sábado, 17 de setembro de 2011

M368 - RANGER Eduardo Lopes do 1º Curso de 1969 – A ida para a "aventura" e o regresso a casa... depois da Guerra


DESEMBARQUE EM LUANDA 
(Navio Império)

Foto do desembarque em Luanda. O momento sempre temido pela malta fardada. Aqui se iniciava a aventura guerreira de cada um... o tão odiado "salto para o desconhecido". Pode ver-se o ar apreensivo do pessoal e adivinhar-se os pensamentos do pessoal "Que sorte me esperará nestas longínquas terras de Angola?


O REGRESSO A CASA
(Navio Vera Cruz)
O regresso a casa era o momento mais desejado por todos os soldados. Uma ambição natural, pois não éramos militares de carreira! 

Éramos jovens como todos os outros que levavam uma vida normal e aos 21 anos de idade éramos chamados para ingressar nas Forças Armadas! 

Instruíam-nos em quartéis, nas artes da guerra e mandavam-nos para o Ultramar, em África, onde Portugal travava, em três frentes (Angola Guiné e Moçambique) uma guerra (guerrilha) contra os movimentos de libertação locais. 

Nós jovens, como é óbvio, o que queríamos era viver a vida como todos os outros jovens: estudar, trabalhar, conversar e conviver com os amigos, namorar, etc.
  
Como era belo o cais de Alcântara (Lisboa) quando desembarcamos!


23, 24, e mais meses, passados bem longe das famílias, amigos, esposas, filhos e namoradas... quantas saudades! Muitos meses de armas na mão, tiros, minas e armadilhas, de incerteza no futuro, de tensão e intranquilidade, de muita privação, dor, suor, lágrimas e sangue, de profundas marcas pelos nossos feridos e mortos em combate... paludismos, disenterias e outras doenças terríveis, muitas vezes resultantes da muito fraca alimentação, das rações de combate e da ingestão de águas impróprias para consumo...


No fim o orgulho de dever cumprido. Hoje por tantos pseudo-portugueses odiado. 


O último desfile perante o comando do batalhão que nos assim se despedia de nós.

Dizemos: "Hoje por tantos pseudo-portugueses odiado." Principalmente por burrice ou subserviência de carácter eminentemente político-partidária, muitos ex-Combatentes gostam de fingir ou passar por "calimeros" e coitadinhos da guerra.

É claro que há muitos homens a sofrerem de stress pós-traumático de guerra e muitas centenas, infelizmente, ficaram estropiados fisicamente!

Mas, também há os oportunistas e golpistas que procuram por baixos truques e manhas muito mal disfarçadas, angariar o estatuto de deficientes das Forças Armadas.  

Para mal dos que sofrem verdadeiramente, pois são confundidos com a fauna acima descrita.

Fotografias: © Eduardo Lopes (2011). Direitos reservados.

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