O VALOR E VALENTIA DO SOLDADO PORTUGUÊS
Guerra do Ultramar
Guiné - 1963 a 1974
Amigos e Camaradas RANGERS, nas mensagens M284 e M287 tem-se vindo a abordar uma matéria, que diz respeito ao Valor e Valentia do soldado português, e que muitos portugueses, por incrível que pareça, nem sequer sabem, ou querem (o que é mais grave e criminoso) valorizar.
Os motivos para este tratamento tão infeliz como cobarde (com cheiro a traição aos visados, que, tal como nós, se bateram o melhor que puderam e souberam e ao bom nome de Portugal), são diversos, mas o pior de todos, na minha opinião pessoal, é o que serve apenas e meramente interesses partidário-políticos.
Hoje vamos falar dos nossos amigos militares não RANGERS, mas não menos soldados e guerreiros que nós.
Um dos meus Amigos e Camaradas-de-armas, chama-se Manuel Maia (MM) - foto da direita -, e foi Furriel Miliciano Atirador de Infantaria, tendo cumprido a sua comissão na Guerra do Ultramar na 2.ª Companhia de Caçadores 4610/72, enfiado em autênticos buracos na Guiné (Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine), entre 1972 e 1974.
Hoje vamos falar dos nossos amigos militares não RANGERS, mas não menos soldados e guerreiros que nós.
Um dos meus Amigos e Camaradas-de-armas, chama-se Manuel Maia (MM) - foto da direita -, e foi Furriel Miliciano Atirador de Infantaria, tendo cumprido a sua comissão na Guerra do Ultramar na 2.ª Companhia de Caçadores 4610/72, enfiado em autênticos buracos na Guiné (Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine), entre 1972 e 1974.
Não foi RANGER, nem recebeu instrução mais adequada para enfrentar uma guerra cruel, traiçoeira e sem regras como é a guerrilha no mato, como nós éramos submetidos intensamente no C.I.O.E., quase sempre sob fogo real, que, se mesmo assim, não se comparava com a realidade de se estar debaixo de fogo inimigo como é óbvio com objectivos mortais, já nos dava uma pequena ideia do que seria tal baptismo.
Esta insuficiente preparação só viria a ser ultrapassada ao longo da experiência adquirida já em plena acção no terreno, quase sempre debaixo de massivos estrondos das detonações e explosões das granadas inimigas, muitas vezes com consequências mutiladoras e mortíferas, que se mais não provocassem, pelo menos o tão temível, degradante, desgastante e fatal pós-stress traumático de guerra.
Stress este que se mantêm em muitos dos nossos soldados, ainda nos dias de hoje, e que só terminará, infelizmente, com as suas mortes físicas (pois psiquicamente já estão “mortos” há muito).
Por tudo o que acabei de dizer, creio bem que aqueles Homens a quem distribuíam uma G3 e eram enviados para a guerra sem a melhor preparação, desculpem-me os meus amigos e valorosos RANGERS, assumem para mim um VALOR fraterno e acrescido.
Se dúvidas restarem do que acabei de narrar, observem atenta e pormenorizadamente as fotos que o Manuel Maia me autorizou a publicar, abaixo, e avaliem bem as condições em que uma boa arte dos nossos militares eram colocados e eram designados, superior, pomposa e requintadamente por aquartelamentos.
Meses e meses a fio, chegando a passar os 24 meses.
Além dos inimigos do P.A.I.G.C. (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), combatia-se as doenças, a humidade e a lama no tempo das grandes chuvas, o pó no tempo quente africano, as bolanhas (zonas lodosas), as péssimas instalações em que tínhamos que sobreviver e combater, as cobras, os mosquitos (que além das incómodas picadas, transmitiam o paludismo ou malária) e até as formigas nos eram hostis.
Segundo as palavras do próprio Manuel Maia, sobre a sua experiência em Cafal Balanta:
"Estávamos todos disseminados pelas covas/túmulos, como aliás seria óbvio, e às quais o "homem do monóculo" mandou retirar os troncos de palmeira, as chapas de bidão espalmadas e a terra, alegando que se nos sentíssemos seguros não saíamos para defender a posição, permitindo nas coberturas apenas folhas e panos de tenda...
O facto dos graduados não se encontrarem juntos era para evitar que, se acaso caísse uma "ameixa" onde se encontrassem, não se perdesse duma assentada o comando... e se hipoteticamente isso acontecesse, "ab" e todos os heróis, perdidos nos "matagais" de Bissau, não aceitariam ir viver para aquele "bem bom" onde nos encontrávamos, habituados que estavam às "dificuldades" de Bissau, aí sim, verdadeiros buracos."
O labirinto das trincheiras e a preparação de um buraco, para construir o futuro "quarto" para dois furriéis milicianos
O formidável "quarto" de dois sargentos - furriéis milicianos -, cavado no chão e coberto apenas de folhas e panos de tendas, visto do lado de fora, digno do Robinson Crusoé, o desconforto e a improvisação são notáveis nesta foto
O "quarto" dos furriéis - visto por dentro - São evidentes o desconforto e a improvisação
A lguns momentos de lazer à volta de uma mesa, onde se jogavam umas cartas, se comiam as refeções e, quando havia alguma peça de caça, se petiscava
Os bidões que levavam o vinho, azeite e óleo, para o aquartelamento, serviam depois de vazios para outras utilizações. Na foto, vêm-se bidões que serviam para depósitos de água. Quase todos os materiais disponíveis eram reaproveitados para cobertos, abrigos e outras protecções
Ao fundo pode ver-se uma instalação chapeada em cima e nos lados, com restos de bidões que foram cortados e endireitados, e tapados com colmo
Quando as fardas se acabavam, iam para lavar, ou o calor derretia tudo e todos aqui está como um homem se desenrascava
Para ver as primeiras mensagens sobre esta matéria, siga as indicações:
20 de Novembro de 2010 > M284 – Os soldados portugueses em África, na Guerra do Ultramar (1), pelo RANGER António Barbosa
4 de Dezembro de 2010 > M287 – Os soldados portugueses em África, na Guerra do Ultramar (2), pelo RANGER António Barbosa (2)
20 de Novembro de 2010 > M284 – Os soldados portugueses em África, na Guerra do Ultramar (1), pelo RANGER António Barbosa
1 comentário:
olá amigos e camaradas eu gostaria de saber quem eram esses rangrs t,es melícias e outros e eu como soldado condutor nunca ouvi falar fuzileiros tinha os boinas verdes que eram os paraquedistas e muito poucos eles em angola nada mais eram do que atiradores comuns e eu soldado condutor cansei de levar eles em operações e nada de melhor eu via fazer,fuzileiro sim estes ficavam a 200 metros do inimigo que era o rio zaire de um lado era português e do outro era o ex-congo belga e apenas 13 ou 14 homens além disso ele combatiam nas matas esses sim foram na minha opinião os que mais sofreram eu não fui fuzileiro mas via o resto era tudo igual cada um se defendia como podia e todos fizeram o máximo pela pátria coisa que a pátria não fez por nós mas ai já a outra coisa e feliz natal a todos eu servi em angola de 1965 a 1967.
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