terça-feira, 22 de setembro de 2009

M 154 - CINCO AVOS PARA UMA SÓ

Nos RANGERS de Portugal em 1973, a 1ª e única Companhia de Instrução, era constituída por 125 elementos, dividido em 5 Grupos de Combate de 25 homens.


Cada Grupo de Combate (25 homens) era subdividido em 5 equipas de 5 elementos.


RANGER Magalhães Ribeiro – Soldado Instruendo nº 114


CIOE - Penude - 4º Turno/1973


3ª Equipa - 4º Grupo de combate


CINCO AVOS PARA UMA SÓ


Geraldes, Bexiga, Vareta, Ferreira e Magalhães


Em Penude s’uniram num elo de amizade profundo


Um quinteto d’escol, dinâmico e divertido


São RANGERS! Quer dizer: Fizeram-nos seres d’outro mundo


I


Na instrução no quartel em Penude


Apenas havia uma “Companhia”


Repartida em grupos de combate


Qu’em cinco equipas se subdividia


II


Por sua vez, cada uma delas


Era constituída por cinco homens


Mas, no quarto grupo, terceira equipa


Estava a “elite” daqueles jovens


III


Eram os cinco da minha equipa;


O Geraldes, audaz e destemido…


O não menos audacioso Bexiga


O Vareta, robusto e descontraído…


IV


O baixinho e valente Ferreira


E, eu, o Magalhães, discreto e “pacatão”


Todos diferentes... um mesmo fim…


Honrar a equipa com distinção!


V


E assim o fizemos... com afinco


Mas fisicamente éramos distintos


Cada qual com as suas qualidades


Embora dotados de bons instintos


VI


O Geraldes além de consistente


Era o “rei” da sobrevivência


Comia de “tudo” com satisfação


E gozava com a nossa renitência


VII


O Bexiga era o “pápa-léguas”


Em corridas batia todo o “plantel”


Arrancava nas partidas e... “voava”


Só o reavistávamos no quartel


VIII


O Vareta era o nosso Hércules


Preparação física d’excelência


Jogava rugby nos tempos livres


Fazia da dureza uma ciência


IX


O Ferreira era o mais divertido


Era o “Miss Puta 74”


Além de cumprir com o exigido


Era um óptimo actor de teatro


X


Eu, tal como o Ferreira, enfim;


Dávamos à equipa o que podíamos


Esforçávamo-nos até à exaustão


Dia a dia, lá nos excedíamos


XI


Mas o grande “segredo” da nossa força


Era a sadia camaradagem


Que unia nos momentos difíceis...


Foi p’ra mim uma nova aprendizagem


XII


Este punhado de “apanhados”


Transpunham as provas com pertinácia


Na dureza nunca mediam esforços


Deslumbrava a sua eficácia


XIII


Mas... confirmando a excepção à regra


A casmurrice... por defeito... era comum


Pelo que se perdia muito tempo


Para que nunca se zangasse nenhum


XIV


Na instrução a nível de equipas


P’ra combinar um plano de acção


Demorava mais um “acordo” final


Do que a sua total execução


XV


Quando as provas metiam bússola


Cada um o seu azimute tirava


E, discutia-se... - Quem está certo?


Qu’alegria se alguém concordava!


XVI


Na travessia do rio com barco


Cinco novas técnicas de remar


Era giro viajar em ziguezague


Duma margem p’ra outra... a agoniar


XVII


Era o “bonito”... nas encruzilhadas...


- Palpita-me que é em frente... vamos!


- À direita é que é o caminho!


- Não, é pela esquerda... sigamos!


XVIII


Quando um s’esgotava... propunha;


- Paremos aqui para descansar!


- Eu não estou cansado... mais adiante!


Enfim... só nos restava uma opção... votar!


XIX


Diz o direito... respeitar a maioria


Um por todos... todos por um lado


Mas... se uma minoria vinha a verificar;


«Vamos mal!». Estava o caldo entornado!


XX


No fim... debatiam-se os erros;


- Ó pá... somos teimosos como burros!


Prevalecia o bom senso e o humor


Objectivo: Missão cumprida... sem murros!




Além do explicável... da narração... das simples palavras...


Mesmo esmiuçando a mais pura das filosofias...


O indiscritível e fraterno “elo” da família RANGER....


É um subtil e sublime ”tabu”... só nosso... todos os dias!





Foto (Pôr do Sol - Serra das Meadas - Lamego): Bigotte de Almeida (2009). Direitos reservados.

1 comentário:

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Amigo MR como as coisas mudaram. No meu tempo nº 2ºcurso de 67 não havia equipas, havia parelhas eramos emparelhados dois a dois (termo cavalar) edepois lá íamos e se algum da parelha falhava pagavam os dois, como equipa e de cinco era melhor. As coisas evoluiram ainda bem.Mas o resto era igual, dureza e mais dureza. Então a semana de dureza 11, como eles lhe chamavam, era mesmo a doer. Mas eramos novos.
ERste fim de semana passei em Lamego, estive nos remedios, na pomte de Ucanh no Varosa e passou pela minha memoria todo o filme do que lá se passou, e ao olhar a torre de Stªa Cruz, vi-me a voar num slide até à parada, muitas recordações, as formaturas à 4 da manhã para receber o correio, o disco da PIAFF "Et maintenant", toda a noite na caserna, enfim.
Mas foi bom recordar.
Um abraço