sábado, 10 de novembro de 2012

M553 - Prece de um Combatente. Um livro de Manuel Luís Rodrigues de Sousa

Prece de um Combatente
Um livro de:   
Manuel Luís Rodrigues de Sousa 

2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512

Jumbembém (Farim-Guiné)
1972-1974

Mais um excelente livro sobre o conflito na Guiné, no decorrer da Guerra do Ultramar, de que damos aqui conta através de um trabalho do seu autor Manuel Sousa (Folgares – Vila Flor), que nos foi enviado por e-mail com fotos resultantes de pesquisa na internet. 

Ganturé 




Localização física


 Aquartelamento de Ganturé, situado na margem Norte do rio Cacheu (época da seca)
Descrição do aquartelamento de Ganturé 


Aspecto do cais de Ganturé 

Em cima: Aquartelamento de Barro 





Aspecto do quartel de Bigene 

Aspecto do Rio Cacheu, mil vezes cruzado pela tropa portuguesa



(Segue-se um excerto do livro “PRECE DE UM COMBATENTE – Nos Trilhos e Trincheiras da Guerra Colonial”) 


Sobre a minha experiência como combatente em campanha na Guiné, em Farim, Jumbembém, de 1972 a 1974, acabei de escrever e publicar este livro que mostro aqui ao lado, que, aliás, já alguns de vós conheceis. 

Todo o seu conteúdo tem como palco a zona de Farim (Jumbembém, Canjambari, Cuntima, Binta, Guidage) e, no final, faz referência a Ganturé, local por onde o meu pelotão passou nos últimos dois meses, em substituição dos fuzileiros, de Junho a Agosto de 1974, além de já ali ter pernoitado em Fevereiro desse mesmo ano, à passagem na minha deslocação naval pelo rio Cacheu de regresso de férias de Bissau, com destino a Farim, cuja descrição também é feita no mesmo livro.


Assim, hoje, aproveitando a oportunidade que a Internet nos dá de acedermos a fotografias de camaradas publicadas em diversos blogues, um banco de informação histórica, neste caso de fotografias, que nos proporciona, com um simples “clic”, acedermos a uma infinidade delas além das que possuímos no nosso álbum, decidi fazer um simples “postal”, alusivo ao DFE (Destacamento de Fuzileiros Especiais) de Ganturé), onde, como disse, passei os dois últimos meses da comissão. 

“Postal” esse ilustrado com uma música do Conjunto Típico Armindo Campos, “Adeus Guiné”, que estais a ouvir em fundo, cujo fonograma foi editado no contexto da guerra colonial, particularmente da Guiné. 

Para quem já leu o meu livro, a que acima fiz referência, já conhece o conceito em que eu tenho as tropas especiais de então, pára-quedistas, Comandos e, neste caso, os fuzileiros. 

Para quem não o leu, deixo aqui um excerto do livro (pág. 158 a 162 do livro) em que traço um paralelo entre a missão das mesmas tropas especiais e as forças normais do Exército, onde destaco precisamente a postura em campanha dos fuzileiros:


“… As tropas especiais das Forças Armadas Portuguesas, Fuzileiros, Comandos e Pára-quedistas, principalmente estas duas últimas forças, já que os fuzileiros da Marinha estavam distribuídos por destacamentos dispersos pela Guiné, no patrulhamento de rios e não só, eram forças de reserva e de intervenção. 

Estavam aquarteladas em Bissau, bem instaladas, bem alimentadas — a própria ração de combate era substancialmente melhor do que a que era distribuída no Exército —, com espírito de grupo coeso, por isso de moral em alta…” 


“… Bem treinadas e fortemente armadas, estavam vocacionadas para intervenções de assalto em operações pontuais programadas. 

Normalmente aerotransportadas até próximo dos objectivos, reduzindo ao mínimo o esforço físico nas deslocações, o que lhes dava a vantagem da surpresa sobre o inimigo, determinante para o sucesso das suas investidas em zonas controladas pelo PAIGC, no caso da Guiné, regressando de seguida ao conforto dos seus quartéis em Bissau. 

Ao invés, o Exército, a chamada, com alguma sobranceria, “tropa macaca”, era uma força de quadrícula, vocacionada para a defesa de determinada área geográfica circundante a pequenos quartéis instalados no interior profundo do território, como era o caso de Jumbembém”... 

“… O seu isolamento com a permanência constante no local e a condição de se deslocarem obrigatoriamente pelas picadas de acesso em colunas de reabastecimento, tornavam as suas forças vulneráveis a serem surpreendidas por emboscadas, colocação de minas e ataques aos quartéis por parte do PAIGC, com o consequente desgaste físico e psicológico dos seus militares que isso implicava...”


“… Dessas três forças especiais, destaco a postura dos fuzileiros da Marinha na progressão pela mata, ao longo da picada, em direcção a Guidage, cuja imagem ainda tenho bem presente: 

Militares de compleição física robusta, alguns deles já com mais de uma comissão, com experiência de guerra, de barba grande, de barriga proeminente, de bota de cabedal de cano alto, de boina preta, armados de metralhadoras MG com longas fitas de munições em volta do corpo, com aspecto tipo “rambo”.


Comparáveis a um “motard” de hoje, com a diferença de que o “motard” usa moto e capacete e esses fuzileiros usavam metralhadora e boina preta...” 

“… Inspiravam, de facto, segurança e, com aquela postura, transmitiam às restantes forças envolvidas, de que eu fazia parte, ânimo e autoconfiança perante as circunstâncias.” 

Bravos Fuzileiros!!!! 

Mais informação procurar no Google > Prece de um Combatente (sítio do livro) 
Fotos: Pesquisadas na internet. 
Formatação: Manuel Sousa (Folgares – Vila Flor)


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