terça-feira, 24 de abril de 2012

M439 – 38ª Companhia de Comandos – Uma lenda da Guerra do Ultramar: Promessa de comando: vou retomar as minhas crónicas de guerra (15)

As palavras desta mensagem do Amílcar dão que pensar!

Não é segredo para ninguém que a cobardia e a traição reinam em Portugal desde os seus mais ancestrais primórdios da fundação como país. 


Se calhar hoje mais de que nunca!

Cobardes e traidores sempre os houve e continuará a  haver. Infeliz, lamentável e tristemente.

A solução seria eliminá-los fisicamente e o meio mais indicado, embora qualquer outro servisse bem, o fuzilamento!

Em democracia, para bem das corjas, a "coisa" não funciona assim.

Então temos que conviver, lado a lado, com essa corja abjecta, nojenta e ascorosa. 


Eles distinguem-se bem, por gestos e palavras, desprezam e quando podem destroem os valores e ideais da nacionalidade lusa.


Odeiam quem não alinha na sua mentalidade e sanha obtusa e tacanha, quase sempre alicerçadas em educações de base manhosa, ressabiada e plena de lacunas, quer ao nível de conhecimentos históricos, quer ao nível da evolução da sua formação intelectual.

Uma posição podemos tomar e essa também nós, os que amamos a Pátria, com todos os seus defeitos e qualidades, temos direito também pela democracia, a rejeitar e desprezar esse esterco bolorento com forma humana. 


Que esta nação JAMAIS esqueça as gerações dos anos 1960 e meados dos de 1970, que na Guerra do Ultramar deram TUDO aquilo que tinham, por vezes o que não tinham, com 21, 22 anos de idade, milhares inclusive o seu próprio sangue e vida, a pedido do poder político vigente de então, em nome da manutenção do nome de Portugal em fracções de terra africana (Angola, Moçambique e Guiné).


Fizeram-nos voluntariosamente pensando na História de Portugal, dos Homens que desbravaram novos mundos Além-mar, dos milhares de aventureiros portugueses que arriscaram e rasgaram, nesses longínquos territórios, novas horizontes e novas cidades.   



Esta é a 15ª mensagem, continuação das mensagens M417, 418, M422, M423, M424, M425, M426, M427, M429, M432, M436 e M437, onde se iniciou a publicação de algumas das memórias de guerra de Amílcar Mendes, Recordamos que estas mensagens também podem ser vistas no blogue: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/



38ª Companhia de Comandos 



Uma lenda da Guerra do Ultramar 

Guiné – 1972/74 

Retomando as minhas crónicas de guerra 

As notas tomadas durante situações de stress, algumas delas memorizadas debaixo de fogo, e em que o pensamento na altura pertencia a um jovem e arrogante guerreiro que inchava de vaidade, quando a intervalos das operações descia a cidade da Bissau e se pavoneava de orgulho, exibindo para a plateia o seu camuflado - éramos a única tropa autorizada a fazê-lo na cidade -, o lenço preto e a boina com fitas pretas. 

Éramos já nesse tempo admirados por uns e odiados por outros. Nunca compreendi o olhar de desprezo com que alguns camaradas nos brindavam, [em Bissau]. E porquê? A maioria dos soldados que frequentavam a 5ª Rep (Café Bento), Pelicano, Zé da Amura, Ronda, Império, etc... eram militares em trânsito para regressar ao mato e que de alguma forma já tinham colado a orelha ao chão connosco em alguma picada, trilho ou destacamento. Podíamos até nem comungar dos mesmos ideais mas no perigo éramos gémeos. 

Só muito mais tarde e com as mudanças da sociedade a nível político consegui decifrar o significado dos olhares que me eram dirigidos no tempo de guerra e em época posterior, já então no Regimento de Comandos da Amadora. Percebi que esses olhares vinham de alguns camaradas mais esclarecidos(ou manipulados) em política e em que para eles tropas especiais era o que havia de mais desprezível no teatro de guerra. Assassinos. Comedores de criancinhas, frios e calculistas, sem ponta de emoção. Já na Amadora e com a liberdade esses ódios declararam-se e fui cuspido e chamado frontalmente de assassino. 

Vem isto a propósito de quê? Quando comecei a escrever no Blogue, começaram logo a aparecer umas vozes críticas que eu fui ignorando, direi mais, desprezando, porque realmente já 'tou farto de guerrilheiros do arame farpado e chegou ao ponto de haver aqui quem insinuasse que nós, os COMANDOS, só éramos valentes em grupo, o que quer dizer que isolado sou um cobarde. 


Nunca isso me incomodou, até ao dia em que as mensagens anónimas começaram a chegar. Aí parei. Mas não foi por medo. Foi por achar que tais pessoas (?) não mereciam partilhar daquilo que me é muito íntimo. O que me pode afectar são acontecimentos e não pessoas. Sou um “cota” simpático, tentando alegrar os dias que vão passando e em que muita coisa já me passa ao lado e não percebo como ainda existe gente que, decorridas quase quatro décadas, ainda vive ressentida por aquilo que outros fizeram lá tão longe. 

Bem, longe vai esta mensagem e o que queria dizer é que vou mandar mais apontamentos do meu diário de guerra e isso porque, se há quem não goste, há muito mais quem goste. 

Um grande abraço para todos os ex-Combatentes. 
Amílcar Mendes 
1º Cabo Comando da 38ª CCmds 

Texto: © Amílcar Mendes (2006). Direitos reservado.

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Do mesmo autor veja também as mensagens:

1ª Mensagem em 16 de Março de 2012 > 

2ª Mensagem em 18 de Março de 2012 > 

3ª Mensagem em 25 de Março de 2012 > 

4ª Mensagem em 25 de Março de 2012 > 

5ª Mensagem em 30 de Março de 2012 > 

6ª Mensagem em 31 de Março de 2012 > 

7ª Mensagem em 3 de Abril de 2012 > 

8ª Mensagem em 5 de Abril de 2012 > 
M427 – 38ª Companhia de Comandos – Uma lenda da Guerra do Ultramar: Soldado Comando Raimundo, natural da Azambuja, morto em Guidaje: Presente! (8)

9ª Mensagem em 8 de Abril de 2012 > 

10ª Mensagem em 12 de Abril de 2012 > 

11ª Mensagem em 15 de Abril de 2012 > 

12ª Mensagem em 17 de Abril de 2012 > 

13ª Mensagem em 19 de Abril de 2012 > 

14ª Mensagem em 22 de Abril de 2012 > 
M437 – 38ª Companhia de Comandos – Uma lenda da Guerra do Ultramar: Guidaje, Maio de 1973: Só na bolanha de Cufeu, contámos 15 cadáveres de camaradas nossos  (14) 

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