O Senhor Comandante do CTOE - Centro de Tropas de Operações Especiais -, Coronel de Infantaria Diogo Sepúlveda Velloso, em entrevista ao Jornal de Lamego pelo 50º aniversário da Unidade, com a devida vénia e agradecimento.
Cinquenta anos após a sua criação, o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), em Lamego, continua a atrair muitos jovens que sonham pertencer a esta unidade de elite, mas muitos são também aqueles que acabam por desistir.
Numa entrevista à agência Lusa a propósito do 50º aniversário do CTOE, o seu comandante, coronel de infantaria Diogo Sepúlveda Velloso, mostrou-se convicto de que ‘é muito fácil ser das Operações Especiais, basta querer’.
Isto porque, explicou, além da capacidade física, são necessárias ‘uma capacidade de discernimento e uma força de vontade que permitam ultrapassar as dificuldades da formação e depois do treino operacional’.
Muitos não as têm e, por isso, ainda que o CTOE reúna ‘um capital de voluntários bastante elevado’, tem também um grande número de desistências.
‘Hoje a juventude não encaixa bem no perfil dos desafios, da vontade e do ultrapassar. Há um facilitismo quase militante na sociedade ocidental e essa é a grande dificuldade e o grande problema dos jovens’, considerou.
Na opinião de Sepúlveda Velloso, os jovens ‘quando enfrentam rigor, disciplina’ demonstram dificuldades em perceber ‘o que é o altruísmo, a entrega gratuita a um bem comum e a um objectivo comum da eficácia de um grupo’.
‘Vê-se que as pessoas vivem isoladas e têm muita dificuldade em ultrapassar a barreira do individual para o colectivo’, contou, acrescentando que isso leva a muitas desistências, nomeadamente logo nos primeiros períodos, em que a formação é idêntica em todo o Exército.
Segundo o comandante do CTOE, os jovens desistem ‘por coisas tão simples como terem horários, estar frio, porque a namorada ligou’ ou mesmo por terem de andar vestidos todos da mesma forma.
No ano passado, por exemplo, cerca de 600 jovens manifestaram vontade de integrar as Operações Especiais mas depois aparecerem pouco mais de cem à porta do quartel.
‘Desses, eu diria que dos que vieram da vida civil chegam ao final e serão graduados em Operações Especiais cerca de 40′, estimou.
Os que conseguem enfrentar as dificuldades iniciais, têm depois em Lamego uma vida ‘longa e preenchida’, garante Sepúlveda Velloso.
Isto porque a unidade faz por ano, em média, um total de 23 exercícios, 15 dos quais na área da formação e mais oito de dimensão nacional ou internacional.
O responsável explicou que o CTOE está ‘em estado de prontidão para interesses nacionais relativamente elevado’ e tem vindo a integrar todas as NATO Response Force (NRF) desde a sua origem.
Explicou que, neste momento, a unidade de Lamego tem vários militares espalhados pelo mundo, nomeadamente um na componente de Operações Especiais do Afeganistão, uma equipa sniper junto da Quick Reaction Force que foi para o Afeganistão com os Comandos e o destacamento de Operações Especiais junto da força que está no Kosovo.
O CTOE participa também em missões de cooperação técnico-militar em Moçambique, no Centro de Formação das Forças Especiais, e no projecto dos Comandos da Brigada de Forças Especiais de Angola, acrescentou.
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