RANGER Paiva Fernandes
4º curso de 1972
Comandante do G.E. (Grupo Especial) 205
O RANGER Paiva Fernandes concluiu o 4º curso de 1972, e seguiu para o Centro de Instrução de Grupos Especiais (C.I.G.E), no Dondo em Moçambique, onde frequentou a especialidade de GE – Grupos Especiais (ver mensagens M55, M56 e M57).
RANGER e GE, cumpriu a sua comissão militar naquele território, como comandante do Grupo Especial 205 (G.E.205) - 1973-1974 -, como Alferes Miliciano.
As operações em que actuou como operacional com o seu aguerrido, eficaz e temível GE, de que se recorda melhor, foram as que se realizaram poucos dias antes do 25 Abril de 1974, pois ocorreram em zonas que o IN (inimigo) – a FRELIMO -, dizia libertadas e onde há muito não havia actuação das NT – Nossas Tropas.
As operações para enfraquecer e se possível eliminar a resistência do inimigo, eram sempre designadas por nomes de código e o Piava Fernandes lembra-se das “Operação Besugo 4” e “Operação Pração”.
Os efectivos empregues nessas missões de alto risco, comandados pelo Paiva Fernandes, foram 2 Grupos Especiais (com cerca de 120 homens): GEs 205 e 210.
1. A operação Besugo 4 foi realizada entre NANGADE e DIACA, sendo o objectivo principal assaltar uma base inimiga designada por acampamento “Magaia” (3942,5:1126), iniciou-se em 27MAR1974, pelas 05H00 e teve a duração de 4 dias.
Durante a acção foram capturadas 2 armas Steyer, destruídas várias infra-estruturas e capturados vários elementos IN. A partir do segundo dia de operação, as NT foram por várias vezes fustigadas com intenso fogo IN nomeadamente com fogo de granadas de Morteiro, RPG, Canhão s/Recuo, além das habituais armas ligeiras (AK-47, Simonov, PPSH, etc.).
2. A Operação Pração foi realizada pelos GE205 e GE210, entre DIACA e NANGADE, iniciaram-se em 10ABR1974, pelas 05H00 e tiveram a duração de 4 dias.
Também recorda que durante uma operação na região do lago Bohé (3958.1117), houve um reencontro com um grupo IN, tendo as NT abatido 1 guerrilheiro e capturado a sua arma - 1 espingarda Simonov.
Na região de Cassimo (3954.114), foram as NT emboscadas com forte fogo IN, proveniente de armas pesadas, tendo o nosso pessoal, nas respectivas reacções, destruído as instalações utilizadas pelos guerrilheiros IN e capturado diversos elementos IN.
Outra operação do G.E.205, foi a operação “Remela”, realizada para a região de coordenadas (3946.1115) e (3943.1112). Iniciou-se em 13SET1973 pelas 05H00 e, durante os combates, as NT causaram 3 mortos confirmados ao IN e capturaram 2 espingardas Kalashnikov.
Ainda se lembra que se encontrava com o G.E. 205 numa operação na Mutamba dos Macondes, no dia 25 Abril de 1974, tendo a curiosidade de nessa operação seguirem comnosco 2 jornalistas italianos repórteres de guerra, que também já tinham acompanhado em reportagem as forças americanas no Vietname e relembra o seu elogio ao ritmo de progressão que os GEs revelavam no mato.
Notas do editor:
É obrigação patriótica e nacionalista (políticas fora - ter amor à Pátria), que se transmita fiel e inequivocamente às novas gerações (pós-25 de Abril), dado o latente desprezo e ostracismo a que, os sucessivos governos de Portugal têm votado os seus ex-Combatentes da Guerra do Ultramar, a exaltação sempre que nos for possível, de que há MILHARES deles (os que não fugiram) que, quer tenham estado na rectaguarda das hostilidades, assegurando os indispensáveis fornecimentos de equipamentos, materiais, armas, munições, correio, alimentos, etc., quer tenham participado nos combates mais sangrentos e mortíferos, sentem DESMEDIDO ORGULHO em terem sido COMBATENTES POR PORTUGAL.
Que, também, JAMAIS renegarão a sua condição de portugueses e de terem contribuído com tudo o que sabiam e podiam, muitas vezes até com o que não podiam, para cumprir o que foi designado pelo poder político então vigente, como um imperativo nacional: DEFENDER TERRAS DE PORTUGAL ALÉM-MAR.
A Guerra do Ultramar Português não foi uma invenção, ou um qualquer jogo de play-station de Salazar e Caetano, era um legado ancestral e histórico, fruto de muio suor, sangue e lágrimas de outros portugueses ousados e aventureiros, que às suas longínquas épocas descobriram e conquistram Além-Mar, pedaços de terra em África e um pouco por todo o mundo, tornando então a par com outros países do globo Portugal, numa das maiores potências mundiais, em quase todas as áreas de decisão.
Portugal era então olhado com respeito e admiração por muitos países e considerado um parceiro ao mais alto nível, para todas as políticas europeias.
É claro que também tínhamos países inimigos e alguns que dizendo-se amigos, tramavam-nos sempre que podiam, quer na ONU, quer em outras organizações internacionais.