sábado, 27 de setembro de 2008

M6 - O ARRIAR DA ÚLTIMA BANDEIRA PORTUGUESA NA EX-PROVÍNCIA PORTUGUESA DA GUINÉ E O HASTEAR DA PRIMEIRA BANDEIRA DA GUINÉ-BISSAU


O ARRIAR DA ÚLTIMA BANDEIRA PORTUGUESA NA EX-PROVÍNCIA PORTUGUESA DA GUINÉ E O HASTEAR DA PRIMEIRA BANDEIRA DA GUINÉ-BISSAU


GUINÉ > MANSOA < 9 de Setembro de 1974


Com a revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal continental, foi dada como terminada aquela que foi designada como Guerra do Ultramar, que o país travava em África, nas três conhecidas frentes: Angola, Guiné e Moçambique.

A independência foi então concedida às mencionadas províncias ultramarinas, e em 9 de Setembro de 1974, foi o território da Guiné entregue ao movimento mais significativo que combatias as tropas portuguesas: o P.A.I.G.C.

A entrega do poder decorreu numa cerimónia oficial, em 9 de setembro de 1974, no dos quartel de Mansoa, um dos mais importantes do dispositivo militar do C.T.I.G., que constituía o C.O.P. 4 (Comando Operacional 4).

Estava ali sediada a CCS do Batalhão 4612/74. Este foi o último batalhão que embarcou para a Guiné e também o último que de lá saiu, tendo com missão última assegurar a retirada do dispositivo militar naquele território.

Assim, a dita cerimónia foi celebrada por Portugal, por um grupo de combate da C.C.S. do Batalhão 4612/74, comandada pelo Major José M. S .Ramos de Campos e pelo Comandante do Batalhão – Cor. António C. Varino.

O representante do poder político português, o C.E.M.E. do C.T.I.G., foi o Major Fonseca Cabrinha.

Pelo P.A.I.G.C., esteve presente um grupo de combate, os comandantes dos diversos sectores e o Comissário Político - Manual Ndinga.

À cerimónia compareceram ainda uns largos milhares de nativos locais, de diversas etnias: papéis, balantas, fulas, futa-fulas, mandingas, manjacos, etc., e umas dezenas de jornalistas de todo o mundo. É de realçar, que entre o povo se destacavam, um grupo dos designados “pioneiros” do P.A.I.G.C., a Dª Luisa Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e o seu filho.

A bandeira portuguesa foi arriada por mim, à data Furriel Miliciano de Operações Especiais - Eduardo José Magalhães Ribeiro. A primeira bandeira da Guiné-Bissau foi hasteada por um guerrilheiro/militar do P.A.I.G.C.

NÃO ERA UMA BANDEIRA QUALQUER


A Bandeira ondulava ao vento... firme e formosa,
Naquele alto e velho mastro do quartel... como voa,
O esplendor de Portugal garantia... assaz vaidosa.
Quanta veneração em sua honra... e quanta loa,
Tais façanhas heróicas dali presenciou... orgulhosa!
Bradai - às armas - lusitanos... se o inimigo soa,
Qu’Ela é o símbolo magno de união... gloriosa,
S’ameaça à Pátria algum inimigo... apregoa!
Qu’a garra deste povo... tem engenho e arte talentosa,
P’ra levar de vencida... que seja a besta em pessoa!
Qu’ali num naco d’África cumpriu de forma honrosa,
Dando mostras de valor indómito qu’inda hoje ecoa!
Até q’um dia no país se levantou tropa revoltosa,
Reformando a política do Ultramar... em Lisboa,
E qu’emanou então para Bissau determinação rigorosa;
Que em Portugal, a liberdade, é bombarda qu’atroa,
E independência às colónias concedeu airosa,
Em assinatura... cuja data ainda hoje ressoa;
Nove de setembro de setenta e quatro... luminosa.
Também, nesse dia, a Bandeira foi arriada em Mansôa,
Pondo termo a séculos de História maravilhosa,
Pela derradeira vez... em cerimónia digna da “Coroa”,
Perante multidão exultante... e soldados da Nação briosa.
E, assim, a Guiné... sua sorte... embarcou em nova canoa!



Bandeira da Guiné-Bissau

Fotos MR: © Todos os direitos reservados.

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