a nossa História
Por motivos “revolucionários”... outro atentado!


Sendo um país pequeno em dimensões
E desprovido de recursos naturais
Exploremos outras mais valias
Que assentem nas artes tradicionais

Não há desculpa nem justificação
Seja por motivo de facto ou emocional
P´ra trair a Pátria... ou maldizê-la
Qu’acima de TUDO... e de TODOS... está Portugal


Um Homem que se preze de o ser
Tem qu'à sua Pátria render devoção
Ou não passa dum inútil sem princípios
Mesmo que não chafurde nas fossas da traição

É o sentimento mais nobre do ser humano
Tão exigente que em causas derradeiras
Lhe pode... inclusivé... custar a vida
S’em sua defesa houver que cerrar fileiras


É nesta grandeza que se medem os Homens
Noutras qualidades somos mais ou menos iguais
Mas aqui é preciso convicção inabalável...
E fidelidade de cão... absolutamente integrais

S'algum dia tocar a defender a Pátria
Haja uma arma afinada p'ra mim
P'ra que possa morrer... matando...
Aqueles qu'à Pátria quizerem pôr fim