M i s t i f ó r i o G u i n é u
Nas longínquas terras da Guiné
Uma das coisas que mais me intrigava
Er'a estranha mescla populacional
E como esta em paz coabitava
Entre as trinta etnias naturais
Viviam cabo-verdianos e libaneses
Velhos e respeitáveis colonos
Sírios e uns tantos senegaleses
Movendo-se todos na maior das calmas
Cambiando... comerciando... traficando
Numa amálgama de expedientes
Havia por ali de tudo... nada faltando
Ainda hoje sinto ecos de saudade
Ainda hoje sinto ecos de saudade
Dos artistas apregoando o artesanato
"- Manga de ronco... cem pesos! Compra um?"
Dum "shandy"... do "Ronda"... dum boato
E dos amigos e conhecidos qu'ali deixei
E dos amigos e conhecidos qu'ali deixei
Quase todos personagens enigmáticas
O Marinho... a Maria sua mulher...
“Almas” aventureiras... esquemáticas
Vultos misteriosos... lendas vivas
Sobrevivendo naquele agreste meio
Punham-me ao rubro a curiosidade...
Como viviam, ali… sem qualquer receio?
Como viviam, ali… sem qualquer receio?
No Cumeré num dia rotineiro
Emergiu das profundezas do mato
Um viajante de aspecto andrajoso
Cujo olhar vidrado o tornava caricato
Tez rugosa... curtida por “mil” sois...
Tez rugosa... curtida por “mil” sois...
Alguém disse: - É o Figueiredo
“O cigano”! Um ex-soldado português degredado
Qu’errava por ali há muito ano
Temido e desprezado pelos “velhinhos”
Constava que matara a tiro de G-3
Um superior qu’um dia o punira
Por qualquer coisa qu’ele um dia fez
Tal como surgiu... assim se esfumou
Tal como surgiu... assim se esfumou
Adensando a mística da sua existência
Pediu algumas moedas e um pouco de pão
E sumiu pelo mato fora... na sua penitência
Assim se formava a mística africana
Assim se formava a mística africana
Dos insondáveis e invisíveis laços
Que prendem e apaixonam o viajante
À sua beleza e aos seus suaves traços
Legenda:
“Manga de ronco” – signifacava muito artesanato (no dialecto dos crioulos locais).
“Shandy” - era uma bebida refrescante vendida em Bisau, em latas de 0,33 l.
“Ronda” - era um conceituado e frequentado café situado junto ao porto de Pidjiguiti, em Bissau.
“Marinho” - era o encarregado do sector de construção civil do Batalhão de Engenharia, em Brá.
“Manga de ronco” – signifacava muito artesanato (no dialecto dos crioulos locais).
“Shandy” - era uma bebida refrescante vendida em Bisau, em latas de 0,33 l.
“Ronda” - era um conceituado e frequentado café situado junto ao porto de Pidjiguiti, em Bissau.
“Marinho” - era o encarregado do sector de construção civil do Batalhão de Engenharia, em Brá.
1 comentário:
Caro MR
Era só p'ra dizer que não conhecia este cantinho. E muito bom!
Prometo colocá-lo nos blogues que acompanho, a que chamei os meus companheiros de jornada.
Um abraço,
JM Ferreira
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