AS
ÚLTIMAS DA DEFESA: MALDADE E VILANIA 01/06/12
Após mais um golpe
de estado na Guiné-Bissau, consequência de, num determinado período histórico,
se ter teimado em querer atribuir independência política a aglomerados de povos
cujo estádio de desenvolvimento se situava na alta Idade-Média, quiçá no
Neolítico, querendo força-los, ainda, a viverem em sistemas políticos que lhes
eram, e são, de todo estranhos, o Governo Português entendeu dar um ar da sua
graça.
Emendando a mão da
penúltima intervenção em que, negligentemente, se atrasou o envio de uma força
militar, fazendo-se avançar para uma zona de combate um navio mercante (o
“Ponta de Sagres”), completamente desprotegido, o governo mandou zarpar uma
pequena “força expedicionária” (mantendo forças de reserva), para as
proximidades daquele estado-falhado – a caminhar rápido para ser um narco -
estado – a fim de garantir qualquer intervenção que o “interesse nacional”
requeresse, e tal não tem que confinar-se à evacuação de nacionais.
Não parece que o
Governo, neste âmbito, tenha andado mal, não só pela pertinência da decisão,
que o grau de ameaça justificava como, também, pelas forças envolvidas e pela
discrição havida.
Esgrimiram-se, de
seguida, argumentos e acções diplomáticas, não tendo a posição de Lisboa obtido
sucesso até agora, salvo em que não houve a lamentar a morte de nenhum opositor
político em presença.
Estando a situação estabilizada – melhor dizendo, em paz podre – entendeu-se mandar recolher as tropas a quarteis. Tinham-se passado algumas semanas.
Estando a situação estabilizada – melhor dizendo, em paz podre – entendeu-se mandar recolher as tropas a quarteis. Tinham-se passado algumas semanas.
Entretanto a
posição portuguesa, após alguns rugidos de leão, não conseguiu aliados que lhe
dessem vencimento, sendo completamente ultrapassada pela Comunidade dos Estados
da África Ocidental (CEDEAO), de inspiração francesa.
Veio ao de cima,
mais uma vez, a menoridade política em que a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) se encontra e ficará, enquanto o conjunto das forças
partidárias nacionais andarem enfeudadas à União Europeia.
Veremos o que a
diplomacia ainda consegue fazer, agora que o assunto deixou de ser notícia.
O mais inusitado
estava, porém, para acontecer.
Tendo as Forças
Armadas, mais uma vez, respondido com reconhecida rapidez e operacionalidade,
apesar dos cada vez menos recursos existentes, o governo veio afirmar que não
haverá reforço de verbas para fazer face a esta operação – que o Poder Político
determinou: ou seja não paga.
Não lhe querendo
chamar vilania, esta atitude, pouco séria, configura no mínimo uma maldade.
Os orçamentos
militares estão, há muito, abaixo de todos os mínimos e, mesmo os letrados
apenas com a actual 4ª classe entendem, que uma operação destas nunca poderia
estar orçamentada. É certo que alguns gastos existiriam se a operação não se
efectuasse, mas o grosso dos custos não entra nesta equação.
Dado que, desta
feita, o Governo não se pode desculpar com a “Troika” – mesmo que lhe tivessem
ido pedir autorização (sim, já acredito em tudo!), não o iriam admitir
publicamente – pura e simplesmente não se desculpou. Disse, faz e pronto.
Também para quem é, bacalhau basta!
Os chefes
militares, mais uma vez encaixam e cara alegre. Que podem eles fazer?
Qualquer governo,
melhor dizendo, qualquer Estado que se preze tem, resguardado, um fundo de
emergência para fazer face a coisas destas - parece que, na actualidade só
existe para o BPN e quejandos.
Acontece que nós já estamos viver a realidade
do estado exíguo que o Professor Adriano Moreira vem alertando há bastos anos e
parece que todos achamos isso a coisa mais natural do mundo.
Da próxima vez que
for necessário montar uma operação semelhante como reagirão os militares? Pedem
o dinheiro à cabeça? Não avançam sem garantias formais de que o dinheiro
aparece? Assumem que não têm meios? Ou, simplesmente, deixam-se esgotar
devagarinho?
A “Força” voltou e
mais uma missão se cumpriu. Tudo bem, aliás, não há dinheiro a menos o que pode
haver é missão a mais…
Voltaram, todavia,
para tomar conhecimento que 13.000 dos seus camaradas na reforma (e viúvas),
deixaram de receber o complemento de reforma pago por um fundo para onde estes descontaram
(e se continua a descontar).
Neste âmbito,
porém, já não estamos propriamente, no campo das maldades; é mesmo uma vilania.
Devem ter ficado
confortados.
João
J. Brandão Ferreira
TCorPilAv. (Ref.)
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